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19/12/2002 - 18h09

Editora de Manaus resgata clássicos sobre a Amazônia

AUGUSTO PINHEIRO
da Folha Online

A editora Valer, de Manaus (AM), faz há cinco anos um trabalho de resgate de obras importantes sobre o Amazonas e a Amazônia que estavam há muito tempo fora do mercado.

"Com o interesse crescente sobre a região, as pessoas buscavam informações e não encontravam", explica Tenório Telles, 39, coordenador editorial da Valer. "O resgate de textos clássicos contribui para a formação de consciência crítica a respeito da realidade da Amazônia."

Na linha de recuperação de obras perdidas no tempo estão as coleções "Resgate" e "Poranduba" (relato, na língua indígena). A primeira inclui trabalhos literários de poetas, romancistas e contistas nativos ou que viveram na região amazônica. "Lançamos livros que estavam esgotados há 100, 150 anos", diz Tenório.

Já a coleção "Poranduba" resgata textos clássicos da região com temas sociais, econômicos e antropológicos. Nessa série está incluído "Ermano Stradelli", do folclorista potiguar Câmara Cascudo, biografia do conde italiano homônimo que viveu no Amazonas no início do século 20.

"É uma história apaixonante. Stradelli abriu mão de sua posição de aristocrata italiano para viver em Manaus e no interior do Amazonas", explica Tenório. O conde pesquisou costumes indígenas e foi o autor do primeiro dicionário português-nhangatu (dialeto indígena).

Segundo o editor Isaac Maciel, 42, o critério que define a escolha dos livros é a sua importância para a história do Amazonas e da Amazônia. "Nosso trabalho é muito ligado à Universidade Federal do Amazonas. Os professores da instituição nos sugerem títulos", diz. As sugestões que chegam à editora são submetidas ao conselho editorial.

Entre outras obras resgatadas de destaque, Tenório cita "A Contribuição do Índio à Economia da Amazônia", de Eurico Fernandes, e "Apontamentos sobre a Revolução Acreana", de Plácido de Castro, ele mesmo líder da revolução que expulsou os bolivianos do Acre no início do século 20. "Esse livro foi escrito por Plácido a pedido de Euclides da Cunha, quando os dois se encontraram no Rio".

Cultura e história

Além das coleções de resgate, a Valer também publica obras mais recentes que são clássicos da cultura e da literatura amazônica, como "O Rio Comanda a Vida", do escritor paraense Leandro Tocantins, que chega à 9ª edição pela editora (antes foi publicado pela Civilização Brasileira), "Silêncio e Alma" e "Estatuto do Homem", ambos do poeta amazonense Thiago de Mello. Este último em edição trilíngue (português, inglês e espanhol, com tradução de Pablo Neruda). Outra obra importante recente, de 1998, é "Amazônia - Formação Social e Cultural", do historiador Samuel Benchimol.

Obras sobre a história da Amazônia também fazem parte do catálogo da editora, como "A Ilusão do Fausto", de Ednéia Mascarenhas Dias, que trata dos efeitos do ciclo da borracha em Manaus, e "Visões da Cabanagem", de Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro, sobre a revolução popular paraense do século 19, a maior da história do Brasil e a única em que o povo realmente assumiu o poder.

Novos autores e projetos

Os novos autores do Amazonas também têm vez na Valer, por meio de um concurso literário. O projeto "Valores da Terra" já lançou 22 livros de estreantes, entre ficção e não-ficção.

Entre os novos projetos da editora, está a edição da primeira tradução completa para o português do livro "De Roraima a Orenoco", do etnólogo alemão Koch-Grünberg, que reúne lendas indígenas e forneceu material para Mário de Andrade escrever o famoso "Macunaíma".

Outro objetivo para o ano que vem é estabelecer a editora em São Paulo. "Queremos divulgar mais o nosso trabalho, que a maior parte do país não conhece", diz Maciel, acrescentando que "o trabalho não é fácil, mas é feito com prazer".

EDITORA VALER
Tel. 0/xx/92/633-6565
 

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