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29/08/2002 - 02h37

Lee "Scratch" Perry se apresenta no Brasil pela primeira vez

CLAUDIA ASSEF
da Folha de S.Paulo

Para muitos, o jamaicano Lee "Scratch" Perry, 66, permanece um gênio sagrado da música, capaz de produzir até hoje maravilhas do gênero que ajudou a criar, o dub. Para outros, Perry é apenas um fantoche, lesado por décadas de consumo pesado de drogas -uma das lendas diz que na dieta lisérgica do músico valia até beber limpador de cabeçotes.

Cabe a você tirar suas conclusões. Pela primeira vez no Brasil, Perry se apresenta amanhã, sábado e domingo, no Sesc Pompéia, como estrela do Dub Mamute, ao lado de Mad Professor. Antes de construir nome como artista, Perry foi produtor de Bob Marley & The Wailers. Daí veio outro título, também polêmico, o de "pai do reggae". Sua influência ultrapassou a alçada de Jah, o Deus rasta, e Perry chegou a produzir faixas para o Clash.

Dezenas de histórias absurdas fazem parte da mitologia de Perry. Em entrevista exclusiva à Folha, ele confirmou algumas, desconversou sobre outras e disse que, depois de seus shows, o Brasil vai se transformar em outra nação: "Depois de mim, o país vai se chamar "Scratchzil'".

Folha - Esta é sua primeira visita ao Brasil...
Lee "Scratch" Perry
- Conhecer Lee "Scratch" vai ser algo muito excitante para o povo brasileiro. As pessoas vão ver um ET de carne e osso no palco, já viu um ET?

Folha - Não. E como é o show, você toca discos ou canta?
Perry
- Vai ser mágico, só posso dizer isso sobre o show.

Folha - Como você ganhou o apelido de "Scratch"?
Perry
- É mais do que um apelido. É parte da minha verdade. Conheço o scratch [técnica de manipulação de vinis que produz sons "arranhados]" desde o começo. O scratch é formado por sete letras que representam os sete dias da semana. Estou indo ao Brasil para mostrar isso. Depois de mim, o país vai se chamar "Scratchzil".

Folha - Muitos dizem que o [produtor jamaicano] King Tubby inventou o dub. O que você acha?
Perry
- Não sei quem é esse tal de Tubby [os dois chegaram a gravar juntos]. Nunca ouvir falar nesse homem. Não gosto de ladrões nem de mentirosos. Quem é ladrão ou mentiroso eu digo que não conheço... Entendeu?

Folha - Sim. O dub começou como um reggae sem vocais, com ênfase no baixo e nos efeitos. Ainda é isso?
Perry
- O dub é o que eu consigo fazer com três músicos no palco. É o que eu vou mostrar aí. O dub são as batidas do meu coração. O meu cérebro é o baixo. Isso é dub. Eu faço o original. O que fazem hoje na Jamaica é falso. Não tenho o mesmo sangue dos jamaicanos, tenho sangue de anjo. É diferente.

Folha - Por que ir morar na Suíça?
Perry
- Porque estava ficando dependente dos meus amigos jamaicanos. Tão viciado nos produtores e nos DJs de lá que já não sabia mais quem eu era musicalmente. Cansei das mentiras deles. Por que ficar lá se estava morrendo? Sou alérgico a energia ruim.

Folha - Há um boato que diz que você tocou fogo no seu estúdio porque o diabo estava ali. É verdade?
Perry
- Sim. E não fiz outro porque não quero ajudar a Jamaica. Eles já me roubaram o suficiente.

Folha - Você é muito ressentido com o seu país, não?
Perry
- É porque eles roubaram minhas fitas e não sabiam apreciar minha música. Quando comecei a fazer punk reggae, ninguém achou bom na Jamaica. Quando mostrei esse gênero no Reino Unido, me acharam Deus. Nem existia Bob Marley quando eu apareci. Eu escrevi "Jah Live" [hit creditado a Marley]. Se ele a tivesse escrito realmente, Jah não o teria deixado morrer. Jah vai voltar, vai voltar.

Folha - Dub é música feita para as pistas. O que você acha da música eletrônica feita hoje?
Perry
- Adoro música eletrônica. Meu cérebro é um Yamaha, então só posso gostar. Os DJs todos querem me conhecer, por causa do meu cérebro.

Folha - É verdade que você enterrava suas fitas na terra para pegar energia positiva?
Perry
- Claro que sim. Se você dá para a terra o que é bom, ela te devolve o que é bom. Como você acha que me tornei produtor? Adoro fazer experimentações.

DUB MAMUTE
Quando: sexta (30_, sábado (31) e domingo (1º de setembro)
Onde: teatro do Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Lapa, tel. 0/xx/11/ 3871-7700)
Quanto: de R$ 10 (estudantes e comerciários) a R$ 20
 

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