Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
09/01/2002 - 08h00

BC argentino vai intervir no dólar

Publicidade

FABRICIO VIEIRA
JOSÉ ALAN DIAS
da Folha de S.Paulo

Mesmo com suas reservas de dólares no chão, o governo argentino está disposto a intervir no mercado de câmbio a fim de conter uma desvalorização descontrolada do peso em relação à moeda norte-americana, quando terminar o feriado cambial. Resta saber quando os negócios vão voltar ao normal: o governo anunciou na noite de ontem que hoje também seria feriado bancário.

Segundo a Folha apurou, o governo trabalha com um teto informal de 1,60 peso por dólar. Se o limite for ameaçado, o Banco Central venderá dólares para conter a alta. O temor das autoridades argentinas é o reflexo inflacionário da baixa do peso. O governo também deve proibir a compra de dólares com cheques ou cartões de crédito como forma de diminuir a demanda e a pressão adicional sobre o preço do dólar.

A estimativa do banco de investimentos JP Morgan não é nada animadora para a administração de Eduardo Duhalde. No fim do ano, o banco prevê que serão necessários 2,70 pesos para comprar US$ 1. Isso significa uma valorização de 93% do dólar diante do peso no período.

Para justificar prognóstico tão negativo, o JP Morgan avalia em seu informe que uma população que já sofreu no passado com a hiperinflação não estará disposta a ter pesos desvalorizados em seu poder. A referência é à explosão inflacionária nos últimos meses do governo de Raúl Alfonsín (1983-1989), quando a inflação chegou a 200% ao mês.

O secretário geral da Presidência, Aníbal Fernández, afirmou ontem que o governo "vai monitorar muito de perto' a demanda por dólares na Argentina.

As reservas internacionais estavam no último dia 3 em US$ 19,8 bilhões. O governo estaria disposto a gastar até US$ 2 bilhões para conter a desvalorização.
Intervir no câmbio para conter a alta do dólar é uma prática comum no Brasil. No ano passado, a partir de julho, o governo irrigou o mercado com uma 'ração diária'' de US$ 50 milhões -depois de receber empréstimo do FMI.

Mas essa disputa com o mercado nem sempre tem bons resultados. Em 1999, pouco antes de adotar o regime de livre flutuação cambial, o Brasil tentou controlar a desvalorização do real com a implantação de um novo sistema de banda cambial (com um teto para a depreciação). Em dois dias, o mercado colocou abaixo o sistema e o governo teve que liberar o câmbio. A Argentina pode arriscar-se a queimar suas parcas reservas com resultados duvidosos.

O trunfo do governo argentino reside no "corralito'', o congelamento de depósitos imposto por Domingo Cavallo e que o gabinete de Duhalde não se atreveu a revogar. Com menos pesos disponíveis, os argentinos não teriam como correr à procura de dólares. Outra esperança é de que avancem rapidamente as negociações com o FMI, que poderiam resultar em um empréstimo de até US$ 20 bilhões -e parte poderia reforçar as reservas.

O fim da conversibilidade traz de volta as mesas de câmbio, esquecidas na última década. Mais de 20 mesas já estão prontas nas corretoras de Buenos Aires para entrarem em funcionamento logo que terminar o feriado bancário.

'A grande dúvida é como vai reagir o preço do dólar quando for aberto o mercado. Devemos começar vendendo a moeda no preço que foi negociada nos últimos dias nas ruas', diz Daniel Kleiman, diretor de uma casa de câmbio na capital argentina. Nas ruas de Buenos Aires ontem era necessário entre 1,50 e 1,65 peso para comprar US$ 1. No início da tarde, os doleiros chegaram a pedir 1,80 peso para quem queria comprar dólares com cheques.

A adoção do dólar livre faz ressurgir um grupo de profissionais esquecidos na década de 90 no mercado argentino, os operadores de câmbio.

Leia mais no especial sobre Argentina
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página