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02/03/2004
-
13h34
ANNICK BENOIST
da France Presse, em Paris
Pictogramas, vibriões, espaços quase vazios, luminosos ou salpicados de manchas: o nascimento do mundo, tal como concebeu o pintor catalão Joan Miró, de 1917 a 1934, é tema de uma exposição excepcional no Centro Georges Pompidou de Paris.
A mostra, que ficará aberta ao público de 3 de março a 28 de junho, é magistral pelo transporte sem precedentes de 240 obras, das quais 120 pinturas, objetos e outros tantos desenhos e colagens que compõem o "Miromundo" do sonhador acordado.
Com 200 obras trazidas do exterior e 150 que não eram expostas em Paris desde 1974, esta exposição cobre o período menos conhecido da obra do pintor, o da invenção de uma linguagem pictórica.
"Propomos fazer uma retrospectiva, mas nos pareceu mais interessante destacar as molas de uma criação que ultrapassa e muito 'a fase infantil' estigmatizada por André Breton", explicou Agnès de la Beaumelle, curadora da exposição junto com Claude Laugier.
É magistral a organização desta viagem cronológica, na qual Miró (1893-1983) avança, oscilando entre surrealismo e abstração, entre a sua Catalunha natal e a Paris artística dos anos 20.
A princípio eram as naturezas mortas, as paisagens e os retratos dos anos 1917-1918, já portadores de uma energia extremamente sensual que os desliga desta fase de "menino grande" na qual quiseram restringir o artista, por não poderem classificá-lo.
E então, nas pinturas miniaturistas, surgem as árvores, próximas para voar, como em "A Casa da Palmeira" ou "A Fazenda", as sementes se espalham para fecundar o céu, onde um pássaro voa, ressonância de uma pintura sempre musical.
Em seu "Auto-retrato", Miró faz a síntese de suas origens e da incursão cubista solidamente estruturada.
Mas, muito rapidamente, Miró vai cruzar a fronteira cubista e inventar uma linguagem plástica extremamente original, na qual os sinais do "Miromundo" dançam sobre fundos de cores intensas.
Depois vêm os quadros de fundo azul e os de fundo obscuro, enquanto o artista inscreve seu vocabulário poético em cadernos muito antes de levá-los à tela.
Depois dos coelhos e cabanas instalados como decalques, depois das linhas finas e dos pictogramas, nos quais sempre surge um ponto de tensão ("O Beijo"), chega o momento da destruição de toda a estrutura lógica.
Ou, como dizia o artista, "o desprezo absoluto da pintura", que aplica a partir de 1924, desenhando, colando, escrevendo, anotando, rasgando, cortando suas telas, dando à textura uma dimensão extraordinária.
Depois dos recortes, depois dos admiráveis "Grands Collages" de 1929, reunidos pela primeira vez, a exposição traz grandes pinturas com base em colagens, muito musicais, antes da evasão final nos três "Bleu" do Centre Pompidou, também juntos pela primeira vez.
Centro Pompidou mostra o nascimento do mundo segundo Miró
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da France Presse, em Paris
Pictogramas, vibriões, espaços quase vazios, luminosos ou salpicados de manchas: o nascimento do mundo, tal como concebeu o pintor catalão Joan Miró, de 1917 a 1934, é tema de uma exposição excepcional no Centro Georges Pompidou de Paris.
A mostra, que ficará aberta ao público de 3 de março a 28 de junho, é magistral pelo transporte sem precedentes de 240 obras, das quais 120 pinturas, objetos e outros tantos desenhos e colagens que compõem o "Miromundo" do sonhador acordado.
Com 200 obras trazidas do exterior e 150 que não eram expostas em Paris desde 1974, esta exposição cobre o período menos conhecido da obra do pintor, o da invenção de uma linguagem pictórica.
"Propomos fazer uma retrospectiva, mas nos pareceu mais interessante destacar as molas de uma criação que ultrapassa e muito 'a fase infantil' estigmatizada por André Breton", explicou Agnès de la Beaumelle, curadora da exposição junto com Claude Laugier.
É magistral a organização desta viagem cronológica, na qual Miró (1893-1983) avança, oscilando entre surrealismo e abstração, entre a sua Catalunha natal e a Paris artística dos anos 20.
A princípio eram as naturezas mortas, as paisagens e os retratos dos anos 1917-1918, já portadores de uma energia extremamente sensual que os desliga desta fase de "menino grande" na qual quiseram restringir o artista, por não poderem classificá-lo.
E então, nas pinturas miniaturistas, surgem as árvores, próximas para voar, como em "A Casa da Palmeira" ou "A Fazenda", as sementes se espalham para fecundar o céu, onde um pássaro voa, ressonância de uma pintura sempre musical.
Em seu "Auto-retrato", Miró faz a síntese de suas origens e da incursão cubista solidamente estruturada.
Mas, muito rapidamente, Miró vai cruzar a fronteira cubista e inventar uma linguagem plástica extremamente original, na qual os sinais do "Miromundo" dançam sobre fundos de cores intensas.
Depois vêm os quadros de fundo azul e os de fundo obscuro, enquanto o artista inscreve seu vocabulário poético em cadernos muito antes de levá-los à tela.
Depois dos coelhos e cabanas instalados como decalques, depois das linhas finas e dos pictogramas, nos quais sempre surge um ponto de tensão ("O Beijo"), chega o momento da destruição de toda a estrutura lógica.
Ou, como dizia o artista, "o desprezo absoluto da pintura", que aplica a partir de 1924, desenhando, colando, escrevendo, anotando, rasgando, cortando suas telas, dando à textura uma dimensão extraordinária.
Depois dos recortes, depois dos admiráveis "Grands Collages" de 1929, reunidos pela primeira vez, a exposição traz grandes pinturas com base em colagens, muito musicais, antes da evasão final nos três "Bleu" do Centre Pompidou, também juntos pela primeira vez.
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