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04/06/2005 - 09h34

Lula, de novo, espera fim de alta de juros

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse recentemente em reuniões reservadas que a sua expectativa e a do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) é que a taxa básica de juros da economia, hoje em 19,75%, não suba mais neste mês. Lula também pediu a Palocci alívio no esforço fiscal, pois julgou muito alto o superávit primário acumulado nos quatro primeiros meses deste ano.

O superávit, toda a economia do setor público, ficou em 7,26% do PIB (Produto Interno Bruto) no período de janeiro a abril. A meta oficial de superávit para este ano é de 4,25% do PIB. Lula deseja liberação de recursos para algumas obras, pois a execução do Orçamento na área de investimentos é baixa (1,25% de gastos efetivamente realizados).

As afirmações de Lula em reuniões reservadas devem ser vistas com cautela. Em dezembro, durante um jantar com a bancada de 13 senadores do PT, ele disse que os juros não subiriam mais a partir de janeiro. Enganou-se, pois a taxa se elevou mês a mês após sua afirmação.

Mesmo a expectativa de Palocci, que Lula disse ter ouvido diretamente da boca do ministro, também merece ser relativizada. Em abril, quando a Selic estava em 19,25%, Palocci contou ao presidente que não esperava mais altas da taxa básica de juros. Ela, porém, subiu 0,25 ponto percentual em abril e em maio, chegando ao número atual.

Feitas as ressalvas, faz sentido dar crédito à expectativa de Lula e de Palocci desta vez. Ela vem após a notícia de que o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu apenas 0,3% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o último trimestre de 2004 (descontados os efeitos sazonais).

A taxa foi menor do que o presidente esperava. Lula foi surpreendido na manhã de terça, quando ela foi divulgada. Fez cobranças aos auxiliares para que soubesse de antemão, a fim de preparar resposta à repercussão na imprensa. O presidente ouviu de Palocci raciocínio exposto em abril e revelado então pela Folha.

A equipe econômica avalia que o forte aperto monetário é necessário para criar condições mais favoráveis à sua reeleição em 2006. Palocci disse que é melhor apertar mais agora, já mirando na inflação do ano que vem, do que ser obrigado a voltar a fazê-lo duramente caso haja novo movimento de alta dos preços na época eleitoral. Mais: no segundo semestre, haveria recuperação da atividade econômica, e o PIB poderia fechar o ano entre 3,5 e 4%.

Um aperto mais rigoroso neste ano gerará um crescimento menor do PIB, por restringir a atividade econômica, mas também propiciará uma inflação menor. Palocci avalia que um crescimento nesse cenário tem mais qualidade, porque, com menor inflação, terá mais sustentabilidade no longo prazo do que um crescimento maior e que tolere um pouco mais de inflação.

O atual processo de alta dos juros teve início em setembro do ano passado, quando a taxa estava em 16% ao ano. Desde então, o Copom, órgão do Banco Central que se reúne mensalmente para fixar a Selic, aumentou a taxa básica nove vezes consecutivas.

Sua justificativa é o combate à inflação. A intenção oficial do BC é que a inflação em 2005 fique em 5,1%. Nos bastidores, admite algo acima disso. Nos últimos dias, o mercado parou de aumentar a expectativa de inflação para o ano, deixando-a em 6,3%. Como alguns índices de inflação mostraram queda no final de maio e começo de junho, Palocci conversou com membros da equipe econômica e transmitiu a Lula a expectativa que não haveria uma décima alta seguida. A conferir.

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