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28/08/2001 - 09h03

Fim da 'maquiagem' em produtos deve elevar preços

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ADRIANA MATTOS
da

O consumidor deve ser obrigado a pagar pela ''maquiagem'' de produtos que algumas indústrias fizeram neste ano. As empresas alegam que foram obrigadas a alterar os produtos por causa da forte pressão em seus custos e pela concorrência. E que, se tiverem que fabricar produtos com o mesmo conteúdo do passado, podem ter de repassar o aumento nos custos, que estariam represados há meses, aos consumidores.

Neste mês, o governo começou a questionar vários setores a respeito das denúncias de alteração nos pesos de alguns produtos sem redução proporcional nos preços. Companhias investigadas já afirmam que voltaram a fabricar as linhas com o peso antigo. Mas essa decisão implica também aumento nos custos.

Os supermercados já esperam por novos aumentos. ''Algumas indústrias dizem que operam com margem muito estreita. E se elas voltarem a produzir itens com peso antigo e forem obrigadas a investir nas linhas por causa dessa mudança, podemos então esperar por reajustes'', diz Andrei Nogueira, diretor das redes de supermercado Epa, a segunda maior de Minas Gerais.

''Pode ter certeza de que as empresas terão prejuízo com essa operação. O problema é que elas já trabalham com margem estreitíssima. Agora, cada uma vai decidir se repassa ou não essa pressão toda", afirma Cid Maraia de Almeida, presidente da Anib (Associação Nacional das Indústrias de Biscoito).

A Abia, que representa as indústrias alimentícias, não acredita que o consumidor pagará a conta. "Não há espaço para reajuste agora", disse ontem Edmundo Klotz, presidente da entidade.

As empresas de biscoito e papel higiênico já levantaram a questão. Mudanças nos produtos não saem de graça: implicam alterações na linha de produção, com compra ou adaptação de maquinários, além dos gastos com campanhas de esclarecimento e a compra de novos insumos para a produção das linhas de itens com o peso antigo. A Abia diz que eventuais alterações no peso não exigem muitos recursos.

Segundo a Seven Boys, os gastos são razoáveis. ''Você tem dezenas de fôrmas para bolos que custam R$ 98 cada e seria preciso alterar tudo. A mudança é complicada'', diz Humberto Pozolini, gerente regional da empresa, que conseguiu uma medida cautelar do Procon excluindo-a do grupo de companhias investigadas.

Ontem, as empresas de embalagens e de plásticos, que fornecem material para esses dois setores, se reuniram com representantes do governo, em São Paulo. O objetivo do encontro era esclarecer por que elevaram tanto seus preços e repassaram os aumentos para as empresas de alimentos e higiene.

Ou seja, dias após o governo ter começado a esclarecer a razão da ''maquiagem'' de produtos, em encontros fechados com vários setores, será preciso arbitrar uma guerra de preços entre fornecedores e indústrias para controlar eventuais reajustes de preço.

''Nós viemos dizer ao governo que estamos sendo pressionados pela Petrobras, que aumentou o preço da nafta em 76% em 12 meses, mas que não repassamos nada para nossos clientes como Nestlé e Danone'', disse Synésio da Costa, presidente da Associação das Empresas de Embalagens Flexíveis. Nestlé e Danone estão na lista dos 24 grupos que reduziram o peso de seus produtos.

Os supermercados devem começar a ser multados nesta semana se não colocarem propagandas nas gôndolas informando o consumidor quais os produtos que tiveram alteração no peso.

 

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