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Da Grécia a Sydney

Cronologia
 
Fé religiosa, temor aos deuses, dedicação, disciplina, respeito às regras e à hierarquia foram a base das Olimpíadas da Antiguidade

Da Grécia a Sydney, 2.777 anos de história

LAURET GODOY ESPECIAL
PARA A FOLHA


A cada quatro anos, os meios de comunicação ficam repletos de notícias sobre os Jogos Olímpicos.

A trajetória de campeões do passado e a expectativa de participantes do presente mesclam-se em primorosos textos e imagens.

Diante do aperfeiçoamento tecnológico da atualidade, fica difícil acreditar que o maior desafio esportivo da era moderna originou-se há quase 3.000 anos. E foi isso, exatamente, o que aconteceu.

As raízes do movimento olímpico estão na Grécia Antiga, fincadas nas fantásticas histórias da mitologia, na fé religiosa, no amor pelas atividades físicas e no permanente cuidado com a elevação moral e espiritual do indivíduo.

Em todas as manifestações culturais da Grécia encontramos a presença marcante do esporte como elemento inspirador, educador, unificador e socializador.

Sua prática acontecia nos ginásios, espécie de escola superior no preparo físico-intelectual dos jovens. Ali, sob severa disciplina, os efebos eram instruídos para a carreira militar, desfrutavam horas de repouso, treinavam para os jogos públicos e conviviam com artistas e filósofos, absorvendo experiência e sabedoria. Inserida no programa educacional, a atividade física via-se valorizada.

Os Jogos Olímpicos foram criados para homenagear Zeus, “Pai Universal” e depositário das leis do mundo, deus dos conselhos prudentes, imagem da Justiça e da razão, da ordem e da autoridade.
Da mesma forma que o poderoso Zeus era considerado o supremo rei do Olimpo, os jogos públicos a ele dedicados eram os soberanos de todos os confrontos esportivos levados a efeito na Grécia Antiga. Representaram uma solenidade de tão elevada expressão que é difícil imaginar outra semelhante em qualquer época ou qualquer lugar do mundo.

O maior encontro pacífico entre os povos gregos começava com a suspensão de conflitos, por meio da trégua sagrada: “Que o mundo esteja livre do crime, do assassinato e do ruído das armas”.

As competições realizavam-se a cada quatro anos em Olímpia, local onde o deus era especialmente venerado. Disse Filostrato: “É um lugar na Arcádia, o mais famoso de lá e a grande alegria de Zeus. Nós o chamamos Olímpia”.

O evento alcançou destaque pelo expressivo número de participantes, espectadores, grande repercussão político-social e por encerrar elevado espírito unificador. Enquanto houve fé religiosa e temor aos deuses, dedicação e disciplina, respeito à hierarquia e às regras, os Jogos floresceram.

Modificadas essas características, deterioram-se, acompanhando o declínio da Grécia. Enfraquecidos, os gregos foram subjugados pelos macedônios e, mais tarde,2 pelos exércitos romanos.

Para os gregos, a saúde caminhava lado a lado com a atividade física. A prática esportiva estava associada ao enobrecimento espiritual. Os romanos pensavam diferente. E, no ano de 393, após 12 séculos de realização ininterrupta, Teodósio 1º aboliu o festival que representou uma das mais extraordinárias contribuições da Grécia à história da humanidade.

Devidamente oficializado, o cristianismo espalhava-se por Roma e seus domínios. Desenvolvia-se uma nova sociedade, com outros valores culturais e religiosos. Nela, não havia lugar para as festas pagãs...

Lauret Godoy, ex-campeã brasileira e sul-americana de atletismo, na prova do revezamento 4 x 100 m, é autora do livro “Os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga”, da editora Nova Alexandria


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