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28/03/2003 - 06h08

"Solaris", no estilo "europeu" da ficção científica, assustou público

PAOULA ABOU-JAOUDE
free-lance para a Folha de S. Paulo, em Los Angeles

Uma ficção científica sem roupas espalhafatosas ou seres alienígenas monstruosos não faz o gosto dos executivos do cinema. Depois da primeira semana de filmagens de "Solaris", seu diretor, Steven Soderbergh, sentiu isso na pele frente aos burocratas da Fox.

"Irados, eles me perguntaram como um filme de ficção científica pode ter cenas com o ator principal andando pelas ruas com roupas convencionais, rodeado por prédios de arquitetura atual e sob tempo chuvoso", conta o diretor. "Pior foi quando o filme ficou pronto, e o público deu nota F nas sessões-testes."

"Solaris", que estréia hoje nos cinemas brasileiros, é a segunda versão para as telas da ficção do escritor polonês Stanislaw Lem e a produção mais cara da carreira de Soderbergh, um dos responsáveis pela redefinição do cinema independente americano nos anos 80, com "sexo, mentiras e videotape", de 1989. Porém, com um investimento de US$ 47 milhões (sem os gastos com publicidade) e uma história com pinceladas metafísicas, "Solaris" poderia soar indigesto demais para o público.

"Sabendo que seria um filme difícil de vender, procurei não assustar. Ao promover o filme nos EUA, evitei referências à estética européia que procurava emular."

No livro de Lem, Chris Kelvin (George Clooney) é um psicólogo viúvo enviado a uma estação espacial que orbita o planeta Solaris para investigar o suicídio do diretor daquela missão. Mas, ao chegar à estação Prometheus, o médico passa a ser "visitado" por uma réplica de sua mulher (Natasha McElhone). ""Solaris" é uma metáfora do desconhecido", diz Soderbergh. "O filme funciona como um espelho, um abstração opaca, que se recusa a interagir do jeito que estamos acostumados."

Foi aos 13 anos que Soderbergh entrou em contato com a primeira adaptação de "Solaris" para o cinema pelo russo Andrei Tarkovsky em 1972. As imagens do filme chegaram ao futuro cineasta através de um livro.

Ao ser convidado para dirigir o filme 30 anos mais tarde (e cujos direitos pertenciam a James Cameron), Soderbergh quis distanciar-se do caráter metafísico do original escrito em 1961. "Minha proposta era centrar a história na solidão, no remorso e no desespero, sentimentos que permeiam a vida do protagonista."

Embora Daniel Day-Lewis tenha sido consultado, foi Clooney quem acabou assumindo o papel do psicólogo. "Nunca fui fã do filme de Tarkovsky, porém a versão de Soderbergh me atraiu, pois é a história de um homem que sabe que a imagem de sua mulher não é real, mas, mesmo assim, seu amor por ela é tão grande e sua ausência tão dolorida, que ele não se importa em deixar a racionalidade de lado", comenta o ator.

 

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