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23/09/2001 - 08h54

Terrorismo adia retomada dos EUA

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FERNANDO RODRIGUES
enviado da Folha de S.Paulo, a Nova York

Especialistas em mercado e economistas ouvidos pela Folha na última semana sugerem haver um quase consenso a respeito de pelo menos um efeito prático dos atentados terroristas do último dia 11: a retomada do crescimento, que muitos acreditavam poderia se dar até no início de 2002, deve ser atrasada em alguns meses.

É como se todas as decisões ficassem em suspenso por algum tempo. Depois que houver possibilidade mínima de previsão, tudo volta ao normal. Mas alguns meses ficarão perdidos para a economia.

O próprio presidente do Federal Reserve (o BC dos EUA), Alan Greenspan, reconheceu o "efeito significativo" dos ataques sobre a economia em um depoimento no Senado na última quinta-feira.

"É natural que todos segurem as decisões agora. Isso vai atrasar a retomada. Mas depois também poderemos ter uma saída mais forte da recessão", diz o presidente da Merrill Lynch para América Latina e Canadá, Jeff Hughes.

"Há um consenso sobre a freada. É possível que daqui a seis meses as coisas retomem o seu curso natural", diz Jair Ribeiro, diretor-executivo do JP Morgan Chase em Nova York.

"Em geral, agora, todos estão mais pessimistas. Não há dúvida de que haverá um atraso de alguns meses até que todos tenham condições de entender o que está se passando", diz o diretor-executivo do banco ABN-Amro Arturo Porzecanski.

Na realidade, segundo a Folha ouviu no mercado financeiro, os atentados do dia 11 serviram também como uma desculpa para que fosse colocado um freio de arrumação nos preços das ações por causa do período recessivo atual. Isso causou a maior queda da Bolsa de Valores em Nova York em uma semana desde 1933. Na semana passada, o índice Dow Jones fechou em 8.235,81 pontos, acumulando uma queda de 14,3% em cinco dias.

Recessão oficial
A economia dos EUA entrará oficialmente em recessão neste final de 2001. Cresceu apenas 0,2% de abril a junho. A desaceleração é dada como certa em todos os institutos de análise econômica.

Uma pesquisa da Associação Nacional de Negócios Econômicos com 21 analistas mostra que o consenso é que haverá uma retração de 1,2% no terceiro trimestre e de 2,8% nó último trimestre.

A pesquisa foi realizada na véspera do ataque terrorista, portanto não captou os efeitos desse evento. Mesmo assim, a média dos pesquisados revelou que a retomada do crescimento tende a ser moderada e lenta em 2002. Só haveria crescimento mesmo depois de julho do ano que vem. Agora, é possível que esse tipo de previsão tenha de ser revista -para pior.

Muitas empresas aproveitaram a crise do terrorismo para fazer os ajustes que já estavam previstos. Só o setor aéreo demitiu 103.490 funcionários depois do dia 11. Outras demissões em massa incluem o setor de defesa e construção aeroespacial (30 mil demissões), financeiro (1.300), manufaturados (4.300) e tecnologia (5.450).

Para piorar as coisas, num momento em que o governo terá gastos extras com o setor militar, na sexta-feira foi divulgado que em agosto houve um déficit público de US$ 80 bilhões -valor gasto acima da arrecadação.

Foi o maior déficit público federal na história dos EUA, desde que a estatística começou, em 1968. A razão para o buraco, segundo o Departamento do Tesouro, foi a redução da atividade econômica, que gerou menos arrecadação.

Até agora, entretanto, há um superávit para o ano fiscal dos EUA, que termina em 30 de setembro. Nesta semana deve surgir o golpe fatal nos mercados, pois será divulgado na terça-feira um dos dados mais relevantes sobre o estado da economia: o nível de confiança do consumidor.

Dois terços do PIB dos EUA vêm do consumo. Houve queda na confiança dos consumidores em julho e agosto. A pesquisa de terça-feira já captará a reação da população pós-atentados.

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA

Leia mais sobre os reflexos do terrorismo na economia
 

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