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02/10/2001
-
19h12
da Folha Online
A direção da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP (Universidade de São Paulo) informou que, no momento, não é possível avaliar com precisão a quantidade de obras destruídas pelo incêndio desta madrugada, mas que certamente diversos documentos raros foram perdidos.
O fogo, que começou por volta das 0h30, atingiu o segundo andar do edifício principal da ECA, na Cidade Universitária, em São Paulo, onde se localiza parte dos departamentos de CTR (Cinema, Rádio e Televisão) e de CCA (Comunicações e Artes), destruindo equipamentos e causando o desabamento de parte do telhado.
De acordo com o vice-diretor da ECA, Luiz Milanesi, no local onde o incêndio se concentrou eram guardados documentos raros da história da telenovela brasileira. "Com certeza foram destruídas raridades que só existiam aqui. São anos e anos de história e trabalho que foram perdidos para sempre", afirmou ele.
Entre os documentos raros que podem ter sido destruídos pelo fogo estão as sinopses e capítulos originais de diversas novelas da Rede Globo, gravações históricas das primeiras radionovelas brasileiras, fotos, centenas de entrevistas com atores e diretores, teses e trabalhos elaborados por alunos e professores da ECA, coleções de enciclopédias, além de diversos filmes e documentários produzidos pela instituição.
Com lágrimas nos olhos, a coordenadora geral do Departamento de Comunicação e Arte da ECA, Solange Martins Couceiro, afirmou que parte da vida acadêmica e intelectual da universidade foi destruída para sempre.
Solange lembra ainda que uma das coleções mais valiosas, que provavelmente foi destruída, são os documentos do acervo de Ismael Fernandes, o primeiro pesquisador de telenovelas do país.
Segundo estimativas dos professores, que se concentravam em frente ao prédio interditado, foram destruídos três núcleos de pesquisa [comunicação e educação, teledramaturgia e pesquisa de educação infantil], dois laboratórios, salas de aula, além dos respectivos acervos.
A coordenadora do Centro de Documentação de Telenovelas da ECA, Maria Ataide, lamentou o incêndio. "Temos documentos do início da década de 50. Uma coleção completa da história da teledramaturgia brasileira que é referencia para pesquisadores do Brasil e do exterior", afirmou ela, lembrando que a destruição de tal acervo pode comprometer o futuro de centenas de novas pesquisas.
O diretor da ECA, Waldenyr Caldas, estima que cerca de 150 pessoas, em média, visitem os núcleos da faculdade diariamente.
Avaliado pelo Corpo de Bombeiros como de média proporção, o incêndio só foi controlado por volta das 5h desta terça-feira. Foram enviados ao local 26 viaturas e aproximadamente 60 homens.
O tenente Elifelete, que comandou parte da operação, afirmou que o incêndio pode ter começado a partir de um curto circuito. "Um aparelho ligado por muito tempo pode ter se aquecido demais", afirmou ele, informando ainda que a temperatura no local superou os 600ºC.
Apuração
A diretoria da ECA já abriu uma sindicância para apurar o incêndio que atingiu o prédio principal da unidade. Professores da Poli (Escola Politécnica da USP) e da Consultoria Jurídica da universidade também fazem parte da sindicância.
Segundo Waldenyr Caldas, a maior perda provocada pelo incêndio é de ordem cultural, e não acadêmica ou monetária e as suas causas têm de ser apuradas.
Aulas
Devido ao incêndio, o Corpo de Bombeiro interditou o edifício o que obrigou à direção da ECA a suspender as aulas no CCA e no CTR até o final de semana.
O vice-diretor da ECA, Luiz Milanesi, afirmou que já está estudando uma maneira de remanejar os alunos. "Estamos tentando arrumar salas nos prédios das outras faculdades vizinhos para tentar minimizar o impacto do incêndio no andamento do semestre", disse ele.
A FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), a FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), o IP (Instituto de Psicologia) e a FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) já ofereceram algumas de suas salas.
A equipe do Contru (departamento de uso e controle do imóveis) de São Paulo, informou à direção da ECA que a liberação do prédio só deve acontecer depois da elaboração de um laudo técnico, que deve ficar pronto em 48 horas.
Documentos perdidos em incêndio são irrecuperáveis, diz ECA
JÚLIO CÉSAR BARROSda Folha Online
A direção da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP (Universidade de São Paulo) informou que, no momento, não é possível avaliar com precisão a quantidade de obras destruídas pelo incêndio desta madrugada, mas que certamente diversos documentos raros foram perdidos.
O fogo, que começou por volta das 0h30, atingiu o segundo andar do edifício principal da ECA, na Cidade Universitária, em São Paulo, onde se localiza parte dos departamentos de CTR (Cinema, Rádio e Televisão) e de CCA (Comunicações e Artes), destruindo equipamentos e causando o desabamento de parte do telhado.
De acordo com o vice-diretor da ECA, Luiz Milanesi, no local onde o incêndio se concentrou eram guardados documentos raros da história da telenovela brasileira. "Com certeza foram destruídas raridades que só existiam aqui. São anos e anos de história e trabalho que foram perdidos para sempre", afirmou ele.
Entre os documentos raros que podem ter sido destruídos pelo fogo estão as sinopses e capítulos originais de diversas novelas da Rede Globo, gravações históricas das primeiras radionovelas brasileiras, fotos, centenas de entrevistas com atores e diretores, teses e trabalhos elaborados por alunos e professores da ECA, coleções de enciclopédias, além de diversos filmes e documentários produzidos pela instituição.
Com lágrimas nos olhos, a coordenadora geral do Departamento de Comunicação e Arte da ECA, Solange Martins Couceiro, afirmou que parte da vida acadêmica e intelectual da universidade foi destruída para sempre.
Solange lembra ainda que uma das coleções mais valiosas, que provavelmente foi destruída, são os documentos do acervo de Ismael Fernandes, o primeiro pesquisador de telenovelas do país.
Segundo estimativas dos professores, que se concentravam em frente ao prédio interditado, foram destruídos três núcleos de pesquisa [comunicação e educação, teledramaturgia e pesquisa de educação infantil], dois laboratórios, salas de aula, além dos respectivos acervos.
A coordenadora do Centro de Documentação de Telenovelas da ECA, Maria Ataide, lamentou o incêndio. "Temos documentos do início da década de 50. Uma coleção completa da história da teledramaturgia brasileira que é referencia para pesquisadores do Brasil e do exterior", afirmou ela, lembrando que a destruição de tal acervo pode comprometer o futuro de centenas de novas pesquisas.
O diretor da ECA, Waldenyr Caldas, estima que cerca de 150 pessoas, em média, visitem os núcleos da faculdade diariamente.
Avaliado pelo Corpo de Bombeiros como de média proporção, o incêndio só foi controlado por volta das 5h desta terça-feira. Foram enviados ao local 26 viaturas e aproximadamente 60 homens.
O tenente Elifelete, que comandou parte da operação, afirmou que o incêndio pode ter começado a partir de um curto circuito. "Um aparelho ligado por muito tempo pode ter se aquecido demais", afirmou ele, informando ainda que a temperatura no local superou os 600ºC.
Apuração
A diretoria da ECA já abriu uma sindicância para apurar o incêndio que atingiu o prédio principal da unidade. Professores da Poli (Escola Politécnica da USP) e da Consultoria Jurídica da universidade também fazem parte da sindicância.
Segundo Waldenyr Caldas, a maior perda provocada pelo incêndio é de ordem cultural, e não acadêmica ou monetária e as suas causas têm de ser apuradas.
Aulas
Devido ao incêndio, o Corpo de Bombeiro interditou o edifício o que obrigou à direção da ECA a suspender as aulas no CCA e no CTR até o final de semana.
O vice-diretor da ECA, Luiz Milanesi, afirmou que já está estudando uma maneira de remanejar os alunos. "Estamos tentando arrumar salas nos prédios das outras faculdades vizinhos para tentar minimizar o impacto do incêndio no andamento do semestre", disse ele.
A FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), a FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), o IP (Instituto de Psicologia) e a FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) já ofereceram algumas de suas salas.
A equipe do Contru (departamento de uso e controle do imóveis) de São Paulo, informou à direção da ECA que a liberação do prédio só deve acontecer depois da elaboração de um laudo técnico, que deve ficar pronto em 48 horas.
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