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16/03/2006 - 11h40

Aceitação é primeiro passo, dizem especialistas

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TATIANA DINIZ
da Folha de S.Paulo

Conhecida por seus textos ácidos, a escritora Clarah Averbuck, 26, diz que é na personalidade incomum que reconhece seu traço mais belo. "Demorei para me achar bonita. Sou nariguda, tenho peitão, minhas olheiras são de panda. Sou vaidosa com isso, cuido do visual, uso maquiagem", diz.

"Mas percebi que o que acho bonito nas pessoas sempre é a personalidade, e a minha personalidade é forte desde quando eu era pequena. Homem bonitinho, com cara de modelo, por exemplo, não me atrai nunca, parece boneco de plástico. Hoje desencanei e me aceito bem", conta.

Os especialistas são unânimes: sem aceitação não há solução. E, nesse contexto, uma intervenção estética brusca pode até mesmo ser desastrosa ou, no mínimo, inútil.

Aos 18 anos, a estilista Ana Cristina Prates Carneiro, 32, decidiu fazer uma lipoaspiração. "Nunca me achei uma baleia, mas todas as minhas amigas estavam fazendo. Então pensei que, se elas podiam ser perfeitas, eu também podia e resolvi afinar as coxas e o quadril."

O primeiro choque foi a recuperação. "Não é uma coisa simples, é doloroso, incômodo e desagradável. Fiquei uma semana na cama, sem prestar para nada. Depois disso, durante um ano, me senti uma modelo. Durou até a briga com o primeiro namorado. Aí engordei pouquíssimo, uns três quilos no máximo, e tudo voltou a ser exatamente como era antes. Aquelas eram as minhas curvas naturais", conta.

Hoje Ana se diverte lembrando-se da história e diz que nunca mais pensou em repetir a dose. "Quando olho minhas fotos de antes da lipo, dou risada de mim mesma. Meu corpo era perfeito. Hoje, minha receita para ser bonita é ser feliz. Quando você se gosta, irradia. Sei muito bem que não vou ter cara de 25 anos para sempre e estou bem com isso", diz.

A atriz Leandra Leal, 23, conta que já teve de responder com sonoros "nãos" a propostas de mudanças bruscas na sua fisionomia. "Já me sugeriram de tudo, de perder peso a fazer plástica no nariz. Como assim mexer no meu nariz? Isso é minha identidade", diz. Há um ano, ela decidiu emagrecer, mas a escolha foi por perder peso de maneira gradual, sem querer resultados imediatos.

"Por causa do trabalho, sempre vivi emagrecendo e engordando. Já fiz essas dietas radicais, com remédios, em que se perde muito peso em pouco tempo. Desta vez, resolvi fazer a coisa pensando na minha saúde. Mudei meus hábitos alimentares e fiz vários tipos de exercício. Não estou tentando ser sarada, o que quero é me sentir bem", relata.

Pesando 13 kg a menos, ela conta que seu corpo mantém suas características. "Meu sutiã continua a ser 44, e eu não entro em uma roupa 38 de jeito nenhum. E entendi que é isso mesmo, que essa é a minha estrutura, e que bom que meu corpo é assim. Infelizmente, a humanidade embarcou nessa piração do culto ao corpo. Espero que agora saiba sair dela."

Dentes

O diastema (separação dos dentes) do consultor de recursos humanos Ary Itnem, 45, levou-o a usar aparelho pôr três anos. "Dava palestras e entrevistas na televisão e sempre achava que aquela separação não correspondia ao padrão. Cheguei a usar uma prótese para disfarçar. Mas, quando finalmente juntei os dentes, não me reconheci. Parecia um coelho. Fui ao dentista e pedi para desfazer. Estava me sentindo muito estranho daquele jeito", conta.

Hoje, com os dentes novamente separados, ele diz se sentir melhor. "Minha mãe tem diastema, meus filhos têm diastema. É uma característica da família. Meus dentes são assim. E, quando assumi isso, vi que os outros nem se preocupam tanto com a minha imagem quanto eu imaginava. A encanação era minha."

Marcas da vida

A professora de italiano Annita Franceschini Cassiano não revela a sua idade, mas diz se orgulhar das rugas que marcam seu rosto a cada vez que ela sorri. "Costumo dizer que envelheci sem querer", brinca.

"Não sei se sou bonita, o que sei é que me sinto bem. Fiz ginástica quando mais jovem, cuidei-me, sou feliz. Estou contente como sou e não gostaria de mudar meu rosto nem meu corpo. Está tudo muito bom assim."

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