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12/06/2001 - 12h09

Leia entrevista com os Titãs publicada na Folha em 98

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da Folha Online

Mais de cem leitores lotaram o auditório da Folha, no Evento Folhateen!, onde tiveram um encontro com os titãs Paulo Miklos, Nando Reis, Tony Bellotto, Branco Mello, Marcelo Fromer e Charles Gavin.

Em um bate-papo animado o grupo falou do novo disco, das críticas, dos planos para o futuro e da sensação de envelhecer. Confira abaixo os melhores momentos do encontro.

Doriva - Vocês estão no mundo acústico. Pretendem voltar a fazer um som com guitarra, como o que vocês faziam antigamente?

Tony Bellotto - O show que a gente está preparando é bem diferente do acústico. Ele vai ter uma parte de acústica, mas a maior parte do show vai ter a volta das guitarras.

Marcos Lima - Tenho uma banda cover, e a gente procura ao máximo fazer o som mais parecido com o que vocês fazem. Como a gente pode adquirir partituras das músicas, até dos instrumentos de cordas, violino, violoncelo...?

Marcelo Fromer - No que diz respeito aos instrumentos de corda, a gente tem a partitura, agora, naturalmente, a gente nem toca com partitura, porque não sabe ler música, né? É especialidade minha e do Bellotto. A gente não sabe ler música, a gente é autodidata. Aprendemos juntos a tocar violão e guitarra, na raça. A banda foi formada um pouco assim. Até por isso nossas bases são muito simples. Acho que agora, nos últimos tempos, isso é uma coisa um pouco mais rebuscada. Liga pra gente, e a gente passa pra você. Se for o caso de ajudar a banda a tirar alguma coisa que você não saiba, a gente troca o contato e passa pra você.

Tony - A pergunta vem a calhar. A gente tem o desejo de fazer algum dia um song book bem completo. É uma boa idéia a gente começar a pensar nisso.

Viviane L. de Souto - Queria desejar muito sucesso para vocês, que vendam mais, tanto quanto o disco acústico, uma boa recuperação para o Branco... O que vocês acham das pessoas que criticam vocês por terem feito o CD acústico?

Nando Reis - Eu acho que a gente tem de fazer uma diferenciação entre aquela crítica que fala sobre música e uma outra, que é agressiva, ataca. Em geral, no Brasil tudo o que faz sucesso é discriminado. Então a gente não se interessa, não se importa muito com essas opiniões, não é verdade? A gente prefere mais esse tipo de reconhecimento. Uma platéia tão diminuta como essa, de 120 pessoas, é mais significativa que 1,7 milhão de cópias. É por isso que a gente toca.

Veridiana - O que vocês acham do público novo?

Fromer - Bom, eu acho que está acontecendo uma coisa legal no Brasil. Esse público novo está em contato com mais músicas, eu acho que as pessoas mais jovens estão sacando que não precisa ter preconceito com música. Você pode gostar de vários estilos. Eu acho que a gente, também, representa um pouco desse poder de navegar por vários universos da música, por vários estilos, poder tocar reggae, rock, MPB. Eu acho que essa juventude está aprendendo que o Brasil é uma grande mistura de tudo.

Carolina R. Barreto - Bellotto, quando você escreveu a música "Caras como Eu'', estava se sentindo velho?

Tony - Não, é natural, assim, depois de tanto tempo tocando com os Titãs, eu já tenho 38 anos e vários filhos. É natural que uma hora você comece a pensar nisso. Você vai ficando mais velho, já não tem 18 anos, e eu pensei muito, quando estava fazendo a música, nos Titãs. A gente está junto há 16 anos. Era diferente quando a gente começou, o tempo mudou, todos nós já somos diferentes, mas o espírito continua o mesmo. O amor que sentimos pelo nosso serviço continua o mesmo. A música fala um pouco sobre isso. Agora, é claro que o tempo vai passando, e você vai sentindo algumas mudanças, algumas limitações, e ao mesmo tempo, também, as novas descobertas, e tal. Mas a música fala um pouco sobre isso, de estar envelhecendo e perceber isso.

Mônica - Se o Roberto Carlos quisesse gravar uma música com vocês, qual música vocês ofereceriam a ele, já que vocês gravaram "É Preciso Saber Viver"?

Nando - Se acontecesse isso, a gente falaria: "Pô, escolhe!". "A que você escolher, você leva." Isso seria uma honra para a gente. No especial de fim de ano, que a gente fez com ele no ano passado, ele cantou "Pra Dizer Adeus", e ficou super legal. Qualquer uma.

Mônica - Eu queria desejar toda a sorte do mundo pra vocês, pro Branco; que você se recupere e que esteja na estrada com a gente mais e mais....

Eduardo S. de Mello - Branco, na carreira da banda, vocês tiveram relações com o punk rock. O que vocês acham desse movimento?

Branco - É, eu acho que um dos elementos desde o começo foi esse. A gente sempre teve uma influência estética, principalmente da música punk. Até por uma identificação de a agente ter começado a aprender a tocar, a lidar com música, já no palco, fazendo música. Na época existia uma certa coisa que ligava todos os estudantes, que era um jeito de pensar em música que tem um pouco daqueles elementos da música punk dos 70, começo dos 80. Eu acho que até hoje, mesmo depois de 16 anos, são elementos que a gente incorporou, como a música punk, obviamente misturada com várias outras influências que pode ter um grupo com sete pessoas.

Clarice - Quero dizer, primeiro, que o Tony está muito elegante, e todo mundo deve achar, até porque ele só usa essa roupa... (risos). Numa boa, sabe? Qual o próximo clipe que vocês vão fazer? E o que aconteceu com a Dona Nenê?

Branco - O próximo clipe que a gente vai fazer é da música "Insensível", que foi escolhida pela gravadora para tocar no rádio. A gente deve trabalhar com o pessoal da Conspiração Filmes, que fez o outro clipe ("É Preciso Saber Viver"). A gente está com idéia de lidar com filmes antigos, da década de 60, e acho que vai dar um caldo legal. Ou seja, é segredo, a gente não vai adiantar nada. Vamos à Dona Nenê. Realmente, é um mistério até hoje. Ninguém sabe onde ela está. Se alguém tiver alguma informação...

Clarice - Nós temos uma teoria, que é assim: entrou uma outra, que é a Dona Jurema e, por ciúme, ela sequestrou a Dona Nenê.

João Paulo - Eu queria que vocês fizessem uma relação entre a primeira fase ("Será que é Isso que Eu Necessito") e a fase atual. Quanto à questão da comercialização da música, vocês criticaram os Racionais, meteram o pau, né? O Marcelo...

Frommer - Eu não meti o pau neles, não, até porque eu gosto deles. O que eu disse foi para um repórter, depois de ter tomado alguns vinhos. É porque eu implico com a crítica. Porque é aquela coisa: teve uma época em nossa carreira, em que as mesmas pessoas que, na época de "Cabeça Dinossauro", diziam "são cabeças, são cabeças", de uma hora para a outra te transformavam em um cabeça, só que um cabeça-de-bagre, entendeu? Então é uma relação meio esquisita. E aí, ele veio falar dos prêmios da MTV, e não sei o que, e tal... Começou a me esterilizar. E eu disse: "Foda-se!". Então, fodam-se os Racionais. Foda-se que eles ganharam. Eles são os seus queridos agora, então manda bronca. Não são os meus queridos. Os meus queridos são os Titãs ou seja lá o que for. Depois vêm os Racionais, em segundo lugar. Então foi isso, quer dizer, foi uma indisposição com um cara que estava provocando. Puta, eu aceitei a provocação. Não vou mais aceitar.

Beatriz - Eu tive a oportunidade de ouvir três músicas do CD do Nando, achei maravilhosas. Infelizmente, não encontro os CDs. Não sei quem compôs "Caras Como Eu", mas, quando ouvi essa música, achei que foi uma despedida de vocês. Será que estou enganada?

Bellotto - Posso responder a última? Foi eu que fiz "Caras Como Eu". Não é, de maneira alguma, uma despedida. Pelo contrário, pode ser até um disco ao contrário, como um recomeço, a gente exercitando a capacidade de compor, de criar música de uma maneira adequada ao que a gente está sentindo, ao momento, à idade. Não que você vá fazer uma música porque você é mais velho ou mais novo, mas é poder dizer o que você está querendo dizer. O que você está pensando sobre a vida, ter essa liberdade. A gente sempre se deu esse direito. Então, nesse sentido, ela afirma uma novidade como qualquer outra composição nossa. Acho que uma despedida não seria uma música. A nossa despedida provavelmente será silenciosa, não vai ser fazendo música.

Marcos Alexandre - Eu li em um jornal de São Bernardo que vocês se autodestruíram com esse disco, deram a cotação "ruim" para o CD novo. O que vocês acham disso?

Nando - Eu responderia com essa frase que você está ostentando na sua camiseta. Diria: "Qual é o problema, seu bosta?".

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