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04/09/2000
-
11h21
LÚCIO RIBEIRO
da Folha de S.Paulo
Sexta-feira passada foi dia de gala para a música jovem brasileira. Por tudo o que envolveu a volta aos palcos (paulistanos) da banda Planet Hemp, que fazia o primeiro de uma trinca de shows no DirecTV Hall.
Marcelo D2, lider dos Hemp, parece ser o nome da hora do pálido pop nacional.
À parte a sempre polêmica associação de sua banda com a luta pela liberação da maconha, o apreço ao movimento sem-terra, a chegada de CD novo e o hip hop letrado à la "South Park", Marcelo D2 teve seu nome içado às alturas porque foi brigar justo com Caetano Veloso.
E, desnecessário dizer, qualquer intersecção com o nome de Caetano Veloso na seara cultural brasileira vira caso de notícia.
Em recente entrevista à Folha, por ocasião da estréia desse mesmo show de sexta-feira, o "zé mané" D2 (a alcunha caiu de Caê), em meio ao fogo cruzado, pedia licença para entrar com sua música no cenário da MPB, essa mesma que Caetano acredita pertencer a ele.
Marcelo D2 mandava seu recado, pelo jornal: "Se não me deixar entrar, eu meto o pé na porta".
Então não deixou de ser engraçado ver o Planet Hemp meter o pé na porta do DirecTV Hall e iniciar bem ali a primeira turnê da banda em três anos.
Nova-velha casa de espetáculos, o suntuoso DirecTV Hall é hoje o que por 17 anos foi o Palace, um tradicional local de abrigo à MPB anciã.
Do hall de entrada para a pista, só se entrava depois de passar sob o olhar de Caetano Veloso, lá na arcada, imortalizado em pôster de 5 metros de altura. Caetano, o do pôster, repousa junto de retratos de igual tamanho de outros tótens como Chico, Gil e Tom Jobim, enfeitando o salão de boas-vindas do DirecTV Hall.
À horda de fãs do Planet Hemp que passava por Caetano para ver D2, se misturavam os seguidores de outro grupo do underground paulistano, o Ratos de Porão. O Ratos era a primeira atração da noite, o convidado para a abertura do show da banda carioca.
Veterano quarteto liderado pelo multimídia João Gordo, o Ratos de Porão costuma abandonar o gueto do rock nacional para sair em turnê mundial.
Disseminadores de um hardcore de alta velocidade e recados de ódio em letras ininteligíveis, o Ratos talvez seja o segundo nome brasileiro mais propagado no planeta musical, atrás apenas do Sepultura.
E, levando em conta o som que a banda se presta a fazer, João Gordo e companhia mandaram ver pouco mais de uma hora de ótima apresentação.
Logo depois foi a vez de outros ratos de porão, um pouco mais próximos da superfície radiofônica, o Planet Hemp.
Longe dos palcos por problemas com a polícia e por resguardo estratégico, a banda de Marcelo D2 voltou com fome de show.
O Hemp mesclou, por duas horas e em 30 músicas, seu repertório ao vivo de velhos sucessos e de canções novas, as presentes no recém-lançado "A Invasão do Sagaz Homem-Fumaça", álbum que já ultrapassou a marca das 100 mil cópias vendidas.
O Planet Hemp se considera uma banda de "rap-rock'n'roll". E é exatamente quando faz uso desta química que o grupo mostra qualidade ao vivo. Dá até para acrescentar samba nessa mistura, que a receita ainda assim resulta saborosa.
Em que pese a extenuante duração do show e de um certo "destreino" da banda pelo tempo no "exílio", Caetano Veloso, o do pôster, viu o público sair satisfeito do DirecTV Hall. Cansado, mas de cabeça feita (ops!) com a apresentação da banda de seu "desafeto" zé mané .
O que o Caetano da parede perdeu foi a gargalhada da platéia na pista, antes de os shows começarem. Foi quando o sistema de vídeo e som da luxuosa casa anunciaram as medidas de segurança do local. Entre elas, estava a recomendação de que era proibido fumar no DirecTV Hall.
Leia mais notícias de Ilustrada na Folha Online
Planet Hemp mete o pé na porta da casa da MPB
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da Folha de S.Paulo
Sexta-feira passada foi dia de gala para a música jovem brasileira. Por tudo o que envolveu a volta aos palcos (paulistanos) da banda Planet Hemp, que fazia o primeiro de uma trinca de shows no DirecTV Hall.
Marcelo D2, lider dos Hemp, parece ser o nome da hora do pálido pop nacional.
À parte a sempre polêmica associação de sua banda com a luta pela liberação da maconha, o apreço ao movimento sem-terra, a chegada de CD novo e o hip hop letrado à la "South Park", Marcelo D2 teve seu nome içado às alturas porque foi brigar justo com Caetano Veloso.
E, desnecessário dizer, qualquer intersecção com o nome de Caetano Veloso na seara cultural brasileira vira caso de notícia.
Em recente entrevista à Folha, por ocasião da estréia desse mesmo show de sexta-feira, o "zé mané" D2 (a alcunha caiu de Caê), em meio ao fogo cruzado, pedia licença para entrar com sua música no cenário da MPB, essa mesma que Caetano acredita pertencer a ele.
Marcelo D2 mandava seu recado, pelo jornal: "Se não me deixar entrar, eu meto o pé na porta".
Então não deixou de ser engraçado ver o Planet Hemp meter o pé na porta do DirecTV Hall e iniciar bem ali a primeira turnê da banda em três anos.
Nova-velha casa de espetáculos, o suntuoso DirecTV Hall é hoje o que por 17 anos foi o Palace, um tradicional local de abrigo à MPB anciã.
Do hall de entrada para a pista, só se entrava depois de passar sob o olhar de Caetano Veloso, lá na arcada, imortalizado em pôster de 5 metros de altura. Caetano, o do pôster, repousa junto de retratos de igual tamanho de outros tótens como Chico, Gil e Tom Jobim, enfeitando o salão de boas-vindas do DirecTV Hall.
À horda de fãs do Planet Hemp que passava por Caetano para ver D2, se misturavam os seguidores de outro grupo do underground paulistano, o Ratos de Porão. O Ratos era a primeira atração da noite, o convidado para a abertura do show da banda carioca.
Veterano quarteto liderado pelo multimídia João Gordo, o Ratos de Porão costuma abandonar o gueto do rock nacional para sair em turnê mundial.
Disseminadores de um hardcore de alta velocidade e recados de ódio em letras ininteligíveis, o Ratos talvez seja o segundo nome brasileiro mais propagado no planeta musical, atrás apenas do Sepultura.
E, levando em conta o som que a banda se presta a fazer, João Gordo e companhia mandaram ver pouco mais de uma hora de ótima apresentação.
Logo depois foi a vez de outros ratos de porão, um pouco mais próximos da superfície radiofônica, o Planet Hemp.
Longe dos palcos por problemas com a polícia e por resguardo estratégico, a banda de Marcelo D2 voltou com fome de show.
O Hemp mesclou, por duas horas e em 30 músicas, seu repertório ao vivo de velhos sucessos e de canções novas, as presentes no recém-lançado "A Invasão do Sagaz Homem-Fumaça", álbum que já ultrapassou a marca das 100 mil cópias vendidas.
O Planet Hemp se considera uma banda de "rap-rock'n'roll". E é exatamente quando faz uso desta química que o grupo mostra qualidade ao vivo. Dá até para acrescentar samba nessa mistura, que a receita ainda assim resulta saborosa.
Em que pese a extenuante duração do show e de um certo "destreino" da banda pelo tempo no "exílio", Caetano Veloso, o do pôster, viu o público sair satisfeito do DirecTV Hall. Cansado, mas de cabeça feita (ops!) com a apresentação da banda de seu "desafeto" zé mané .
O que o Caetano da parede perdeu foi a gargalhada da platéia na pista, antes de os shows começarem. Foi quando o sistema de vídeo e som da luxuosa casa anunciaram as medidas de segurança do local. Entre elas, estava a recomendação de que era proibido fumar no DirecTV Hall.
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