22/03/2006
da Folha Online
O Mundial-1938 apresentou uma inovação no regulamento: o atual campeão (Itália) e o país sede (França) tinham classificação automática para a competição, sem a necessidade de participar das eliminatórias continentais. O torneio acabou contando com a presença de apenas 15 seleções, pois a Áustria, que estava classificada, havia sido anexada pela Alemanha de Adolf Hitler.
Disputada no mesmo sistema de 1934 (jogos eliminatórios), a Copa-1938 viu as quatro seleções de melhor ataque alcançarem as semifinais --Hungria, Itália, Suécia e Brasil. Enquanto os italianos superaram o Brasil por 2 a 1, os húngaros não tiveram problema para golear os suecos por 5 a 1. As duas seleções chegaram à final ostentando três vitórias em três jogos.
Os italianos, que eram os atuais campeões mundiais e olímpicos, acabaram vencendo a Hungria por 4 a 2 e levantaram o bicampeonato. Os únicos titulares remanescentes do time campeão de 1934 eram o meia Giuseppe Meazza e o atacante Giovanni Ferrari. Guido Masetti e Eraldo Monzegli também fizeram parte dos grupos campeões nas duas Copas.
Depois dos fracassos em 1930 e 1934, o Brasil realmente apresentou uma seleção capaz de ganhar o título. Na estréia, venceu a Polônia na prorrogação por 6 a 5 após empate em 4 a 4 no tempo normal. Na fase seguinte, a equipe empatou em 1 a 1 com a Tchecoslováquia. Com isso, foi realizada uma partida desempate, e os brasileiros venceram por 2 a 1. Na semifinal, perderam para a Itália por 2 a 1. Na decisão do terceiro lugar, ganharam da Suécia por 4 a 2.
Leônidas da Silva foi o grande nome da Copa. Pela primeira vez, um brasileiro foi o artilheiro do Mundial. Logo na estréia, fez três gols na vitória por 6 a 5 contra a Polônia. Nas quartas, o Brasil precisou de dois jogos para vencer a Tchecoslováquia: 1 a 1 no primeiro e 2 a 1 no desempate, com gols de Leônidas nas duas partidas. Nas semifinais, contra a Itália, Leônidas acabou não jogando. Mas, na disputa do terceiro lugar, fez dois na vitória por 4 a 2 sobre a Suécia.
O termo "domingada" é utilizado para designar um jogada em que o zagueiro perde a bola por excesso de confiança, e foi batizado assim em referência ao pênalti que o zagueiro brasileiro Domingos da Guia cometeu na semifinal contra Itália.
Nos 18 jogos realizados em 1938, foram marcados 84 gols, média de 4,66 por partida --a segunda melhor da história das Copas. O público total que compareceu aos estádios franceses foi de 483 mil, média de 26.833 por partida.
A Alemanha havia anexado a Áustria. Com isso, a seleção austríaca, que havia conquistado a vaga nas eliminatórias, acabou não podendo participar e ainda teve alguns de seus jogadores obrigados a jogar pela Alemanha.
Influenciado pelo regime fascista, o jornal "La Gazzetta dello Sport" comemorou com o seguinte texto a vitória de sua seleção sobre o Brasil por 2 a 1, nas semifinais: "Saudamos o triunfo da inteligência italiana sobre a força bruta dos negros".
À véspera da decisão contra a Hungria, os jogadores italianos receberam um telegrama de Benito Mussolini. Nele, o ditador foi enfático: "É vencer ou morrer". Ao final do jogo, Szabo, goleiro húngaro, teve boa desculpa: "Salvamos a vida de 11 homens".
História
ANDRÉ LUÍS NERYda Folha Online
| 2002 | 1998 | 1994 | 1990 | 1986 | 1982 | 1978 | 1974 | 1970 |
| 1966 | 1962 | 1958 | 1954 | 1950 | 1938 | 1934 | 1930 |
1938 - França
Classificação1º Itália2º Hungria 3º Brasil 4º Suécia |
Artilheiros8 gols - Leônidas da Silva (BRA/atacante)6 gols - Gyula Zsengellér (HUN/atacante) 5 gols - Silvio Piola (ITA/atacante) |
Arquivo
Lance da semifinal entre Itália e Brasil
Disputada no mesmo sistema de 1934 (jogos eliminatórios), a Copa-1938 viu as quatro seleções de melhor ataque alcançarem as semifinais --Hungria, Itália, Suécia e Brasil. Enquanto os italianos superaram o Brasil por 2 a 1, os húngaros não tiveram problema para golear os suecos por 5 a 1. As duas seleções chegaram à final ostentando três vitórias em três jogos.
Os italianos, que eram os atuais campeões mundiais e olímpicos, acabaram vencendo a Hungria por 4 a 2 e levantaram o bicampeonato. Os únicos titulares remanescentes do time campeão de 1934 eram o meia Giuseppe Meazza e o atacante Giovanni Ferrari. Guido Masetti e Eraldo Monzegli também fizeram parte dos grupos campeões nas duas Copas.
BRASIL
Depois dos fracassos em 1930 e 1934, o Brasil realmente apresentou uma seleção capaz de ganhar o título. Na estréia, venceu a Polônia na prorrogação por 6 a 5 após empate em 4 a 4 no tempo normal. Na fase seguinte, a equipe empatou em 1 a 1 com a Tchecoslováquia. Com isso, foi realizada uma partida desempate, e os brasileiros venceram por 2 a 1. Na semifinal, perderam para a Itália por 2 a 1. Na decisão do terceiro lugar, ganharam da Suécia por 4 a 2. DESTAQUE
Leônidas da Silva foi o grande nome da Copa. Pela primeira vez, um brasileiro foi o artilheiro do Mundial. Logo na estréia, fez três gols na vitória por 6 a 5 contra a Polônia. Nas quartas, o Brasil precisou de dois jogos para vencer a Tchecoslováquia: 1 a 1 no primeiro e 2 a 1 no desempate, com gols de Leônidas nas duas partidas. Nas semifinais, contra a Itália, Leônidas acabou não jogando. Mas, na disputa do terceiro lugar, fez dois na vitória por 4 a 2 sobre a Suécia. CURIOSIDADES
O termo "domingada" é utilizado para designar um jogada em que o zagueiro perde a bola por excesso de confiança, e foi batizado assim em referência ao pênalti que o zagueiro brasileiro Domingos da Guia cometeu na semifinal contra Itália.
Nos 18 jogos realizados em 1938, foram marcados 84 gols, média de 4,66 por partida --a segunda melhor da história das Copas. O público total que compareceu aos estádios franceses foi de 483 mil, média de 26.833 por partida.
A Alemanha havia anexado a Áustria. Com isso, a seleção austríaca, que havia conquistado a vaga nas eliminatórias, acabou não podendo participar e ainda teve alguns de seus jogadores obrigados a jogar pela Alemanha.
Influenciado pelo regime fascista, o jornal "La Gazzetta dello Sport" comemorou com o seguinte texto a vitória de sua seleção sobre o Brasil por 2 a 1, nas semifinais: "Saudamos o triunfo da inteligência italiana sobre a força bruta dos negros".
À véspera da decisão contra a Hungria, os jogadores italianos receberam um telegrama de Benito Mussolini. Nele, o ditador foi enfático: "É vencer ou morrer". Ao final do jogo, Szabo, goleiro húngaro, teve boa desculpa: "Salvamos a vida de 11 homens".
