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09/11/2003
-
09h30
ADRIANA MATTOS
JOSE ALAN DIAS
da Folha de S.Paulo
A declarada disputa das cervejarias brasileiras invadiu as TVs e foi parar nas gôndolas. Os últimos números, apurados pelo Instituto de Pesquisas Nielsen, mostram expansão da Nova Schin, superando as marcas Kaiser e Antarctica em setembro. Dados de outubro, que serão publicados dentro de uma semana, podem confirmar esse crescimento. Outras empresas de menor porte também ganharam espaço no período.
Mais: análise de duas grandes redes de supermercados mostram que a Nova Schin, do grupo Schincariol, ultrapassou a Kaiser em outubro e encostou nas vendas da Brahma, apurou a Folha. Depois do "Experimenta", a cervejaria prepara nova ação de marketing que chega às TVs e mídia impressa dentro de cinco dias.
A situação atual é esta: a Skol é a cerveja mais vendida no Brasil, com participação de mercado de 32,1%. À distância aparece a Brahma, com 20,6%. Assumindo o terceiro lugar, com 9,6%, está a Nova Schin, que em setembro deixou para trás a Antarctica (9,4%) e a Kaiser (8,9%).
"Eles [a Schincariol] não devem estar muito felizes com o resultado. Pelo investimento milionário que fizeram, poderiam crescer até mais", cutuca Miguel Patrício, diretor de marketing da AmBev.
"Estamos indo muito bem. E esperamos, já na próxima sondagem do setor, ocuparmos a segunda colocação entre as maiores empresas de cerveja", rebate Luís Cláudio de Araújo, gerente de marketing da Schincariol.
O sobe-e-desce das marcas acontece num ao em que o consumo de cerveja no país deve encolher 14% comparado a 2002, segundo projetam os consultores. A retração econômica, em anos de renda minguada, cortou da lista de compras os itens não essenciais, como bebidas alcóolicas.
Migração
É nesses tempos bicudos que o consumidor fica mais aberto a novidades e a migração entre as marcas acontece. Principalmente se as novidades são mais baratas. A garrafa de Kaiser ou Brahma custa até R$ 0,40 a mais que a de Nova Schin, mesmo com o reajuste que a companhia promoveu com o lançamento.
"Há uma expectativa de que parcela dos consumidores mais fiéis voltem às marcas tradicionais logo. Já outros, ficarão com a novidade", diz Renata Marconato, analista da Lafis Consultoria.
No ranking de empresas líderes, as distâncias entre os grupos se encurtaram. A Molson, que controla Kaiser, Bavária e Heineken, era dona de 12,9% das vendas totais em julho. Subiu para 13,3% em agosto e voltou a cair em setembro (12,4%), mês em que a Nova Schin chegou ao comércio.
Na semana passada, a companhia informou que teve perdas no Brasil. O volume de vendas no terceiro trimestre com Kaiser, Bavária e Heineken caiu 8,2% sobre igual período de 2002. A receita subiu 2,3%, mas por conta dos reajustes de preços.
A AmBev também anunciou que no terceiro trimestre do ano as vendas foram 12% menores do que em igual período do ano passado. A empresa esperava uma redução de um dígito.
Não é só isso. Em setembro de 2002, a companhia estava com 70,1% de participação. Caiu para 68,7% em julho, 67,4% em agosto e em setembro, teve nova queda (66,1%). Com isso, em um ano, a líder perdeu quatro pontos. Cada ponto equivale a uma receita de R$ 80 milhões.
Reajustes
Reajustes de preços podem ser uma das causas dessa queda, diz Daniel Pasquali, analista da Fator Doria-Atherino. Em julho a Ambev aumentou o valor de suas cervejas entre 8% e 10%. Reajuste anterior a esse aconteceu em setembro de 2002, com alta de 10% em média. A Kaiser praticou aumentos também. Enquanto isso, a renda do brasileiro cai há dez meses consecutivos -só em setembro, a queda foi de 14,6% sobre 2002.
A pressão nos custos, por conta da valorização do dólar, forçou a revisão nas tabelas de preços. A cerveja tem insumos importados.
Rankings mensais são como fotografias: refletem um momento, mudam sempre e, ao menor sinal de guerra de preços entre as marcas, sofrem alterações. Não é só isso: rankings seguem não só o critério do volume de vendas (em litros), como o de valor (receita).
No caso da receita, as grandes cervejarias ainda ocupam as primeiras colocações no mercado. Skol, Brahma e Antarctica seguem à frente. Logo após aparece a Kaiser, seguida pela Schincariol.
Aumentar a participação que a companhia tem na receita gerada pelo setor é fundamental para que a empresa tenha recursos próprios para reinvestir no negócio, diz Miguel Patrício. "Ganhar um ou dois pontos no ranking, em termos de litros vendidos, é normal com essa campanha milionária deles [Schin]. Mas é preciso aumentar receita também", cutuca Patrício.
Esse não parece ser um problema, na avaliação da Schincariol. O gerente da empresa, Luís Cláudio de Araújo, afirma que há caixa necessário para isso e que o plano de expansão foi desenhado há dois anos levando em conta esse fator. "Estamos aplicando R$ 120 milhões em marketing neste ano. É um terço da verba da AmBev. Não tem nada de milionário", afirma.
Marketing e preço acirram guerra da cerveja
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JOSE ALAN DIAS
da Folha de S.Paulo
A declarada disputa das cervejarias brasileiras invadiu as TVs e foi parar nas gôndolas. Os últimos números, apurados pelo Instituto de Pesquisas Nielsen, mostram expansão da Nova Schin, superando as marcas Kaiser e Antarctica em setembro. Dados de outubro, que serão publicados dentro de uma semana, podem confirmar esse crescimento. Outras empresas de menor porte também ganharam espaço no período.
Mais: análise de duas grandes redes de supermercados mostram que a Nova Schin, do grupo Schincariol, ultrapassou a Kaiser em outubro e encostou nas vendas da Brahma, apurou a Folha. Depois do "Experimenta", a cervejaria prepara nova ação de marketing que chega às TVs e mídia impressa dentro de cinco dias.
A situação atual é esta: a Skol é a cerveja mais vendida no Brasil, com participação de mercado de 32,1%. À distância aparece a Brahma, com 20,6%. Assumindo o terceiro lugar, com 9,6%, está a Nova Schin, que em setembro deixou para trás a Antarctica (9,4%) e a Kaiser (8,9%).
"Eles [a Schincariol] não devem estar muito felizes com o resultado. Pelo investimento milionário que fizeram, poderiam crescer até mais", cutuca Miguel Patrício, diretor de marketing da AmBev.
"Estamos indo muito bem. E esperamos, já na próxima sondagem do setor, ocuparmos a segunda colocação entre as maiores empresas de cerveja", rebate Luís Cláudio de Araújo, gerente de marketing da Schincariol.
O sobe-e-desce das marcas acontece num ao em que o consumo de cerveja no país deve encolher 14% comparado a 2002, segundo projetam os consultores. A retração econômica, em anos de renda minguada, cortou da lista de compras os itens não essenciais, como bebidas alcóolicas.
Migração
É nesses tempos bicudos que o consumidor fica mais aberto a novidades e a migração entre as marcas acontece. Principalmente se as novidades são mais baratas. A garrafa de Kaiser ou Brahma custa até R$ 0,40 a mais que a de Nova Schin, mesmo com o reajuste que a companhia promoveu com o lançamento.
"Há uma expectativa de que parcela dos consumidores mais fiéis voltem às marcas tradicionais logo. Já outros, ficarão com a novidade", diz Renata Marconato, analista da Lafis Consultoria.
No ranking de empresas líderes, as distâncias entre os grupos se encurtaram. A Molson, que controla Kaiser, Bavária e Heineken, era dona de 12,9% das vendas totais em julho. Subiu para 13,3% em agosto e voltou a cair em setembro (12,4%), mês em que a Nova Schin chegou ao comércio.
Na semana passada, a companhia informou que teve perdas no Brasil. O volume de vendas no terceiro trimestre com Kaiser, Bavária e Heineken caiu 8,2% sobre igual período de 2002. A receita subiu 2,3%, mas por conta dos reajustes de preços.
A AmBev também anunciou que no terceiro trimestre do ano as vendas foram 12% menores do que em igual período do ano passado. A empresa esperava uma redução de um dígito.
Não é só isso. Em setembro de 2002, a companhia estava com 70,1% de participação. Caiu para 68,7% em julho, 67,4% em agosto e em setembro, teve nova queda (66,1%). Com isso, em um ano, a líder perdeu quatro pontos. Cada ponto equivale a uma receita de R$ 80 milhões.
Reajustes
Reajustes de preços podem ser uma das causas dessa queda, diz Daniel Pasquali, analista da Fator Doria-Atherino. Em julho a Ambev aumentou o valor de suas cervejas entre 8% e 10%. Reajuste anterior a esse aconteceu em setembro de 2002, com alta de 10% em média. A Kaiser praticou aumentos também. Enquanto isso, a renda do brasileiro cai há dez meses consecutivos -só em setembro, a queda foi de 14,6% sobre 2002.
A pressão nos custos, por conta da valorização do dólar, forçou a revisão nas tabelas de preços. A cerveja tem insumos importados.
Rankings mensais são como fotografias: refletem um momento, mudam sempre e, ao menor sinal de guerra de preços entre as marcas, sofrem alterações. Não é só isso: rankings seguem não só o critério do volume de vendas (em litros), como o de valor (receita).
No caso da receita, as grandes cervejarias ainda ocupam as primeiras colocações no mercado. Skol, Brahma e Antarctica seguem à frente. Logo após aparece a Kaiser, seguida pela Schincariol.
Aumentar a participação que a companhia tem na receita gerada pelo setor é fundamental para que a empresa tenha recursos próprios para reinvestir no negócio, diz Miguel Patrício. "Ganhar um ou dois pontos no ranking, em termos de litros vendidos, é normal com essa campanha milionária deles [Schin]. Mas é preciso aumentar receita também", cutuca Patrício.
Esse não parece ser um problema, na avaliação da Schincariol. O gerente da empresa, Luís Cláudio de Araújo, afirma que há caixa necessário para isso e que o plano de expansão foi desenhado há dois anos levando em conta esse fator. "Estamos aplicando R$ 120 milhões em marketing neste ano. É um terço da verba da AmBev. Não tem nada de milionário", afirma.
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