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11/09/2002
-
08h42
da Folha de São Paulo
Seis meses após o fim do racionamento de energia, o país continua em ritmo de apagão. O consumo médio mensal de eletricidade no país, nos seis meses pós-racionamento, é 12% inferior à média mensal do primeiro semestre de 2001, quando ainda não havia racionamento, segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). As autoridades estimavam que o recuo seria de 7%.
No Estado de São Paulo, maior mercado e responsável por 30% do consumo nacional, o consumo acumulado após o racionamento está nos níveis de 1998, segundo Mauro Arce, secretário estadual de Energia.
''A queda da atividade econômica está impedindo a recuperação do consumo de energia pela indústria e pelo comércio", diz Arce. ''Além disso, houve incorporação de hábitos de poupança de eletricidade pela população, o que explica a baixa demanda do setor residencial", acrescenta.
Segundo o consultor David Travesso, ex-presidente da Eletropaulo, ''todo mundo aprendeu a poupar: quem desligou o freezer, trocou o chuveiro elétrico por aquecimento a gás ou comprou lâmpadas mais econômicas vai manter esses hábitos".
Como consequência dessas mudanças de hábitos, a demanda de gás natural explodiu em São Paulo: saltou de 883 milhões de metros cúbicos em 2000 para 1,6 bilhão no acumulado de janeiro a julho deste ano. ''O racionamento alterou o perfil da matriz energética do Estado", diz Arce.
A Comgás, distribuidora estadual de gás, registrou um crescimento de 37,5% no volume distribuído no segundo trimestre deste ano em comparação com igual período do ano passado, segundo dados do último balanço trimestral da empresa.
A Eletrobrás projeta um crescimento da demanda de energia entre 3% e 4% para este ano. Mas os dados divulgados até julho mostram que a evolução do consumo nacional continua negativa (-6,1%) em relação a igual período de 2001.
Os analistas consultados pela reportagem consideram válida a comparação dos dois períodos, já que em ambos estão dois meses de racionamento (julho e agosto de 2001 e janeiro e fevereiro de 2002).
A região Sudeste, maior mercado consumidor, foi a mais afetada, com redução de 9,4% no ano. Melhor desempenho teve a região Sul, que ficou fora do racionamento e acumula um aumento de 0,9% no consumo nos sete primeiros meses do ano.
Por faixa de consumo, em nível nacional, o setor residencial foi o que apresentou a pior resposta. O consumo acumula queda de 12,3% no ano, até julho, em relação ao mesmo período de 2001. Já o consumo industrial caiu 2,2%, e o comercial, 7,7%.
Para Travesso, é possível que os dados referentes à indústria estejam distorcidos. ''Nos quatro primeiros meses de 2001 a indústria acelerou a produção para recompor estoques sabendo que viria o racionamento. Agora estamos vivendo uma recessão, por isso é difícil a comparação", diz .
Seis meses após racionamento, gasto de energia é 12% menor
SANDRA BALBIda Folha de São Paulo
Seis meses após o fim do racionamento de energia, o país continua em ritmo de apagão. O consumo médio mensal de eletricidade no país, nos seis meses pós-racionamento, é 12% inferior à média mensal do primeiro semestre de 2001, quando ainda não havia racionamento, segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). As autoridades estimavam que o recuo seria de 7%.
No Estado de São Paulo, maior mercado e responsável por 30% do consumo nacional, o consumo acumulado após o racionamento está nos níveis de 1998, segundo Mauro Arce, secretário estadual de Energia.
''A queda da atividade econômica está impedindo a recuperação do consumo de energia pela indústria e pelo comércio", diz Arce. ''Além disso, houve incorporação de hábitos de poupança de eletricidade pela população, o que explica a baixa demanda do setor residencial", acrescenta.
Segundo o consultor David Travesso, ex-presidente da Eletropaulo, ''todo mundo aprendeu a poupar: quem desligou o freezer, trocou o chuveiro elétrico por aquecimento a gás ou comprou lâmpadas mais econômicas vai manter esses hábitos".
Como consequência dessas mudanças de hábitos, a demanda de gás natural explodiu em São Paulo: saltou de 883 milhões de metros cúbicos em 2000 para 1,6 bilhão no acumulado de janeiro a julho deste ano. ''O racionamento alterou o perfil da matriz energética do Estado", diz Arce.
A Comgás, distribuidora estadual de gás, registrou um crescimento de 37,5% no volume distribuído no segundo trimestre deste ano em comparação com igual período do ano passado, segundo dados do último balanço trimestral da empresa.
A Eletrobrás projeta um crescimento da demanda de energia entre 3% e 4% para este ano. Mas os dados divulgados até julho mostram que a evolução do consumo nacional continua negativa (-6,1%) em relação a igual período de 2001.
Os analistas consultados pela reportagem consideram válida a comparação dos dois períodos, já que em ambos estão dois meses de racionamento (julho e agosto de 2001 e janeiro e fevereiro de 2002).
A região Sudeste, maior mercado consumidor, foi a mais afetada, com redução de 9,4% no ano. Melhor desempenho teve a região Sul, que ficou fora do racionamento e acumula um aumento de 0,9% no consumo nos sete primeiros meses do ano.
Por faixa de consumo, em nível nacional, o setor residencial foi o que apresentou a pior resposta. O consumo acumula queda de 12,3% no ano, até julho, em relação ao mesmo período de 2001. Já o consumo industrial caiu 2,2%, e o comercial, 7,7%.
Para Travesso, é possível que os dados referentes à indústria estejam distorcidos. ''Nos quatro primeiros meses de 2001 a indústria acelerou a produção para recompor estoques sabendo que viria o racionamento. Agora estamos vivendo uma recessão, por isso é difícil a comparação", diz .
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