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13/08/2003
-
14h31
da Folha Online
A queda recorde das vendas do comércio no primeiro semestre, divulgada hoje pelo IBGE, reflete mudanças no consumo das famílias brasileiras, sufocado pela queda generalizada da renda e pelo desemprego.
O aperto no orçamento doméstico levou o consumidor a comprar menos alimentos, itens de limpeza e higiene, indica uma pesquisa recém-concluída do LatinPanel, empresa ligada ao Ibope, com 6.000 famílias em todo o país.
Entre os produtos que tiveram as maiores quedas do volume médio comprado, destacam-se sopas (-21%), suco pronto para beber (-17%), temperos (-15%), sorvetes (-12%) e leite condensado (-11%). As variações comparam os cinco primeiros meses deste ano com igual período do ano passado.
Por grupos, a cesta de alimentos caiu 5%, seguida pelos grupos de limpeza (-2%) e higiene pessoal (1%).
Outro dado do estudo: o consumidor gastou 26% a mais para comprar esses produtos, em relação aos cinco primeiros meses do ano passado, uma variação acima da inflação (18,48%) no período.
No mês passado, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos tinha divulgado que, pela primeira vez em dez anos, os brasileiros reduziram o consumo de produtos de higiene pessoal, considerados itens básicos do cotidiano. Entre janeiro e junho deste ano, a queda no volume de vendas atingiu cerca de 11%, na comparação com o primeiro semestre do ano passado.
Grupos de donas-de-casa fazem cursos e aprendem a racionalizar o uso dos produtos.
"Hoje 70% das pessoas só compram um tipo de xampu. Acabou aquela história de ter um só para a criança, outro para cabelo rebelde, seco ou oleoso", diz a vice-presidente do Movimento das Donas-de-Casa do Rio Grande do Sul, Marli Giglio.
O presidente do Ibedec (Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo), Rodrigo Daniel dos Santos, acha que os custos elevados de obter crédito nos bancos também explicam a queda do consumo dos itens de higiene.
"As grandes redes de varejo deixaram de parcelar em dez vezes. Limitam a três prestações. Isso leva o consumidor endividado a comprometer mais seu salário com um crediário. Acaba cortando nas despesas com produtos essenciais."
Vendas de sopas desabam 21% e lideram queda entre alimentos
SÉRGIO RIPARDOda Folha Online
A queda recorde das vendas do comércio no primeiro semestre, divulgada hoje pelo IBGE, reflete mudanças no consumo das famílias brasileiras, sufocado pela queda generalizada da renda e pelo desemprego.
O aperto no orçamento doméstico levou o consumidor a comprar menos alimentos, itens de limpeza e higiene, indica uma pesquisa recém-concluída do LatinPanel, empresa ligada ao Ibope, com 6.000 famílias em todo o país.
Entre os produtos que tiveram as maiores quedas do volume médio comprado, destacam-se sopas (-21%), suco pronto para beber (-17%), temperos (-15%), sorvetes (-12%) e leite condensado (-11%). As variações comparam os cinco primeiros meses deste ano com igual período do ano passado.
Por grupos, a cesta de alimentos caiu 5%, seguida pelos grupos de limpeza (-2%) e higiene pessoal (1%).
Outro dado do estudo: o consumidor gastou 26% a mais para comprar esses produtos, em relação aos cinco primeiros meses do ano passado, uma variação acima da inflação (18,48%) no período.
No mês passado, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos tinha divulgado que, pela primeira vez em dez anos, os brasileiros reduziram o consumo de produtos de higiene pessoal, considerados itens básicos do cotidiano. Entre janeiro e junho deste ano, a queda no volume de vendas atingiu cerca de 11%, na comparação com o primeiro semestre do ano passado.
Grupos de donas-de-casa fazem cursos e aprendem a racionalizar o uso dos produtos.
"Hoje 70% das pessoas só compram um tipo de xampu. Acabou aquela história de ter um só para a criança, outro para cabelo rebelde, seco ou oleoso", diz a vice-presidente do Movimento das Donas-de-Casa do Rio Grande do Sul, Marli Giglio.
O presidente do Ibedec (Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo), Rodrigo Daniel dos Santos, acha que os custos elevados de obter crédito nos bancos também explicam a queda do consumo dos itens de higiene.
"As grandes redes de varejo deixaram de parcelar em dez vezes. Limitam a três prestações. Isso leva o consumidor endividado a comprometer mais seu salário com um crediário. Acaba cortando nas despesas com produtos essenciais."
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