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21/09/2003
-
05h34
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo
"Por que a pele dele é assim?" "Porque ele toma AZT."
Era final dos anos 80, quando o ator Daniel Oliveira, 26, fez a pergunta, no ambiente familiar, intrigado com o aspecto de Cazuza (1958-1990) na TV.
A partir da resposta, que mencionava a mais conhecida droga usada no combate à Aids, Oliveira ouviu falar pela primeira vez sobre a doença, que causou a morte do cantor e compositor, aos 32 anos de idade.
Para reviver no cinema a trajetória profissional e pessoal do músico, Oliveira fragilizou o próprio corpo neste ano, submetendo-se a uma variação de peso nos dois sentidos da balança. Primeiro, subiu de 64 kg para 71 kg.
No sábado passado, quando os diretores Sandra Werneck e Walter Carvalho puseram um ponto final às filmagens do longa "Cazuza - Preciso Dizer que te Amo", Oliveira pesava 57 kg e tinha os cabelos (originalmente encaracolados) escorridos pelo rosto. O ator mede 1,74 m.
Oliveira diz que "mais que um desafio para quem sempre buscou a dificuldade, esse papel foi um sonho". O começo de sua carreira foi aos 15 anos de idade, participando de montagens teatrais e comerciais televisivos, em Belo Horizonte (MG), onde nasceu.
A sequência na profissão foi cheia de golpes de sorte e reveses. Uma campanha publicitária de produção local atraiu a atenção do mercado carioca e lhe valeu um papel na telenovela "Brida" (1998), da TV Manchete.
Rasteira
Quando Oliveira assinou o contrato de aluguel de um apartamento no Catete, que finalmente o deixaria livre da sucessiva procura por vagas em repúblicas em Copacabana, a emissora faliu e a novela foi interrompida. "Levei uma rasteira", diz.
Decidido a seguir "batalhando" no Rio, Oliveira acabou conseguindo participar do elenco global de "Malhação" e, em seguida, da novela "A Padroeira". Fez também a peça teatral "Êxtase".
O fato de não haver estourado na TV foi fundamental para que o ator pudesse participar da seleção de elenco do filme "Cazuza". Werneck testou 40 atores e decidiu apresentar oito finalistas aos pais de Cazuza, João e Lucinha Araújo, para que fizessem juntos a escolha.
"Eu achava fundamental que fosse um ator desconhecido, que não estivesse em nenhuma novela", diz a diretora. "Fui para a casa do João e da Lucinha com os oito candidatos, sem dizer nada. Mas, desde o começo, eu apostava nele", diz a diretora.
Werneck afirma que Oliveira se tornou o favorito também dos pais do músico, porque foi o que teve "uma atitude Cazuza" durante os testes.
Ela se refere ao comportamento do ator na hora em que lhe pediram para improvisar a reação de Cazuza ao ler o exame positivo para HIV --ele engoliu o papel.
Dieta
Para que Oliveira pudesse emagrecer, as filmagens de "Cazuza" foram interrompidas durante três semanas. Com supervisão médica, nesse período, o ator tomou comprimidos que diminuem o apetite e queimam gordura.
Oliveira diz que tentou "usar o processo de emagrecimento a favor do filme". "Tive algumas viagens na questão da Aids, olhando para o meu corpo, tendo a sensação de perder peso, ficar mais frágil. Mesmo que estivesse com mais vigor do que ele [Cazuza, quando doente] tudo diminuiu, os gestos, o andar", afirma.
Concluídas as filmagens, Oliveira diz que "não é o baixo-astral da doença" a sensação que predomina nele em relação ao filme. "Vou guardar esse Agenor de Miranda Araújo Neto [nome de batismo de Cazuza] para sempre comigo. Não a doença, mas esse cara vigoroso. Todos os seus paradoxos e suas contradições", diz.
Na quinta passada, Oliveira foi para sua cidade natal. O plano é fazer uma dieta caseira de engorda. Base do regime: "A costelinha de porco que minha mãe faz e o estrogonofezinho da minha tia, além de pão de queijo, que não pode faltar".
Werneck também pretende ter duas semanas de férias, para, na volta, dedicar-se à edição do filme. A previsão é ter o primeiro corte pronto em novembro e a montagem final, em fevereiro do ano que vem. A data da estréia, segundo a diretora, caberá à Globo Filmes definir.
Para viver Cazuza, Daniel Oliveira diminui peso de 71 kg para 57 kg
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da Folha de S.Paulo
"Por que a pele dele é assim?" "Porque ele toma AZT."
Era final dos anos 80, quando o ator Daniel Oliveira, 26, fez a pergunta, no ambiente familiar, intrigado com o aspecto de Cazuza (1958-1990) na TV.
A partir da resposta, que mencionava a mais conhecida droga usada no combate à Aids, Oliveira ouviu falar pela primeira vez sobre a doença, que causou a morte do cantor e compositor, aos 32 anos de idade.
Para reviver no cinema a trajetória profissional e pessoal do músico, Oliveira fragilizou o próprio corpo neste ano, submetendo-se a uma variação de peso nos dois sentidos da balança. Primeiro, subiu de 64 kg para 71 kg.
No sábado passado, quando os diretores Sandra Werneck e Walter Carvalho puseram um ponto final às filmagens do longa "Cazuza - Preciso Dizer que te Amo", Oliveira pesava 57 kg e tinha os cabelos (originalmente encaracolados) escorridos pelo rosto. O ator mede 1,74 m.
Oliveira diz que "mais que um desafio para quem sempre buscou a dificuldade, esse papel foi um sonho". O começo de sua carreira foi aos 15 anos de idade, participando de montagens teatrais e comerciais televisivos, em Belo Horizonte (MG), onde nasceu.
A sequência na profissão foi cheia de golpes de sorte e reveses. Uma campanha publicitária de produção local atraiu a atenção do mercado carioca e lhe valeu um papel na telenovela "Brida" (1998), da TV Manchete.
Rasteira
Quando Oliveira assinou o contrato de aluguel de um apartamento no Catete, que finalmente o deixaria livre da sucessiva procura por vagas em repúblicas em Copacabana, a emissora faliu e a novela foi interrompida. "Levei uma rasteira", diz.
Decidido a seguir "batalhando" no Rio, Oliveira acabou conseguindo participar do elenco global de "Malhação" e, em seguida, da novela "A Padroeira". Fez também a peça teatral "Êxtase".
O fato de não haver estourado na TV foi fundamental para que o ator pudesse participar da seleção de elenco do filme "Cazuza". Werneck testou 40 atores e decidiu apresentar oito finalistas aos pais de Cazuza, João e Lucinha Araújo, para que fizessem juntos a escolha.
"Eu achava fundamental que fosse um ator desconhecido, que não estivesse em nenhuma novela", diz a diretora. "Fui para a casa do João e da Lucinha com os oito candidatos, sem dizer nada. Mas, desde o começo, eu apostava nele", diz a diretora.
Werneck afirma que Oliveira se tornou o favorito também dos pais do músico, porque foi o que teve "uma atitude Cazuza" durante os testes.
Ela se refere ao comportamento do ator na hora em que lhe pediram para improvisar a reação de Cazuza ao ler o exame positivo para HIV --ele engoliu o papel.
Dieta
Para que Oliveira pudesse emagrecer, as filmagens de "Cazuza" foram interrompidas durante três semanas. Com supervisão médica, nesse período, o ator tomou comprimidos que diminuem o apetite e queimam gordura.
Oliveira diz que tentou "usar o processo de emagrecimento a favor do filme". "Tive algumas viagens na questão da Aids, olhando para o meu corpo, tendo a sensação de perder peso, ficar mais frágil. Mesmo que estivesse com mais vigor do que ele [Cazuza, quando doente] tudo diminuiu, os gestos, o andar", afirma.
Concluídas as filmagens, Oliveira diz que "não é o baixo-astral da doença" a sensação que predomina nele em relação ao filme. "Vou guardar esse Agenor de Miranda Araújo Neto [nome de batismo de Cazuza] para sempre comigo. Não a doença, mas esse cara vigoroso. Todos os seus paradoxos e suas contradições", diz.
Na quinta passada, Oliveira foi para sua cidade natal. O plano é fazer uma dieta caseira de engorda. Base do regime: "A costelinha de porco que minha mãe faz e o estrogonofezinho da minha tia, além de pão de queijo, que não pode faltar".
Werneck também pretende ter duas semanas de férias, para, na volta, dedicar-se à edição do filme. A previsão é ter o primeiro corte pronto em novembro e a montagem final, em fevereiro do ano que vem. A data da estréia, segundo a diretora, caberá à Globo Filmes definir.
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