Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/08/2001 - 19h27

Racionamento em 2002 pode ser de 5% sem aumento de chuva

Publicidade

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

O "ministro do apagão", Pedro Parente, disse nesta segunda-feira que o governo trabalha com a possibilidade de haver racionamento de energia elétrica de 5% durante todo o ano que vem, caso a condição hidrológica no país permaneça crítica como neste ano.

O racionamento seria, segundo Parente, estendido para além do período de estiagem. O ministro, que estava em Recife, também não especificou se os 5% seriam para todas as categorias de consumidores, ou uma média para o governo trabalhar.

Segundo Parente, esse percentual já leva em conta um possível aumento do consumo de 30% em relação a demanda de 2001, ou seja, um ano com o racionamento. Segundo ele, os estudos que definirão essa possibilidade terão início no final do ano levando em conta o nível dos reservatórios e as previsões meteorológicas.

O ministro confirmou também que o fim do atual programa de contenção de consumo será regionalizado e feito de forma progressiva. Os percentuais de economia vão cair gradativamente e em índices diferentes nos Estados, dependendo do volume de água acumulado nos reservatórios das hidrelétricas.

Se o atual quadro se mantiver, o Nordeste será a último a ser beneficiado. Além da situação crítica dos reservatórios, o percentual de redução de consumo na semana encerrada domingo passado caiu para 19,2% na região.

No Sudeste e Centro-Oeste, afirmou Parente, a economia foi de 20,2% no período. "Houve uma inversão entre as regiões", afirmou. "Peço aos nordestinos que, por favor, não relaxem."

O ministro disse que o governo não vai recuar na decisão de cortar a energia dos consumidores que não cumpriram as metas de redução nos dois primeiros meses do racionamento, apesar das dificuldades das distribuidoras em realizar a operação.

"Nesse caso não se trata de economizar energia com os cortes, mas de uma questão de justiça", afirmou. "É lamentável que se chegue a esse ponto, mas não vamos recuar", declarou.

Parente voltou a confirmar também que a implantação do plano B está descartada pelo menos até o dia 15 de setembro no Nordeste e até o dia 30 nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Em Recife, onde o "ministério do apagão" se reuniu hoje, Parente anunciou três novas resoluções. Uma delas, flexibiliza a meta de economia das empresas sazonais, como as que trabalham com agricultura.

Segundo Parente, essas empresas, em vez de três meses, poderão cumprir a meta em seis meses. A adaptação, disse, não implicará em consumo maior de energia. "Dessa forma elas poderão gastar mais em um mês e compensar em outro", disse.

Outra medida anunciada foi a mudança nas regras de operação da usina hidrelétrica de Sobradinho, localizada no rio São Francisco, na divisa dos Estados da Bahia e Pernambuco.

A vazão na hidrelétrica será reduzida de 1.300 metros cúbicos para 1.000 metros cúbicos de água, com uma margem de tolerância de 5% para mais ou para menos. Cada metro cúbico de água equivale a mil litros.

A decisão vai provocar impacto nos projetos de agricultura irrigada que utilizam o rio São Francisco. Na tentativa de minimizar os problemas, o "ministério" autorizou a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) e a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco) a "adotar as medidas necessárias" para o setor.

A terceira resolução anunciada hoje foi a aprovação da construção de duas novas termelétricas no Nordeste, uma no bairro do Bongi, em Recife (PE), e outra em Camaçari, na Bahia.

As usinas, que vão gerar respectivamente 150 MW e 350 MW, entrarão em operação a partir do segundo semestre do próximo ano. O investimento previsto é de R$ 300 milhões.

Até o final de setembro, disse Parente, o governo vai definir a construção de mais "duas ou três" termelétricas no Nordeste. A meta, afirmou, é ampliar a geração de energia em mais de 2.000 kW na região até 2003.


Leia mais no especial sobre Crise Energética
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página