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26/11/2001
-
08h18
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo
"Alô, Alô, Carnaval" (1936), de Adhemar Gonzaga (1901-78), renascerá aos 66. Precursor das chanchadas, registro cinematográfico de artistas como Lamartine Babo, Francisco Alves, Mário Reis e as irmãs Aurora e Carmen Miranda, deve ter sua restauração concluída em fevereiro de 2002.
Além de contar com duas novas matrizes -uma no formato quadrado original e outra adaptada para as retangulares telas contemporâneas-, o filme será remontado de forma a deixá-lo praticamente idêntico à versão original.
"Em 74, quando ele fez a última remontagem, reclamou que não havia encontrado alguns rolos", diz Hernani Heffner, curador do acervo da Cinédia e vice-presidente do Instituto para a Preservação do Cinema Brasileiro.
O pesquisador explica que, ao longo dos anos 50, "Alô, Alô, Carnaval" sofreu várias remontagens. "Foram suprimidas a abertura do filme e cenas de piadas, provavelmente por se referirem a personagens não mais conhecidos ou para encurtar o filme, permitindo a realização de mais sessões", diz.
O fato é que Gonzaga, diretor e fundador da Cinédia, com a interrupção das atividades da empresa, não tinha mais o controle sobre seu acervo e não teve meios de evitar as interferências. "Por milagre", diz Heffner, os rolos suprimidos foram entregues, nos anos 80, à Cinemateca do MAM, que, depois, devolveu-os à Cinédia.
As matrizes, "muito danificadas", estão sendo recuperadas quadro a quadro. De tão minucioso, o processo não avança além de dois minutos e meio de película ao dia. Estima-se que no mês que vem a recuperação da imagem deva estar pronta. O próximo passo será o tratamento do som.
"Nosso objetivo é recuperar elementos visuais e sonoros que o tempo tinha, senão apagado, tornado pouco legíveis. Eliminamos bolhas e deformações que a imagem ganha com o tempo. Quanto ao som, faremos uma restauração em dolby, que pretende apagar o máximo possível as interferências, mas mantendo o espírito sonoro do filme. Por isso o resultado não será em dolby digital."
A montagem só não será idêntica à da primeira versão porque respeitará uma mudança promovida pelo próprio diretor.
"Na primeira exibição do filme, o final era com Francisco Alves cantando. Mais tarde, Gonzaga reconheceu a repercussão popular de Carmen Miranda e transferiu o seu número para o fim. Hoje é inconcebível ver o filme sem esperar por Carmen e Aurora no final."
Alice Gonzaga, filha de Adhemar Gonzaga e diretora-superintendente da Cinédia, participou ontem, no 34º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, do encontro do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, que teve como painel "Preservação da Memória Cinematográfica - Adhemar Gonzaga e a Cinédia".
"Todos os filmes são meus filhos. Cada filme que recupero é como um filho que volta para o lar", disse. A restauração de "Alô, Alô, Carnaval" está orçada em R$ 267 mil e tem patrocínio da Petrobras. A cópia restaurada deverá ser exibida em fevereiro, no Cine Odeon, no Rio, e circular em seguida por festivais e mostras.
Filme "Alô, Alô, Carnaval" ganha restauração até fevereiro
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da Folha de S.Paulo
"Alô, Alô, Carnaval" (1936), de Adhemar Gonzaga (1901-78), renascerá aos 66. Precursor das chanchadas, registro cinematográfico de artistas como Lamartine Babo, Francisco Alves, Mário Reis e as irmãs Aurora e Carmen Miranda, deve ter sua restauração concluída em fevereiro de 2002.
Além de contar com duas novas matrizes -uma no formato quadrado original e outra adaptada para as retangulares telas contemporâneas-, o filme será remontado de forma a deixá-lo praticamente idêntico à versão original.
"Em 74, quando ele fez a última remontagem, reclamou que não havia encontrado alguns rolos", diz Hernani Heffner, curador do acervo da Cinédia e vice-presidente do Instituto para a Preservação do Cinema Brasileiro.
O pesquisador explica que, ao longo dos anos 50, "Alô, Alô, Carnaval" sofreu várias remontagens. "Foram suprimidas a abertura do filme e cenas de piadas, provavelmente por se referirem a personagens não mais conhecidos ou para encurtar o filme, permitindo a realização de mais sessões", diz.
O fato é que Gonzaga, diretor e fundador da Cinédia, com a interrupção das atividades da empresa, não tinha mais o controle sobre seu acervo e não teve meios de evitar as interferências. "Por milagre", diz Heffner, os rolos suprimidos foram entregues, nos anos 80, à Cinemateca do MAM, que, depois, devolveu-os à Cinédia.
As matrizes, "muito danificadas", estão sendo recuperadas quadro a quadro. De tão minucioso, o processo não avança além de dois minutos e meio de película ao dia. Estima-se que no mês que vem a recuperação da imagem deva estar pronta. O próximo passo será o tratamento do som.
"Nosso objetivo é recuperar elementos visuais e sonoros que o tempo tinha, senão apagado, tornado pouco legíveis. Eliminamos bolhas e deformações que a imagem ganha com o tempo. Quanto ao som, faremos uma restauração em dolby, que pretende apagar o máximo possível as interferências, mas mantendo o espírito sonoro do filme. Por isso o resultado não será em dolby digital."
A montagem só não será idêntica à da primeira versão porque respeitará uma mudança promovida pelo próprio diretor.
"Na primeira exibição do filme, o final era com Francisco Alves cantando. Mais tarde, Gonzaga reconheceu a repercussão popular de Carmen Miranda e transferiu o seu número para o fim. Hoje é inconcebível ver o filme sem esperar por Carmen e Aurora no final."
Alice Gonzaga, filha de Adhemar Gonzaga e diretora-superintendente da Cinédia, participou ontem, no 34º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, do encontro do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, que teve como painel "Preservação da Memória Cinematográfica - Adhemar Gonzaga e a Cinédia".
"Todos os filmes são meus filhos. Cada filme que recupero é como um filho que volta para o lar", disse. A restauração de "Alô, Alô, Carnaval" está orçada em R$ 267 mil e tem patrocínio da Petrobras. A cópia restaurada deverá ser exibida em fevereiro, no Cine Odeon, no Rio, e circular em seguida por festivais e mostras.
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