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03/12/2001
-
04h11
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo
Ao se inteirar sobre a volta da Banda Black Rio, você vai logo pensar: "Ah, mas não é a verdadeira Black Rio". Porque, de fato, na formação que lança agora o disco "Movimento" só há um remanescente da versão clássica da banda, que liderou e orientou uma febre de black music e funk carioca no final dos anos 70.
Mas, olhando mais de perto, as coisas vão um pouco além da presença de Lúcio Trombone, 51, membro fundador do grupo. Quem lidera a nova BBR é William Magalhães, 35, filho de Oberdan Magalhães (1945-84), que foi o mentor e líder da banda até sua morte precoce, em 84, em um acidente de carro.
Aí há talvez a maior novidade: embora não seja um membro efetivo da banda, o soulman Cassiano, 58, tem participação ativa em "Movimento", como arranjador, compositor e eventual cantor. São suas primeiras gravações em dez anos, e as negociações estão adiantadas para que possa fazer um novo disco solo, pela mesma Regata que lança agora a BBR.
A associação entre Cassiano e Black Rio se justifica: Oberdan esteve presente em várias das mais importantes gravações do autor de "Primavera" e "Coleção".
Justificam-se, também, algumas ausências entre os integrantes da Black Rio: com a diáspora após a morte de Oberdan, o pianista Cristóvão Bastos virou maestro e acompanha Nana Caymmi; o baixista Jamil Joanes é músico de João Bosco; o guitarrista Cláudio Stevenson morreu em 87. William justifica outra ausência, do trompetista Barrosinho: "Ele tocava com meu pai 30 anos antes da banda e teve uma relação dolorosa com sua morte.
Meu pai costumava dizer "o dia que eu morrer a Black Rio morre comigo",
mas para mim dizia diferente".
Com músicos jovens na nova formação, não se trata de uma "Black Rio Jr.", diz. "Diria que é uma Black Rio contemporânea, com um disco de transição. Mas em faixas como "Samba Blum" e "Nova Guanabara" há elementos que só a Black Rio usou."
Lúcio Trombone, que após a BBR tocou com artistas como Gilberto Gil, Tim Maia, Luiz Melodia e Alcione, relembra sua relação com Oberdan: "Eu era garotão, tocava em gafieiras. Foi ele quem me sacou. Era um caça-talentos, o que é incomum, pois, quando um músico se destaca, em geral não procura mais ninguém".
William fala do que o moveu a enfrentar a empreitada: "O som Black Rio se promoveu por ele mesmo. Quando fui para Londres, achei um vinil por 100 libras. Aquilo era a cultura da minha família, que é muito musical.
Isso me despertou a vontade, achei que podia dar continuidade".
Há anos tocando com artistas como Gilberto Gil e Rita Lee, ele fala sobre as dificuldades de remontar a banda do pai: "A Black Rio deixou um caminho difícil de ser desvendado. Eles não gravavam com partitura, tive que pesquisar. Lúcio Trombone ajudou muito na reconstituição, foram dois anos de pré-produção".
Apesar do trabalho de reconstituição, "Movimento" não comporta regravações da Black Rio -a única releitura é de "Mistério da Raça" (80), de Luiz Melodia, com quem a banda gravou antes mesmo de ser batizada, em "Maravilhas Contemporâneas" (76).
Sobre a volta, Lúcio fecha a tampa: "Tinha medo do projeto pela possibilidade de não chegar a 40% do que era. Hoje sei que não chegamos perto de 100%, mas chegamos bem adiante. Oberdan ficaria orgulhoso, como eu estou".
Banda Black Rio volta com nova formação
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da Folha de S.Paulo
Ao se inteirar sobre a volta da Banda Black Rio, você vai logo pensar: "Ah, mas não é a verdadeira Black Rio". Porque, de fato, na formação que lança agora o disco "Movimento" só há um remanescente da versão clássica da banda, que liderou e orientou uma febre de black music e funk carioca no final dos anos 70.
Mas, olhando mais de perto, as coisas vão um pouco além da presença de Lúcio Trombone, 51, membro fundador do grupo. Quem lidera a nova BBR é William Magalhães, 35, filho de Oberdan Magalhães (1945-84), que foi o mentor e líder da banda até sua morte precoce, em 84, em um acidente de carro.
Aí há talvez a maior novidade: embora não seja um membro efetivo da banda, o soulman Cassiano, 58, tem participação ativa em "Movimento", como arranjador, compositor e eventual cantor. São suas primeiras gravações em dez anos, e as negociações estão adiantadas para que possa fazer um novo disco solo, pela mesma Regata que lança agora a BBR.
A associação entre Cassiano e Black Rio se justifica: Oberdan esteve presente em várias das mais importantes gravações do autor de "Primavera" e "Coleção".
Justificam-se, também, algumas ausências entre os integrantes da Black Rio: com a diáspora após a morte de Oberdan, o pianista Cristóvão Bastos virou maestro e acompanha Nana Caymmi; o baixista Jamil Joanes é músico de João Bosco; o guitarrista Cláudio Stevenson morreu em 87. William justifica outra ausência, do trompetista Barrosinho: "Ele tocava com meu pai 30 anos antes da banda e teve uma relação dolorosa com sua morte.
Meu pai costumava dizer "o dia que eu morrer a Black Rio morre comigo",
mas para mim dizia diferente".
Com músicos jovens na nova formação, não se trata de uma "Black Rio Jr.", diz. "Diria que é uma Black Rio contemporânea, com um disco de transição. Mas em faixas como "Samba Blum" e "Nova Guanabara" há elementos que só a Black Rio usou."
Lúcio Trombone, que após a BBR tocou com artistas como Gilberto Gil, Tim Maia, Luiz Melodia e Alcione, relembra sua relação com Oberdan: "Eu era garotão, tocava em gafieiras. Foi ele quem me sacou. Era um caça-talentos, o que é incomum, pois, quando um músico se destaca, em geral não procura mais ninguém".
William fala do que o moveu a enfrentar a empreitada: "O som Black Rio se promoveu por ele mesmo. Quando fui para Londres, achei um vinil por 100 libras. Aquilo era a cultura da minha família, que é muito musical.
Isso me despertou a vontade, achei que podia dar continuidade".
Há anos tocando com artistas como Gilberto Gil e Rita Lee, ele fala sobre as dificuldades de remontar a banda do pai: "A Black Rio deixou um caminho difícil de ser desvendado. Eles não gravavam com partitura, tive que pesquisar. Lúcio Trombone ajudou muito na reconstituição, foram dois anos de pré-produção".
Apesar do trabalho de reconstituição, "Movimento" não comporta regravações da Black Rio -a única releitura é de "Mistério da Raça" (80), de Luiz Melodia, com quem a banda gravou antes mesmo de ser batizada, em "Maravilhas Contemporâneas" (76).
Sobre a volta, Lúcio fecha a tampa: "Tinha medo do projeto pela possibilidade de não chegar a 40% do que era. Hoje sei que não chegamos perto de 100%, mas chegamos bem adiante. Oberdan ficaria orgulhoso, como eu estou".
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