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26/05/2004 - 08h05

Natura começa a negociar ações na Bovespa, mas crise continua no mercado

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FABRICIO VIEIRA
da Folha de S.Paulo

A Natura começa a negociar hoje suas ações no pregão da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Mas a entrada de uma nova empresa no pregão não altera o balanço negativo do ano: sete empresas deixaram de ter suas ações listadas na Bolsa em 2004.

Havia mais de dois anos que nenhuma nova empresa ingressava no pregão da Bolsa paulista. A última foi a CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias), em fevereiro de 2002.

A Natura vai colocar no mercado cerca de 21,75% de seu capital social, chegando a um montante de aproximadamente R$ 678,3 milhões. Segundo operadores, a procura pelas ações superou em muito a oferta inicialmente planejada. Em até 30 dias, as instituições responsáveis pela operação poderão exercer a opção de comprar um lote extra de ações equivalente a 2,88% do capital social da empresa.

A ação da Natura será a terceira a pertencer ao Novo Mercado da Bovespa, destinado a listar empresas com práticas diferenciadas de boa governança corporativa. Para participar desse segmento, as companhias têm de cumprir exigências que as tornem mais transparentes, em especial para os acionistas minoritários.

O Novo Mercado foi criado em dezembro de 2000, mas apenas em 2002 teve adesões: da CCR e da Sabesp. A terceira adesão é da Natura.

"Infelizmente, o caso da Natura não reflete o início de uma nova etapa, de novas empresas se interessando pela Bovespa. Ainda estamos um pouco longe dessa realidade", afirma Jacopo Valentino, diretor de renda variável da BNP Paribas Asset Management.

Nem todos os analistas vêem com bons olhos o Novo Mercado, e muitos preferem nem falar sobre o tema. Uma das críticas é que, ao entrar no Novo Mercado, as empresas ganham um "selo de qualidade", o que desmereceria as outras companhias abertas.

Para Valentino, as empresas que já são negociadas na Bolsa não
demonstraram interesse em passar ao Novo Mercado por entender que o acionista "majoritário transfere muitos direitos aos minoritários, além de assumir mais deveres, sem que isso se reflita em maior negociação" de suas ações.

Entre os "deveres" de quem entra no Novo Mercado está o de conceder "tag along" de 100% a todos os acionistas. Isso significa que, em caso de venda de controle da empresa, todos os minoritários recebem por suas ações o preço equivalente ao valor pago ao acionista majoritário.

As empresas desse segmento também têm de adaptar seus balanços a padrões internacionais, o que geraria custos adicionais aos interessados. Além disso, só podem ser emitidas ações ordinárias (com direito a voto).

Pelos últimos dados divulgados, há atualmente na Bovespa 362 empresas listadas, mesmo número registrado em 1975. Em 1994, ano em que teve início o Real, havia 544 companhias listadas na Bovespa.

Alemanha

Um dos inspiradores do Novo Mercado, o Neuer Markt da Bolsa da Alemanha, teve seu encerramento anunciado em 2002. Na época, a Bovespa se preocupou em informar, em boletim, que a extinção do Neuer Markt não afetava "nem a existência nem o futuro do Novo Mercado" da Bolsa brasileira.

A colocação das ações da Natura na Bolsa veio em um momento difícil para o mercado.

O Ibovespa (principal índice da Bolsa, que reúne as 54 ações mais negociadas) acumula desvalorização de 15% no ano.

Nos fundos de ações, segundo dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) até o último dia 20, os saques superam no ano as aplicações em R$ 1,6 bilhão. No mês, esse saldo está negativo em R$ 865 milhões.

De positivo, a Bovespa divulgou que os estrangeiros, apesar de toda a turbulência do mercado nas últimas semanas, seguem injetando dinheiro na Bolsa.

Investimento

Neste mês, até o dia 20, as compras de ações pelos investidores estrangeiros na Bolsa superaram as vendas em R$ 332,8 milhões. Analistas avaliam que, se o capital estrangeiro estivesse saindo expressivamente do mercado de ações local, a Bolsa estaria em níveis menores que o atual, devido à importância desse segmento para os negócios atualmente.
 

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