Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/01/2003 - 03h43

Nova versão de "Carga Pesada" deve estrear em abril na Globo

SIMONE MAGALHÃES
Free-lance para a Folha de S.Paulo

O Primeiro frete já está fechado: em fevereiro, os caminhoneiros Pedro e Bino vão colocar o pé na estrada novamente, fazendo a rota Paraná-Pará. Depois de um intervalo de 22 anos, os personagens de Antônio Fagundes e Stênio Garcia no seriado "Carga Pesada", exibido pela Globo entre 1979 e 1981, voltam à boléia do caminhão para gravar um reencontro emocionado.

Pequeno empresário, dono de três caminhões, Bino (Stênio) aguarda o resultado da biópsia de um tumor que pode ser maligno. O medo da morte o leva a convidar Pedro (Fagundes), seu sócio em um dos caminhões e ainda carreteiro, para uma última viagem pelo Brasil. Por enquanto, o programa terá apenas quatro episódios, que vão ao ar em abril, após o "Casseta & Planeta, Urgente!". Mas um bom índice de audiência garantirá uma vaguinha na programação da emissora a partir de junho. Antônio Fagundes, 53, diz que não vê a hora de voltar às aventuras da série. "É um programa maravilhoso, que fala do nosso povo, com uma linguagem essencialmente brasileira. Por mim, nunca teria saído do ar. Fiz grandes personagens na TV, mas o Pedro era especial."

A identificação com Pedro e Bino era tanta que, dos 54 episódios apresentados, 12 foram escritos pela dupla de atores. "Não pretendemos escrever mais, há um grupo de autores para isso. Mas, se tivermos uma história boa, podemos contribuir", diz Fagundes. Fama Tão entusiasmado quanto o colega, Stênio Garcia, 69, conta que até hoje é chamado de Bino nas ruas e ganha dinheiro com o personagem: "Faço três, quatro comerciais por ano e sou requisitado para inaugurações de consórcios de caminhões e eventos relacionados a produtos automotivos".

Ele acredita que a maior contribuição de "Carga Pesada" foi revelar à sociedade brasileira uma classe praticamente desconhecida. "Acho que o seriado sempre teve uma função social, mostrando a necessidade de uma vida melhor para esses homens que transportam nossa comida e nossas roupas", afirma.

"Procuro me informar sobre tudo o que está acontecendo pelas estradas. Os problemas continuam os mesmos, mas a violência aumentou. Agora, nas emboscadas são usadas armas mais poderosas", diz Stênio.

Fagundes completa: "Infelizmente, o Brasil não mudou muito. As estradas não melhoraram, as condições de trabalho também não. O que melhorou foi a tecnologia usada nos caminhões".

Caso o seriado emplaque, velhos e novos problemas serão abordados, como o aumento de doenças sexualmente transmissíveis, principalmente aids e sífilis, entre os caminhoneiros.

Embora o início das gravações esteja próximo, a dupla ainda não sabe como será o visual 2003 de Pedro e Bino, mas acredita que os cabelos brancos e os quilinhos a mais não serão escondidos.

"O tempo passou e as coisas têm que mudar. Estou com quase 70 anos e não vou correr para pegar carga com o caminhão em movimento, como fazia. Mas o Pedro continua aquele tipo charmoso, que atrai a mulherada", brinca Stênio.

Os quatro episódios, com cerca de 40 minutos de duração, terão muita emoção, romance, ação e beleza, diz Roberto Naar, diretor ao lado de Marcos Paulo.

"Nosso grande desejo é fazer com que o País se veja na televisão. Que o povo não só se identifique como tenha um painel do Brasil por inteiro", afirma Naar, que confessa ter sido fã das aventuras de Pedro e Bino na adolescência.

Aos 74 anos e com dez pontes de safena, o diretor-geral da primeira fase, Gonzaga Blota, se lembra bem daquela época. "Enfrentamos muitas dificuldades. Não tínhamos esse aparato técnico moderno. Precisávamos gravar e assistir na hora para saber se a cena tinha valido ou não."

Ary Coslov, que estreou como diretor na série, observa que ela inovou em vários aspectos. "O formato e a linguagem eram diferentes, testamos a câmera acoplada do lado de fora da cabine do caminhão e deu muito certo, descobrimos uma infinidade de usos para a recém-chegada câmera portátil... Foi uma escola e tanto", afirma.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página