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03/10/2002
-
02h52
free-lance para a Folha de S.Paulo
"Melhor morrer de vodca que de tédio", frase do poeta Vladimir Maiakóvski (1893-1930) que estampa a camiseta de um figurante, resume o espírito do documentário "Gráfica Utópica", de Aurélio Michiles ("O Cineasta da Selva"), que a TV Cultura e o SescSenac exibem neste sábado.
Criada a partir da exposição homônima, que passou por São Paulo no começo do ano, a produção enfoca o pensamento russo futurista/construtivista dos anos 20. Para não tornar a obra dispersiva demais, Michiles colocou o foco sobre Maiakóvski, a figura mais representativa do período, que ajudou a transformar a propaganda em arte de vanguarda.
"Fico deprimido com a banalidade do tempo atual. Antes de começar o documentário, perguntava-me se valia a pena contar essa história", conta Michiles.
Superada a indecisão inicial, o diretor percebeu que tinha em mãos um poderoso material. "O legado desses artistas é importante até hoje; durante um curto período, eles acharam que poderiam mudar o mundo. Foram destruídos pela tendência autodestrutiva da humanidade."
Ao lado de outros nomes que apostavam na vanguarda, como Serguei Eisenstein, Maiakóvski sofreu a repressão do regime stalinista, que apertou o cerco contra possíveis conspirações nas diferentes manifestações artísticas. Em 1930, ele comete suicídio.
Michiles cita ainda outros fatores para comprovar a atualidade de tais pensamentos. Segundo o cineasta, 200 mil pessoas visitaram a exposição no Rio de Janeiro. "Os cartazes russos do período são impactantes até hoje. Há os saudosistas do pensamento de esquerda e, por fim, os jovens que procuram uma ideologia."
A produção de Michiles traz cenas do filme "A Senhorita e o Vagabundo" (1918), em que Maiakóvski aparece como ator, além de depoimentos de personalidades como os diretores teatrais Cacá Rosset e José Celso Martinez (cuja geração, nos anos 60, foi fortemente influenciada pelo russo), o músico Arnaldo Antunes e o crítico Boris Schnaiderman.
GRÁFICA UTÓPICA - documentário de Aurélio Michiles. Onde: Cultura e rede SescSenac, no sábado, às 22h.
Documentário reverencia o poeta Vladimir Maiakóvski
BRUNO YUTAKA SAITOfree-lance para a Folha de S.Paulo
"Melhor morrer de vodca que de tédio", frase do poeta Vladimir Maiakóvski (1893-1930) que estampa a camiseta de um figurante, resume o espírito do documentário "Gráfica Utópica", de Aurélio Michiles ("O Cineasta da Selva"), que a TV Cultura e o SescSenac exibem neste sábado.
Criada a partir da exposição homônima, que passou por São Paulo no começo do ano, a produção enfoca o pensamento russo futurista/construtivista dos anos 20. Para não tornar a obra dispersiva demais, Michiles colocou o foco sobre Maiakóvski, a figura mais representativa do período, que ajudou a transformar a propaganda em arte de vanguarda.
"Fico deprimido com a banalidade do tempo atual. Antes de começar o documentário, perguntava-me se valia a pena contar essa história", conta Michiles.
Superada a indecisão inicial, o diretor percebeu que tinha em mãos um poderoso material. "O legado desses artistas é importante até hoje; durante um curto período, eles acharam que poderiam mudar o mundo. Foram destruídos pela tendência autodestrutiva da humanidade."
Ao lado de outros nomes que apostavam na vanguarda, como Serguei Eisenstein, Maiakóvski sofreu a repressão do regime stalinista, que apertou o cerco contra possíveis conspirações nas diferentes manifestações artísticas. Em 1930, ele comete suicídio.
Michiles cita ainda outros fatores para comprovar a atualidade de tais pensamentos. Segundo o cineasta, 200 mil pessoas visitaram a exposição no Rio de Janeiro. "Os cartazes russos do período são impactantes até hoje. Há os saudosistas do pensamento de esquerda e, por fim, os jovens que procuram uma ideologia."
A produção de Michiles traz cenas do filme "A Senhorita e o Vagabundo" (1918), em que Maiakóvski aparece como ator, além de depoimentos de personalidades como os diretores teatrais Cacá Rosset e José Celso Martinez (cuja geração, nos anos 60, foi fortemente influenciada pelo russo), o músico Arnaldo Antunes e o crítico Boris Schnaiderman.
GRÁFICA UTÓPICA - documentário de Aurélio Michiles. Onde: Cultura e rede SescSenac, no sábado, às 22h.
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