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29/08/2002
-
09h13
ANDRÉ DEGASPERI
free-lance para a Folha
No final da puberdade, as meninas torcem para que os seios surjam. Mas, se as glândulas mamárias se desenvolvem em um corpo de menino -e isso realmente pode ocorrer-, é constrangimento na certa. Mais do que a voz que desafina ou a acne que marca o rosto, os "peitinhos" causam muitos embaraços ao adolescente, que pode até abandonar atividades antes prazerosas, como a prática de esportes e as idas à praia, para evitar exposição e brincadeiras de gosto duvidoso.
A presença de tecido mamário altera a rotina social e prejudica a auto-estima dos meninos. Muitos sentem vergonha ao tirar a camisa na frente dos outros, por exemplo.
O nome técnico desse verdadeiro estorvo é ginecomastia, problema muito mais comum do que se pode imaginar: afeta aproximadamente 70% dos garotos na puberdade. A ginecomastia pode ser uni ou bilateral, simétrica ou não. Os "peitinhos" variam no tamanho e, às vezes, podem ser dolorosos ao toque.
O início da puberdade é marcado por uma maior produção de hormônios sexuais. De acordo com os especialistas, o desequilíbrio entre os níveis de andrógenos (hormônios masculinos) e de estrógenos (hormônios femininos) pode fazer com que o tecido mamário do menino se desenvolva, causando o crescimento do peito. Existem outras causas, como síndromes relacionadas à deficiência de formação e de ação da testosterona, neurofibromatose e tendência familiar, mas são bem mais raras.
As glândulas mamárias se desenvolvem de forma gradual e, na maioria dos meninos, regridem espontaneamente no final da puberdade, quando a produção hormonal é estabilizada.
Há casos em que o problema não é decorrente do crescimento da glândula, mas, sim, de uma pequena inflamação ou de um acúmulo de tecido gorduroso na região, fenômeno que é chamado de lipomastia. É comum que garotos com ginecomastia apresentem também essa gordura localizada.
Para certificar-se de que o menino tem ginecomastia, lipomastia ou ambas, o médico solicita a realização de exames como mamografia ou ultra-sonografia de mamas. Mas, seja qual for o problema, não existe tratamento clínico para estimular a regressão dos "peitinhos". Se eles não regredirem naturalmente, a alternativa é a cirurgia.
Segundo Durval Damiani, presidente do Departamento Científico de Endocrinologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria, a cirurgia é indicada, não obrigatória. "A cirurgia é indicada se o desenvolvimento da glândula mamária está muito avançado ou se há problemas emocionais ou psicológicos fortes em decorrência da ginecomastia."
Para a chefe do setor de endocrinologia pediátrica da Unifesp, Ângela Maria Espínola de Castro, o acompanhamento médico determinará a necessidade da cirurgia. "O ideal é observar a evolução da ginecomastia durante um período mínimo de seis meses a um ano. Não é recomendável indicar a cirurgia na primeira avaliação", afirma.
Na maioria dos casos, o cirurgião faz uma lipoaspiração da gordura localizada e depois a mastectomia -procedimento cirúrgico em que as glândulas mamárias são removidas. A cirurgia pode ser feita sob anestesia local ou geral, dependendo do tamanho dos "peitinhos" e até da preferência do especialista e do paciente.
A remoção da glândula não é completa. Por questões estéticas, o cirurgião deixa um pouco de tecido no local. Esse resíduo, porém, não é suficiente para que a glândula se desenvolva novamente.
"O resultado é natural, e a cicatriz é quase imperceptível; em alguns casos, mede apenas 0,5 cm", afirma o mastologista e cirurgião plástico João Carlos Sampaio Góes, do Hospital Israelita Albert Einsten (SP).
Crescimento das glândulas mamárias inferniza vida de garotos
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free-lance para a Folha
No final da puberdade, as meninas torcem para que os seios surjam. Mas, se as glândulas mamárias se desenvolvem em um corpo de menino -e isso realmente pode ocorrer-, é constrangimento na certa. Mais do que a voz que desafina ou a acne que marca o rosto, os "peitinhos" causam muitos embaraços ao adolescente, que pode até abandonar atividades antes prazerosas, como a prática de esportes e as idas à praia, para evitar exposição e brincadeiras de gosto duvidoso.
A presença de tecido mamário altera a rotina social e prejudica a auto-estima dos meninos. Muitos sentem vergonha ao tirar a camisa na frente dos outros, por exemplo.
O nome técnico desse verdadeiro estorvo é ginecomastia, problema muito mais comum do que se pode imaginar: afeta aproximadamente 70% dos garotos na puberdade. A ginecomastia pode ser uni ou bilateral, simétrica ou não. Os "peitinhos" variam no tamanho e, às vezes, podem ser dolorosos ao toque.
O início da puberdade é marcado por uma maior produção de hormônios sexuais. De acordo com os especialistas, o desequilíbrio entre os níveis de andrógenos (hormônios masculinos) e de estrógenos (hormônios femininos) pode fazer com que o tecido mamário do menino se desenvolva, causando o crescimento do peito. Existem outras causas, como síndromes relacionadas à deficiência de formação e de ação da testosterona, neurofibromatose e tendência familiar, mas são bem mais raras.
As glândulas mamárias se desenvolvem de forma gradual e, na maioria dos meninos, regridem espontaneamente no final da puberdade, quando a produção hormonal é estabilizada.
Há casos em que o problema não é decorrente do crescimento da glândula, mas, sim, de uma pequena inflamação ou de um acúmulo de tecido gorduroso na região, fenômeno que é chamado de lipomastia. É comum que garotos com ginecomastia apresentem também essa gordura localizada.
Para certificar-se de que o menino tem ginecomastia, lipomastia ou ambas, o médico solicita a realização de exames como mamografia ou ultra-sonografia de mamas. Mas, seja qual for o problema, não existe tratamento clínico para estimular a regressão dos "peitinhos". Se eles não regredirem naturalmente, a alternativa é a cirurgia.
Segundo Durval Damiani, presidente do Departamento Científico de Endocrinologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria, a cirurgia é indicada, não obrigatória. "A cirurgia é indicada se o desenvolvimento da glândula mamária está muito avançado ou se há problemas emocionais ou psicológicos fortes em decorrência da ginecomastia."
Para a chefe do setor de endocrinologia pediátrica da Unifesp, Ângela Maria Espínola de Castro, o acompanhamento médico determinará a necessidade da cirurgia. "O ideal é observar a evolução da ginecomastia durante um período mínimo de seis meses a um ano. Não é recomendável indicar a cirurgia na primeira avaliação", afirma.
Na maioria dos casos, o cirurgião faz uma lipoaspiração da gordura localizada e depois a mastectomia -procedimento cirúrgico em que as glândulas mamárias são removidas. A cirurgia pode ser feita sob anestesia local ou geral, dependendo do tamanho dos "peitinhos" e até da preferência do especialista e do paciente.
A remoção da glândula não é completa. Por questões estéticas, o cirurgião deixa um pouco de tecido no local. Esse resíduo, porém, não é suficiente para que a glândula se desenvolva novamente.
"O resultado é natural, e a cicatriz é quase imperceptível; em alguns casos, mede apenas 0,5 cm", afirma o mastologista e cirurgião plástico João Carlos Sampaio Góes, do Hospital Israelita Albert Einsten (SP).
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