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10/04/2003 - 04h28

São Paulo recebe "A Prova", peça de David Auburn

PEDRO IVO DUBRA
da Folha de S.Paulo

A herança deixada por um pai pode ir além do que proferem e repartem os testamentos. Legados podem estar também nos genes, seja em forma de genialidade, talento, seja em forma de loucura.

Tais inquietações atormentam Catherine, moça de 25 anos vivida por Andrea Beltrão, 39, personagem de "A Prova", peça que faz estréia amanhã no teatro Faap, em São Paulo, para convidados. A partir do sábado, a temporada é aberta ao público.

Antes de chegar à cidade, a obra de David Auburn, vencedor dos prêmios Pulitzer e Tony de melhor texto, com versão do diretor Aderbal Freire-Filho, 61, cumpriu temporada no Rio de Janeiro e integrou a programação da Mostra Oficial da 12ª edição do Festival de Teatro de Curitiba. Além de Beltrão, o elenco é composto pelos atores José de Abreu, Emilio de Mello e Gisele Fróes.

Ambientada em Chicago, a trama tem como centro Catherine, filha de Robert (Abreu), um matemático conceituado que morre esquizofrênico. Angustiada, a moça avalia o quinhão paternal que lhe coube: a doença, o brilhantismo, ou ambos, quem sabe.

Em dado momento, ela se depara com Hal Dobbs (Mello), jovem recém-formado que se debruça sobre as pesquisas do pai e que lhe atrai. Completa o rol de caracteres Claire, a irmã mais velha da moça, que exige que ela venha morar em sua companhia; que se mude para a sua casa em Nova York.

Desenha-se assim um drama realista, com referências à matemática, a teoremas e descobertas.

"Gosto de matemática, gosto de brincar com números. Mas o que me impressiona é a qualidade da peça, a matemática tem um papel, mas poderia ser outra coisa, a arte, por exemplo. O que me toca é essa habilidade de os americanos fazerem um teatro realista e ao mesmo tempo novo. Eu queria experimentar quanto poderia ser teatral numa peça de extremo realismo", diz Freire-Filho. Seu desejo se materializa, assim, no cenário, de José Castanheira, que se inspirou em quadros do pintor Edward Hopper.

"Acho a minha personagem esquisita, sim; ela é amorosa, mas é seca, ela é elegante, mas é grosseira, ela é muito contraditória e muito frágil, mas é muito forte. É uma personagem para qualquer atriz se atracar com ela. E tem espaço bom para comicidade", considera Andrea Beltrão.

Ela conta que, para construir seu papel, teve como referências o livro "Humilhados e Ofendidos", de Dostoiévski, a trilha sonora do filme "Corra Lola, Corra", que ouve até hoje antes de entrar em cena, e o filme "K-Pax". "O filme é muito ruim, mas a cara de Kevin Spacey, tipo "eu sei das coisas, vocês não acreditam em mim, então deixem para lá", me alimentou."

A atriz deve trazer brevemente a São Paulo sua peça infantil "Eu e Meu Guarda-Chuva", texto de Branco Mello e Hugo Possolo.

Já o encenador se divide entre duas direções simultâneas no Rio. Ensaia "Tio Vânia", de Anton Tchekhov, a ser montada no parque Lage, no Rio de Janeiro, com Diogo Vilela, Débora Bloch e Daniel Dantas no elenco, e "O que Diz Molero", adaptação do livro do português Dinis Machado, com atores que compuseram o grupo Centro de Construção e Demolição do Espetáculo.

Em São Paulo, no dia 24, Aderbal Freire-Filho estréia "A Peça sobre o Bebê", de Edward Albee, com Fulvio Stefanini, Marília Gabriela, Reynaldo Gianecchini e Simone Spoladore, no Teatro das Artes, no shopping Eldorado.


A PROVA
Texto: David Auburn
Direção: Aderbal Freire-Filho
Com: Andrea Beltrão, José de Abreu e outros
Onde: teatro Faap (r. Alagoas, 903, SP, tel. 0/ xx/11/3662-7233) Quando: estréia amanhã, às 21h, para convidados; sex. e sáb., às 21h, e dom., às 18h; até 13/7
Quanto: de R$ 40 a R$ 45
Patrocinador: Embratel
 

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