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04/01/2004
-
07h21
CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo
Mais de 80% da população convive com ela, mas, por medo ou vergonha, poucas pessoas procuram ajuda médica. Trata-se da doença das hemorróidas, um processo de dilatação do calibre das veias da região anal que pode ser agravado pelos excessos alimentares e alcoólicos cometidos nas festas de final de ano.
Adiar o tratamento pode levar ao agravamento da doença. Quando atingem o grau mais avançado, os chamados mamilos hemorroidários só podem ser removidos com cirurgia.
Outro perigo é que a falta de avaliação médica pode retardar o diagnóstico de doenças graves, como o câncer retal, que tem sintomas --como sangramento e constipação--, semelhantes aos provocados pelas hemorróidas.
Sangramento anal, especialmente em pessoas acima de 40 anos (faixa etária de maior incidência do câncer do reto), deve ser avaliado imediatamente por um proctologista, alerta o cirurgião-geral Vandyck Neves da Silveira, do Hospital Santa Catarina.
As pessoas, porém, não devem se impressionar apenas com os sintomas. "O fato de ter hemorróidas não é indicativo de câncer. Não há nenhuma relação entre uma coisa e outra. Também não quer dizer que a única solução seja a cirurgia. Hoje há várias opções de tratamento", diz Silveira.
A alimentação inadequada --especialmente as dietas pobres em fibras e a pouca ingestão de líquidos-- associada a uma vida sedentária leva a um esforço evacuatório, o que pode desencadear a doença hemorroidária, de acordo com a proctologista Margareth da Rocha Fernandes, do Hospital do Servidor Estadual e membro da Sociedade Brasileira de Coloproctologia. Sexo anal, ao contrário do que muitos imaginam, não provoca hemorróidas.
Hábitos errados, como o de ler sentado no vaso sanitário, também podem aumentar o número de "crises" das hemorróidas por provocar uma pressão na área retal, diz a proctologista Mariza Helena Prado-Kobata, professora da disciplina de gastroenterologia cirúrgica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Tratamento
Em geral, nos graus iniciais, o tratamento da doença hemorroidária é clínico, à base de pomadas anestésicas, reguladores intestinais e orientação para mudança de hábitos alimentares. No caso das hemorróidas internas, pode ser indicada a ligadura elástica, que dispensa anestesia.
Segundo os médicos, técnicas muito usadas no passado, como a crioterapia (aplicação de nitrogênio líquido que causa a necrose da hemorróida) e a fotocoagulação (aplicação de raios infravermelhos na mucosa e submucosa retal), estão hoje em desuso.
No grau 4, em que as hemorróidas ficam fora do canal retal, a indicação é quase sempre cirúrgica. Uma nova técnica é a do grampeamento, que possibilita um pós-operatório mais rápido e indolor. Nas cirurgias convencionais, a cicatrização total leva em média um mês, período em que a pessoa costuma sentir dor durante as evacuações.
Nos casos de hemorróidas externas ou mistas, os cirurgiões costumam optar pela técnica convencional (hemorroidectomia), que pode ser aberta (a cicatrização ocorre espontaneamente), fechada ou semi-fechada.
De acordo com Silveira, a hemorroidectomia aberta permite uma cicatrização mais uniforme. O inconveniente é que a cicatrização é mais lenta e dolorosa.
Na técnica fechada, o principal problema é a perda dos pontos e um risco maior de ocorrer estenose (estreitamento do canal anal). Para os médicos, a cirurgia a laser não provou ser melhor que as outras, especialmente porque a cicatrização costuma ser anômala. "Não há uma técnica superior a outra. A ideal é aquela que o cirurgião está acostumado a fazer", diz Prado-Kobata.
De acordo com os proctologistas, até 10% das pessoas que operaram as hemorróidas podem voltar a apresentar o problema, anos mais tarde, em outras veias.
Fernandes diz que a recidiva pode acontecer em casos em que a cirurgia foi incompleta. "Feita em fase precoce, é possível que fiquem outros mamilos, que vão se desenvolver com o tempo."
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Gravidez pode agravar doença hemorroidária, dizem médicos
Vergonha adia diagnóstico de hemorróida
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da Folha de S.Paulo
Mais de 80% da população convive com ela, mas, por medo ou vergonha, poucas pessoas procuram ajuda médica. Trata-se da doença das hemorróidas, um processo de dilatação do calibre das veias da região anal que pode ser agravado pelos excessos alimentares e alcoólicos cometidos nas festas de final de ano.
Adiar o tratamento pode levar ao agravamento da doença. Quando atingem o grau mais avançado, os chamados mamilos hemorroidários só podem ser removidos com cirurgia.
Outro perigo é que a falta de avaliação médica pode retardar o diagnóstico de doenças graves, como o câncer retal, que tem sintomas --como sangramento e constipação--, semelhantes aos provocados pelas hemorróidas.
Sangramento anal, especialmente em pessoas acima de 40 anos (faixa etária de maior incidência do câncer do reto), deve ser avaliado imediatamente por um proctologista, alerta o cirurgião-geral Vandyck Neves da Silveira, do Hospital Santa Catarina.
As pessoas, porém, não devem se impressionar apenas com os sintomas. "O fato de ter hemorróidas não é indicativo de câncer. Não há nenhuma relação entre uma coisa e outra. Também não quer dizer que a única solução seja a cirurgia. Hoje há várias opções de tratamento", diz Silveira.
A alimentação inadequada --especialmente as dietas pobres em fibras e a pouca ingestão de líquidos-- associada a uma vida sedentária leva a um esforço evacuatório, o que pode desencadear a doença hemorroidária, de acordo com a proctologista Margareth da Rocha Fernandes, do Hospital do Servidor Estadual e membro da Sociedade Brasileira de Coloproctologia. Sexo anal, ao contrário do que muitos imaginam, não provoca hemorróidas.
Hábitos errados, como o de ler sentado no vaso sanitário, também podem aumentar o número de "crises" das hemorróidas por provocar uma pressão na área retal, diz a proctologista Mariza Helena Prado-Kobata, professora da disciplina de gastroenterologia cirúrgica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Tratamento
Em geral, nos graus iniciais, o tratamento da doença hemorroidária é clínico, à base de pomadas anestésicas, reguladores intestinais e orientação para mudança de hábitos alimentares. No caso das hemorróidas internas, pode ser indicada a ligadura elástica, que dispensa anestesia.
Segundo os médicos, técnicas muito usadas no passado, como a crioterapia (aplicação de nitrogênio líquido que causa a necrose da hemorróida) e a fotocoagulação (aplicação de raios infravermelhos na mucosa e submucosa retal), estão hoje em desuso.
No grau 4, em que as hemorróidas ficam fora do canal retal, a indicação é quase sempre cirúrgica. Uma nova técnica é a do grampeamento, que possibilita um pós-operatório mais rápido e indolor. Nas cirurgias convencionais, a cicatrização total leva em média um mês, período em que a pessoa costuma sentir dor durante as evacuações.
Nos casos de hemorróidas externas ou mistas, os cirurgiões costumam optar pela técnica convencional (hemorroidectomia), que pode ser aberta (a cicatrização ocorre espontaneamente), fechada ou semi-fechada.
De acordo com Silveira, a hemorroidectomia aberta permite uma cicatrização mais uniforme. O inconveniente é que a cicatrização é mais lenta e dolorosa.
Na técnica fechada, o principal problema é a perda dos pontos e um risco maior de ocorrer estenose (estreitamento do canal anal). Para os médicos, a cirurgia a laser não provou ser melhor que as outras, especialmente porque a cicatrização costuma ser anômala. "Não há uma técnica superior a outra. A ideal é aquela que o cirurgião está acostumado a fazer", diz Prado-Kobata.
De acordo com os proctologistas, até 10% das pessoas que operaram as hemorróidas podem voltar a apresentar o problema, anos mais tarde, em outras veias.
Fernandes diz que a recidiva pode acontecer em casos em que a cirurgia foi incompleta. "Feita em fase precoce, é possível que fiquem outros mamilos, que vão se desenvolver com o tempo."
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