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30/03/2002
-
03h48
CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo
A "busca" continua, agora remodelada. A grande catedral literária francesa, "Em Busca do Tempo Perdido", está de cara nova nas livrarias brasileiras.
Originalmente dividida em sete volumes, a obra-prima que Marcel Proust escreveu entre 1907 e 1922, ano de sua morte, ganha uma nova edição no Brasil, desta vez em três tomos.
O conteúdo muda pouco. O projeto traz a mesma tradução que a Ediouro havia lançado em 1992, a cargo do poeta carioca Fernando Py, que apenas revisou seu próprio trabalho, agora embalado em uma caixa de papelão roxa com o dizer "Em Busca do Tempo Perdido - Obra Completa".
A empreitada vale registro ainda assim. Antes desse lançamento, há dez anos, o mercado brasileiro só tinha uma versão nacional de "À la Recherche du Temps Perdu", nome original da obra.
A primeira, publicada no início dos anos 50 pela antiga editora Globo (antes sediada em Porto Alegre), havia sido feita em dez mãos (e que mãos!).
O poeta Mario Quintana traduzira "No Caminho de Swan", "À Sombra das Raparigas em Flor", "O Caminho de Guermantes" e "Sodoma e Gomorra", para só então passar a bola.
O quinto volume, "A Prisioneira", ficou a cargo de Manuel Bandeira em parceria com Lourdes Sousa de Alencar.
Carlos Drummond de Andrade, com "A Fugitiva", e Lúcia Miguel Pereira, com "O Tempo Redescoberto", completaram a empreitada da primeira versão nacional.
Desde então, mesmo 15 anos depois que os direitos autorais da obra caíram em domínio público, a única tradução foi a de Py, o único até aqui a fazer o trabalho todo.
Se a primeira tradução ganha em prestígio (e no estofo literário dos tradutores, que vez ou outra vem à tona), o trabalho do poeta carioca, que já traduziu mais de 30 livros -incluindo o inacabado romance proustiano "Jean Santeuil" e a grande biografia do autor, de Georges Painter- tem algumas vantagens.
Proust morreu antes de concluir a publicação da obra, e não chegou a fazer a revisão final nem dos livros que editou em vida.
A primeira edição crítica saiu na França em 1954. Py usou a que, na época em que traduziu pela primeira vez a "Recherche", era considerada a versão definitiva, a feita em 1987 pela Gallimard.
As mudanças promovidas pelo tradutor da Ediouro são visíveis já nos títulos. Como anotou o articulista da Folha Arthur Nestrovski, em texto sobre a primeira edição de Py, de 1992, foi feliz "a decisão de abandonar a lusitana "Sombra das Raparigas" pela sombra mais brasileira das "Moças em Flor'" -em referência ao novo nome do segundo volume: "À Sombra das Moças em Flor".
"O Tempo Redescoberto", outro exemplo, virou "O Tempo Recuperado". Os sete volumes foram distribuídos no modelo 3-2-3. Os três primeiros livros no volume 1, os dois seguintes no 2 e assim por diante.
Ensaísmo sobre Proust
Além do lançamento da Ediouro, o proustianismo brasileiro também tem novidade na área ensaística. A coleção Ensaios Transversais, da editora Escrituras, lançou recentemente o livro "O Desconcerto do Mundo", de Carlos Felipe Moisés.
No trabalho, o ensaísta, poeta e tradutor faz, em um dos 16 ensaios do livro, uma reflexão crítica sobre o livro de estréia de Proust, "Les Plaisirs et les Jours" (Os Prazeres e os Dias), que o escritor lançou em 1896, aos 25 anos, e que até hoje não ganhou tradução no Brasil. É aguardar.
EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO
De: Marcel Proust
Tradução: Fernando Py
Editora: Ediouro
Quanto: R$ 149 (caixa com os três volumes, totalizando 2.444 páginas)
O DESCONCERTO DO MUNDO
De: Carlos Felipe Moisés
Editora: Escrituras
Quanto: R$ 13 (352 págs.)
Principal obra de Marcel Proust é relançada no Brasil
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da Folha de S.Paulo
A "busca" continua, agora remodelada. A grande catedral literária francesa, "Em Busca do Tempo Perdido", está de cara nova nas livrarias brasileiras.
Originalmente dividida em sete volumes, a obra-prima que Marcel Proust escreveu entre 1907 e 1922, ano de sua morte, ganha uma nova edição no Brasil, desta vez em três tomos.
O conteúdo muda pouco. O projeto traz a mesma tradução que a Ediouro havia lançado em 1992, a cargo do poeta carioca Fernando Py, que apenas revisou seu próprio trabalho, agora embalado em uma caixa de papelão roxa com o dizer "Em Busca do Tempo Perdido - Obra Completa".
A empreitada vale registro ainda assim. Antes desse lançamento, há dez anos, o mercado brasileiro só tinha uma versão nacional de "À la Recherche du Temps Perdu", nome original da obra.
A primeira, publicada no início dos anos 50 pela antiga editora Globo (antes sediada em Porto Alegre), havia sido feita em dez mãos (e que mãos!).
O poeta Mario Quintana traduzira "No Caminho de Swan", "À Sombra das Raparigas em Flor", "O Caminho de Guermantes" e "Sodoma e Gomorra", para só então passar a bola.
O quinto volume, "A Prisioneira", ficou a cargo de Manuel Bandeira em parceria com Lourdes Sousa de Alencar.
Carlos Drummond de Andrade, com "A Fugitiva", e Lúcia Miguel Pereira, com "O Tempo Redescoberto", completaram a empreitada da primeira versão nacional.
Desde então, mesmo 15 anos depois que os direitos autorais da obra caíram em domínio público, a única tradução foi a de Py, o único até aqui a fazer o trabalho todo.
Se a primeira tradução ganha em prestígio (e no estofo literário dos tradutores, que vez ou outra vem à tona), o trabalho do poeta carioca, que já traduziu mais de 30 livros -incluindo o inacabado romance proustiano "Jean Santeuil" e a grande biografia do autor, de Georges Painter- tem algumas vantagens.
Proust morreu antes de concluir a publicação da obra, e não chegou a fazer a revisão final nem dos livros que editou em vida.
A primeira edição crítica saiu na França em 1954. Py usou a que, na época em que traduziu pela primeira vez a "Recherche", era considerada a versão definitiva, a feita em 1987 pela Gallimard.
As mudanças promovidas pelo tradutor da Ediouro são visíveis já nos títulos. Como anotou o articulista da Folha Arthur Nestrovski, em texto sobre a primeira edição de Py, de 1992, foi feliz "a decisão de abandonar a lusitana "Sombra das Raparigas" pela sombra mais brasileira das "Moças em Flor'" -em referência ao novo nome do segundo volume: "À Sombra das Moças em Flor".
"O Tempo Redescoberto", outro exemplo, virou "O Tempo Recuperado". Os sete volumes foram distribuídos no modelo 3-2-3. Os três primeiros livros no volume 1, os dois seguintes no 2 e assim por diante.
Ensaísmo sobre Proust
Além do lançamento da Ediouro, o proustianismo brasileiro também tem novidade na área ensaística. A coleção Ensaios Transversais, da editora Escrituras, lançou recentemente o livro "O Desconcerto do Mundo", de Carlos Felipe Moisés.
No trabalho, o ensaísta, poeta e tradutor faz, em um dos 16 ensaios do livro, uma reflexão crítica sobre o livro de estréia de Proust, "Les Plaisirs et les Jours" (Os Prazeres e os Dias), que o escritor lançou em 1896, aos 25 anos, e que até hoje não ganhou tradução no Brasil. É aguardar.
EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO
De: Marcel Proust
Tradução: Fernando Py
Editora: Ediouro
Quanto: R$ 149 (caixa com os três volumes, totalizando 2.444 páginas)
O DESCONCERTO DO MUNDO
De: Carlos Felipe Moisés
Editora: Escrituras
Quanto: R$ 13 (352 págs.)
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