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28/07/2000
-
03h33
VALMIR SANTOS, da Folha de S.Paulo
Antonio Nóbrega está construindo um marco, à moda dos cantadores e contadores de história nordestinos. Por meio desse recurso poético, o artista cria em versos um mundo idealizado, uma fortaleza. Nóbrega usa essa concepção para contrapor à "trágica encruzilhada social" do Brasil real, como define.
Em "O Marco do Meio-Dia", seu novo espetáculo, ele evoca alguns heróis emblemáticos da história do país para projetar o seu marco ideal. Zumbi, Aleijadinho, Garrincha e Arthur Bispo do Rosário são alguns dos "filhos ilustres" destacados por Nóbrega no espetáculo que chega a São Paulo no dia 4, no Sesc Vila Mariana.
"Eles trouxeram a festa, a arte e a religiosidade que formam o povo brasileiro", diz. "Mas hoje temos que tomar cuidado, pois o nosso marco corre perigo."
O marco do título, segundo Nóbrega, é uma forma singular de poesia. "O marco é quando o poeta popular constrói uma região imaginária na qual ele habita, chamada de ribeira, e ali levanta um castelo ou fortaleza."
"Ele elogia os peixes, as aves, os animais, enfim, a fauna e a flora desse lugar. Só teme a chegada de um cantador que, no embate, apresente uma região tão grande quanto a sua e a destrua", diz.
Após três shows e CDs consecutivos, Antonio Nóbrega trata o teatro e a dança com mais ênfase em seu novo espetáculo, mas a música ainda reina soberana.
"O Marco do Meio-Dia" fez sua estréia mundial no mês passado, em Lisboa, a convite da comissão portuguesa que comemora os 500 anos dos Descobrimentos.
De hoje a domingo, o multiartista pernambucano participa do Latin Festival Queens Theatre in the Park, em Nova York, com "Figural", espetáculo de dança que criou há 12 anos e considera "fundador" na sua vertente cênica, por assim dizer.
No novo trabalho, não se verá ainda um personagem da estatura de Tonheta, o herói picaresco de "Brincante" e "Segundas Estórias", montagens que projetaram o nome de Nóbrega no início da década. Mas o mestre-de-cerimônias do espetáculo "O Marco do Meio-Dia" já se configura como um novo protagonista.
Há até uma cena curta, "500 Anos do Brasil em Cinco Minutos", contada pelos mamulengos Benedito e Marieta, bonecos populares em Pernambuco.
Nóbrega define seu novo trabalho como uma "cantoria reisada", que, aliás, vira CD em breve. "É um espetáculo realizado em forma de suítes, com sequências de figuras que cantam, dançam, fazem pantomima, utilizam máscaras e são animadas por músicos, rabequeiros, violeiros e tocadores de reco-reco, entre outros", diz.
É conduzido por um mestre, o próprio, e por uma contramestra, interpretada pela mulher Rosane Almeida, 36, alçada agora à condição de co-responsável pela criação e concepção. "Na verdade, a gente sempre fez tudo junto. Com exceção de "Na Pancada...", sempre dei um pitaco nos espetáculos, do começo ao fim", ela brinca. Há mais 12 pessoas em cena: oito músicos e quatro jovens brincantes, filhos e sobrinhos do casal.
Show: O Marco do Meio-Dia
Com: Antonio Nóbrega e grupo
Quando: estréia dia 4 (sex.), às 21h; sáb., às 21h; e dom., às 19h. Até 6/8
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, tel. 0/xx/11/5080-3047) Quanto: R$ 20
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Nóbrega constrói o seu marco do Brasil popular
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Antonio Nóbrega está construindo um marco, à moda dos cantadores e contadores de história nordestinos. Por meio desse recurso poético, o artista cria em versos um mundo idealizado, uma fortaleza. Nóbrega usa essa concepção para contrapor à "trágica encruzilhada social" do Brasil real, como define.
Em "O Marco do Meio-Dia", seu novo espetáculo, ele evoca alguns heróis emblemáticos da história do país para projetar o seu marco ideal. Zumbi, Aleijadinho, Garrincha e Arthur Bispo do Rosário são alguns dos "filhos ilustres" destacados por Nóbrega no espetáculo que chega a São Paulo no dia 4, no Sesc Vila Mariana.
"Eles trouxeram a festa, a arte e a religiosidade que formam o povo brasileiro", diz. "Mas hoje temos que tomar cuidado, pois o nosso marco corre perigo."
O marco do título, segundo Nóbrega, é uma forma singular de poesia. "O marco é quando o poeta popular constrói uma região imaginária na qual ele habita, chamada de ribeira, e ali levanta um castelo ou fortaleza."
"Ele elogia os peixes, as aves, os animais, enfim, a fauna e a flora desse lugar. Só teme a chegada de um cantador que, no embate, apresente uma região tão grande quanto a sua e a destrua", diz.
Após três shows e CDs consecutivos, Antonio Nóbrega trata o teatro e a dança com mais ênfase em seu novo espetáculo, mas a música ainda reina soberana.
"O Marco do Meio-Dia" fez sua estréia mundial no mês passado, em Lisboa, a convite da comissão portuguesa que comemora os 500 anos dos Descobrimentos.
De hoje a domingo, o multiartista pernambucano participa do Latin Festival Queens Theatre in the Park, em Nova York, com "Figural", espetáculo de dança que criou há 12 anos e considera "fundador" na sua vertente cênica, por assim dizer.
No novo trabalho, não se verá ainda um personagem da estatura de Tonheta, o herói picaresco de "Brincante" e "Segundas Estórias", montagens que projetaram o nome de Nóbrega no início da década. Mas o mestre-de-cerimônias do espetáculo "O Marco do Meio-Dia" já se configura como um novo protagonista.
Há até uma cena curta, "500 Anos do Brasil em Cinco Minutos", contada pelos mamulengos Benedito e Marieta, bonecos populares em Pernambuco.
Nóbrega define seu novo trabalho como uma "cantoria reisada", que, aliás, vira CD em breve. "É um espetáculo realizado em forma de suítes, com sequências de figuras que cantam, dançam, fazem pantomima, utilizam máscaras e são animadas por músicos, rabequeiros, violeiros e tocadores de reco-reco, entre outros", diz.
É conduzido por um mestre, o próprio, e por uma contramestra, interpretada pela mulher Rosane Almeida, 36, alçada agora à condição de co-responsável pela criação e concepção. "Na verdade, a gente sempre fez tudo junto. Com exceção de "Na Pancada...", sempre dei um pitaco nos espetáculos, do começo ao fim", ela brinca. Há mais 12 pessoas em cena: oito músicos e quatro jovens brincantes, filhos e sobrinhos do casal.
Show: O Marco do Meio-Dia
Com: Antonio Nóbrega e grupo
Quando: estréia dia 4 (sex.), às 21h; sáb., às 21h; e dom., às 19h. Até 6/8
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, tel. 0/xx/11/5080-3047) Quanto: R$ 20
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