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Presidente da Costa Rica diz que países ricos foram hipócritas sobre Doha
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RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília
O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, criticou duramente nesta quarta-feira a posição assumida pelos países ricos durante as negociações da Rodada Doha. Arias os chamou de "hipócritas" porque informam disposição para colaborar com os pobres, mas não abrem mão de suas posições, na tentativa de manter apenas vantagens comerciais.
"Lamentamos cada vez mais porque foi mais uma vez mais uma hipocrisia dos países ricos que dizem com seu coração 'queremos ajudar os países da África, da América Latina e da Ásia, mas atuam de maneira contrária", afirmou Arias, que concedeu entrevista ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Itamaraty.
Em seguida, o presidente de Costa Rica disse: "A verdade é que há, ao longo dos anos, ocorre uma grande hipocrisia quando os países ricos dizem que querem ajudar os países saírem da pobreza. Sem dúvida que o instrumento é o comércio não é outra coisa. A ajuda externa foi um instrumento durante a guerra fria."
Para Arias, há um "pecado original" na OMC (Organização Mundial do Comércio). que é a obrigação do consenso entre as partes, o que na sua opinião, é uma negação às lideranças autônomas de cada governo.
"O principal desenvolvimento para os países é um comércio cada vez mais livre. [Os países ricos] querem importar sem pagar impostos de artigos que vêm de outros países para que se consumam a um menor preço e querem exportar sem pagar impostos', afirmou o presidente da Costa Rica.
Fracasso
A nova reunião para discutir a Rodada Doha de liberalização do comércio mundial fracassou pela quinta vez nesta terça-feira. Foram nove dias de reuniões em Genebra (Suíça), com declarações que chegaram a sinalizar que um final feliz poderia estar próximo, até o diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, reconhecer mais um impasse.
Ministros de 35 países tentaram durante nove dias salvar a Rodada Doha, lançada no final de 2001 e que devia ser concluída em 2004. Ela, no entanto, esbarrou nos interesses contraditórios dos países exportadores agrícolas e dos países exportadores de produtos industrializados.
As negociações entraram em colapso definitivo nesta terça-feira, depois que EUA, Índia e China não conseguiram chegar a um acordo sobre tarifas de importação para o setor agrícola. Sem um acordo final, a União Européia (UE) não terá de oferecer maior abertura para seus mercados agrícolas para a produção dos países emergentes --estes, por sua vez, não terão de abrir seus mercados de produtos industriais e de serviços para as empresas dos países ricos.
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