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14/05/2003
-
07h22
da Folha de S.Paulo
Em uma cerimônia rápida, na Biblioteca Nacional do Rio, ontem pela manhã, o nome Rubem Fonseca juntou-se ao do autor de "Os Lusíadas". Um dos pioneiros do romance policial urbano nacional, o escritor mineiro-carioca ganhou o Prêmio Camões, espécie de Nobel luso-brasileiro.
Aos 78 anos, completados no domingo passado, o autor de "O Cobrador" vai receber € 100 mil, cerca de R$ 330 mil, bolada que sai dos cofres governamentais do Brasil e de Portugal, que instituíram o prêmio em 1989.
Foram os membros d'além-mar do júri, e não os brasileiros, que sugeriram o nome do escritor de Juiz de Fora (MG), desde os oito anos radicado no Rio.
"Seus contos e romances contemplam um experimentalismo exemplar com recurso a múltiplos registros oralizantes de linguagem e a um olhar cinematográfico sobre o real. Expressam ainda uma constante atenção à questão social e aos conflitos do cotidiano urbano", justificou a escolha o presidente do comitê, o angolano Pepetela.
Junto ao africano, vencedor do Camões de 1997, estavam também entre os selecionadores do prêmio este ano os brasileiros Heloisa Buarque de Holanda e Zuenir Ventura, os portugueses Isabel Pires de Lima e Eduardo Prado Coelho e o moçambicano Lourenço do Rosário.
Autor de 20 livros, o último deles lançado há um mês, o romance "Diário de um Fescenino" (Companhia das Letras), Fonseca é o que os americanos chamam de um autor "tough", um durão. Foi em um laboratório exemplar que ele coletou as primeiras amostras de suas narrativas policialescas do baixo-mundo carioca.
Avesso a entrevistas, a câmeras fotográficas e afins, ele não conta muito de sua vida ("Acredita, como Joseph Brodsky, que a verdadeira biografia de um escritor está nos seus livros", informa seu site, -- www.literal.com.br).
Reportagem da Folha de 1995 mostrou, no entanto, que o autor trabalhou do final de 1952 ao começo de 1958 na polícia do Rio, nove meses dos quais como tira de rua. Formado em direito, na extinta Universidade do Brasil, o autor do conto "Relato de Ocorrência em que Qualquer Semelhança Não É Mera Coincidência'' tirou do universo dos BOs muitas das tramas de seus "thrillers".
Sua literatura veio a público pela primeira vez em 1963, com o volume de contos "Os Prisioneiros". O formato de relatos breves permaneceria sua forma de expressão mais frequente e elogiada.
Autor de "A Grande Arte", Fonseca é mais frequentemente qualificado pela crítica como autor médio, ainda que tenha bons defensores, como Mario Vargas Llosa, e amplo público (só seu romance "Agosto" já vendeu, mais de 160 mil exemplares).
Rubem Fonseca ganha Prêmio Camões
CASSIANO ELEK MACHADOda Folha de S.Paulo
Em uma cerimônia rápida, na Biblioteca Nacional do Rio, ontem pela manhã, o nome Rubem Fonseca juntou-se ao do autor de "Os Lusíadas". Um dos pioneiros do romance policial urbano nacional, o escritor mineiro-carioca ganhou o Prêmio Camões, espécie de Nobel luso-brasileiro.
Aos 78 anos, completados no domingo passado, o autor de "O Cobrador" vai receber € 100 mil, cerca de R$ 330 mil, bolada que sai dos cofres governamentais do Brasil e de Portugal, que instituíram o prêmio em 1989.
Foram os membros d'além-mar do júri, e não os brasileiros, que sugeriram o nome do escritor de Juiz de Fora (MG), desde os oito anos radicado no Rio.
"Seus contos e romances contemplam um experimentalismo exemplar com recurso a múltiplos registros oralizantes de linguagem e a um olhar cinematográfico sobre o real. Expressam ainda uma constante atenção à questão social e aos conflitos do cotidiano urbano", justificou a escolha o presidente do comitê, o angolano Pepetela.
Junto ao africano, vencedor do Camões de 1997, estavam também entre os selecionadores do prêmio este ano os brasileiros Heloisa Buarque de Holanda e Zuenir Ventura, os portugueses Isabel Pires de Lima e Eduardo Prado Coelho e o moçambicano Lourenço do Rosário.
Autor de 20 livros, o último deles lançado há um mês, o romance "Diário de um Fescenino" (Companhia das Letras), Fonseca é o que os americanos chamam de um autor "tough", um durão. Foi em um laboratório exemplar que ele coletou as primeiras amostras de suas narrativas policialescas do baixo-mundo carioca.
Avesso a entrevistas, a câmeras fotográficas e afins, ele não conta muito de sua vida ("Acredita, como Joseph Brodsky, que a verdadeira biografia de um escritor está nos seus livros", informa seu site, -- www.literal.com.br).
Reportagem da Folha de 1995 mostrou, no entanto, que o autor trabalhou do final de 1952 ao começo de 1958 na polícia do Rio, nove meses dos quais como tira de rua. Formado em direito, na extinta Universidade do Brasil, o autor do conto "Relato de Ocorrência em que Qualquer Semelhança Não É Mera Coincidência'' tirou do universo dos BOs muitas das tramas de seus "thrillers".
Sua literatura veio a público pela primeira vez em 1963, com o volume de contos "Os Prisioneiros". O formato de relatos breves permaneceria sua forma de expressão mais frequente e elogiada.
Autor de "A Grande Arte", Fonseca é mais frequentemente qualificado pela crítica como autor médio, ainda que tenha bons defensores, como Mario Vargas Llosa, e amplo público (só seu romance "Agosto" já vendeu, mais de 160 mil exemplares).
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