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15/09/2001
-
06h32
da Folha de S.Paulo
Os versos de "Tem Gente com Fome", do primeiro livro de Solano Trindade, "Poemas de uma Vida Simples", publicado em 1944, levaram o poeta para a cadeia, por ordem expressa do presidente Eurico Gaspar Dutra.
Um ano depois da prisão, o escritor fundou, com o amigo Abdias do Nascimento, o Teatro Experimental do Negro (TEN), no Rio de Janeiro. A peça de estréia, "Imperador Jones", provocou revolta na classe média conservadora e rendeu muitos protestos.
Em editorial, o jornal carioca "O Globo" disse que o espetáculo era obra de "um grupo palmarista (referência ao Quilombo dos Palmares) tentando criar problema artificial no país".
Engajamento
Durante toda a sua trajetória, Solano Trindade enfrentou contratempos dessa natureza. Tanto com os poemas e encenações como no engajamento político para combater o racismo.
"Se hoje há resistência e teimosia em acabar com o racismo, imaginem o que significava fazer teatro com esse teor há 60 anos atrás", afirma a professora Inaldete Andrade, do Recife, que atua em comunidades de remanescentes de escravos em Pernambuco e prepara uma nova antologia do autor.
Segundo Darcy Ribeiro, que tratou da militância do poeta no seu livro "Aos Trancos e Barrancos -°Como o Brasil Deu no que Deu", de 1985, o grupo TEN funcionou como um núcleo ativo de conscientização dos negros, para assumirem orgulhosamente sua identidade e lutarem contra a discriminação.
Solano Trindade, que nasceu no Recife em 1908, filho do sapateiro Manuel Abílio e da quituteira Emerenciana, atuou, além do Rio, nos Estados de Minas, Rio Grande do Sul e São Paulo. Fundou, nos anos 60, na cidade do Embu, na região metropolitana, o núcleo cultural que contribuiu para o atual batismo de Embu das Artes.
Raquel, filha do poeta, fundou e mantém até hoje, naquele município, um grupo de teatro popular com o nome do pai.
(XS)
Versos levaram escritor Solano Trindade à prisão
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Os versos de "Tem Gente com Fome", do primeiro livro de Solano Trindade, "Poemas de uma Vida Simples", publicado em 1944, levaram o poeta para a cadeia, por ordem expressa do presidente Eurico Gaspar Dutra.
Um ano depois da prisão, o escritor fundou, com o amigo Abdias do Nascimento, o Teatro Experimental do Negro (TEN), no Rio de Janeiro. A peça de estréia, "Imperador Jones", provocou revolta na classe média conservadora e rendeu muitos protestos.
Em editorial, o jornal carioca "O Globo" disse que o espetáculo era obra de "um grupo palmarista (referência ao Quilombo dos Palmares) tentando criar problema artificial no país".
Engajamento
Durante toda a sua trajetória, Solano Trindade enfrentou contratempos dessa natureza. Tanto com os poemas e encenações como no engajamento político para combater o racismo.
"Se hoje há resistência e teimosia em acabar com o racismo, imaginem o que significava fazer teatro com esse teor há 60 anos atrás", afirma a professora Inaldete Andrade, do Recife, que atua em comunidades de remanescentes de escravos em Pernambuco e prepara uma nova antologia do autor.
Segundo Darcy Ribeiro, que tratou da militância do poeta no seu livro "Aos Trancos e Barrancos -°Como o Brasil Deu no que Deu", de 1985, o grupo TEN funcionou como um núcleo ativo de conscientização dos negros, para assumirem orgulhosamente sua identidade e lutarem contra a discriminação.
Solano Trindade, que nasceu no Recife em 1908, filho do sapateiro Manuel Abílio e da quituteira Emerenciana, atuou, além do Rio, nos Estados de Minas, Rio Grande do Sul e São Paulo. Fundou, nos anos 60, na cidade do Embu, na região metropolitana, o núcleo cultural que contribuiu para o atual batismo de Embu das Artes.
Raquel, filha do poeta, fundou e mantém até hoje, naquele município, um grupo de teatro popular com o nome do pai.
(XS)
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