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24/12/2002 - 02h38

Scorsese idealizou "Gangues de Nova York" nos anos 70

SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S. Paulo, em Nova York

No primeiro dia de 1970, enquanto passava o feriado na casa de um amigo, um jovem Martin Scorsese, recém-saído da Universidade de Nova York e com apenas um longa nas costas ("Who's That Knocking at My Door"), colocou as mãos num livro escrito em 1928 por Herbert Asbury que tinha virado cult entre os estudantes nova-iorquinos.

Chamava-se "Gangues de Nova York", trazia prefácio de Jorge Luis Borges e enfeitiçou Scorsese, que leu suas 420 páginas em poucas horas. Foi quando ele tomou o primeiro contato com o que depois classificaria de "a verdadeira origem de Nova York".

Segundo o historiador, Manhattan deve muito do que é hoje às gangues que dominavam a parte sul (e pobre) da ilha no meio do século 19, formadas basicamente por diversas extrações de imigrantes irlandeses e pelos chamados "nativos", a primeira geração de nova-iorquinos.

Desde então, o diretor fez de levar o livro para as telas sua obsessão -obsessão essa que seria interrompida no meio do caminho apenas para que ele concluísse obras-primas como "Taxi Driver" (76), "Touro Indomável" (80) e "Os Bons Companheiros" (90).

Na última sexta, mais de 11 mil dias e US$ 100 milhões depois daquele Réveillon de 1970, finalmente estreou nos cinemas dos EUA o épico "Gangues de Nova York", que chega ao Brasil dia 7 de fevereiro. Ao pano de fundo histórico, Scorsese acrescentou um drama hamletiano.

O jovem irlandês Amsterdam Vallon (Leonardo di Caprio) volta a Manhattan para vingar a morte do pai (Liam Neeson), assassinado por Bill the Butcher (Daniel Day-Lewis, personagem baseado num líder real) num conflito de gangues ocorrido 16 anos antes.

Ao tentar ganhar a confiança de Bill e seu grupo, Amsterdam se apaixona pela batedora de carteiras Jenny (Cameron Diaz), protegida do assassino. A situação caminha para o clímax ao mesmo tempo em que a cidade caminha para as sanguinolentas revoltas de 1863, quando os nova-iorquinos se recusaram a se alistar para combater na Guerra Civil.

O resultado é o mais impressionante filme do ano e um dos cinco melhores da carreira de Scorsese, 60. ""Gangues" é o grande filme de minha vida", disse o cineasta à Folha. "Agora que o realizei, me sinto frustrado."
 

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