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03/03/2004 - 13h18

Escândalo sobre pedofilia cerca abertura da exposição de Otto Mühl

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da France Presse, em Viena

Uma grande exposição do pintor austríaco Otto Mühl foi inaugurada hoje em Viena em meio a um escândalo por causa das novas acusações de pedofilia feitas contra o co-fundador do acionismo, artista provocador de 78 anos, atualmente radicado em Portugal.

A exposição "Otto Mühl: Vida. Arte. Obra", organizada no Museu de Artes Aplicadas (MAK) de Viena, é a mais completa já apresentada sobre este artista, que escandalizou a Áustria nos anos 70 e 80 com suas obras de sexo explícito e com o modo de vida da comunidade que ele dirigia.

Mühl já cumpriu uma pena de sete anos de prisão nos anos 90 por praticar sexo com adolescentes, mas até agora não tinha sido acusado de violação de crianças pequenas.

Mas, no início da semana, surgiram acusações de pedofilia e maus-tratos de meninas, crimes que já teriam prescrito.

"Segundo depoimentos que acabo de receber, Otto Mühl violou meninas de quatro anos na comunidade que ele fundou" (em 1972 na fazenda de Friedrichshof, Burgenland, leste da Áustria), disse à imprensa Elke von Sparre.

Aos 45 anos, Von Sparre, discípula do pintor de 1977 a 1983, explicou que estes depoimentos só foram recebidos agora, pois as vítimas não puderam falar antes devido ao trauma psicológico que sofreram depois da violação.

Como vários outros ex-membros da comunidade, Von Sparre diz suspeitar que Otto Mühl continua violando adolescentes em sua nova comunidade, em Faro (Portugal), onde vive desde 1998 com outras 25 pessoas, entre elas várias crianças.

"O que Mühl fazia não era arte, senão crimes graves", continuou Elke, mencionando violências e agressões contra crianças de pouca idade.

Vários dos antigos discípulos do pintor reprovam o MAK, um museu famoso, por "expor crimes como obras de arte".

"Tudo isso é pura difamação, nunca tivemos idéias perversas", disse Danielle Roussel, assistente de Mühl há muitos anos.

O pintor, que não viajou para Viena porque está doente, repudia estas acusações, qualificando-as de "assassinato verbal".

"A sexualidade com os meninos é contrária à minha idéia de amor livre", disse Mühl à agência austríaca APA.

Peter Noever, diretor do MAK, disse que não lhe corresponde julgar a vida do pintor, mas afirmou que "Otto Mühl é um artista muito importante" e que é necessário mostrar "o período criador da comunidade".

A sexualidade em todas as suas variações, inclusive a zoofilia, é um dos temas recorrentes das 480 obras expostas.

Friedrichshof, que Otto Mühl dirigiu desde 1972 até sua prisão, em 1991, era a princípio uma comunidade concebida como uma rebelião contra o meio burguês e como uma obra de arte em si mesma.

As centenas de pessoas que viveram nesta comunidade e em suas "filiais" da Alemanha e da França praticavam uma sexualidade totalmente livre e não deviam formar casais.

Otto Mühl foi, nos anos 60, um dos fundadores, junto com Hermann Nitsch, do "acionismo vienense", corrente que concebia uma arte do escândalo na qual a obra ultrapassa os limites do objeto, estendendo-se ao próprio corpo dos artistas, que chegavam até a se ferir ou mutilar.

Mühl abandonou o movimento em 1973.
 

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