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15/06/2002
-
03h53
da Folha de S.Paulo
No dia 7 de maio deste ano um grupo de cem escritores importantes de 54 países escolheu "Dom Quixote" como o melhor livro de todos os tempos. Na eleição coordenada pelo Instituto Nobel e pelo Clube Norueguês do Livro, o clássico de Cervantes teve 50% a mais de votos do que qualquer outro dos 99 livros da lista.
Para comentar a escolha, a Folha procurou um dos principais críticos literários da atualidade, o americano Harold Bloom, 72. Professor da Universidade de Yale, ele balançou as letras universais ao publicar em 94 "O Cânone Ocidental" (editora Objetiva), no qual elencava os 850 escritores fundamentais da literatura ocidental.
Em entrevista por telefone, de sua casa, em New Haven (EUA), Bloom disse que acha a escolha justa, mas fez ressalvas. "Depois de Homero, Aristófanes e da "Bíblia", os três grandes autores da tradição ocidental são Dante, Cervantes e Shakespeare. Acho que é quase absurdo fazer um ranking entre eles. São igualmente perfeitos, mas muito diferentes."
Para Bloom, "Dante escreve um épico visionário, Cervantes inventa as bases do que hoje chamamos de romance e Shakespeare, obviamente, é o grande dramaturgo". O crítico diz que leu "Dom Quixote" pela primeira vez aos 12 anos ("em inglês, como o leu Jorge Luis Borges quando novo"). "Depois li inúmeras vezes, sempre com comichões."
E por que ler Quixote hoje, professor Bloom? "Sancho e Quixote são duas pessoas que realmente ouvem uma a outra, discutem uma com a outra, brigam, brincam, aprendem uma com a outra. Eles têm grandes e contínuas conversas. Pense como é difícil que hoje alguém realmente escute outro alguém qualquer."
Grande estudioso de Shakespeare, que assim como Cervantes será objeto de seu próximo livro, "Gênio", ele diz que na obra do bardo inglês, "como em nossas vidas, os personagens não escutam realmente uns aos outros".
Crítico americano celebra "diálogos" da obra de Cervantes
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No dia 7 de maio deste ano um grupo de cem escritores importantes de 54 países escolheu "Dom Quixote" como o melhor livro de todos os tempos. Na eleição coordenada pelo Instituto Nobel e pelo Clube Norueguês do Livro, o clássico de Cervantes teve 50% a mais de votos do que qualquer outro dos 99 livros da lista.
Para comentar a escolha, a Folha procurou um dos principais críticos literários da atualidade, o americano Harold Bloom, 72. Professor da Universidade de Yale, ele balançou as letras universais ao publicar em 94 "O Cânone Ocidental" (editora Objetiva), no qual elencava os 850 escritores fundamentais da literatura ocidental.
Em entrevista por telefone, de sua casa, em New Haven (EUA), Bloom disse que acha a escolha justa, mas fez ressalvas. "Depois de Homero, Aristófanes e da "Bíblia", os três grandes autores da tradição ocidental são Dante, Cervantes e Shakespeare. Acho que é quase absurdo fazer um ranking entre eles. São igualmente perfeitos, mas muito diferentes."
Para Bloom, "Dante escreve um épico visionário, Cervantes inventa as bases do que hoje chamamos de romance e Shakespeare, obviamente, é o grande dramaturgo". O crítico diz que leu "Dom Quixote" pela primeira vez aos 12 anos ("em inglês, como o leu Jorge Luis Borges quando novo"). "Depois li inúmeras vezes, sempre com comichões."
E por que ler Quixote hoje, professor Bloom? "Sancho e Quixote são duas pessoas que realmente ouvem uma a outra, discutem uma com a outra, brigam, brincam, aprendem uma com a outra. Eles têm grandes e contínuas conversas. Pense como é difícil que hoje alguém realmente escute outro alguém qualquer."
Grande estudioso de Shakespeare, que assim como Cervantes será objeto de seu próximo livro, "Gênio", ele diz que na obra do bardo inglês, "como em nossas vidas, os personagens não escutam realmente uns aos outros".
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