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11/03/2004
-
07h51
WILSON SILVEIRA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Geraldo Majella Agnello, afirmou que o filme "A Paixão de Cristo", sobre as últimas 12 horas de Jesus, não é anti-semita nem justifica a revolta de judeus, embora seja "terrivelmente cruel" e "chocante".
Já o rabino Henry Sobel, presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, teve opinião contrária: "O filme é nitidamente anti-semita. Minha preocupação é que anti-semitas possam tentar usá-lo para recriar a ficção que justifique o preconceito contra judeus", afirmou.
Majella e Sobel assistiram ao filme na noite de anteontem, em Brasília, em sessão especial promovida pela Fox Filmes do Brasil, à qual a imprensa não teve acesso. Produzido e dirigido por Mel Gibson, o filme entra em cartaz no Brasil no próximo dia 19.
Principais representantes das religiões católica e judaica no Brasil, os dois concordam em um aspecto: o filme é violento do início ao fim. Falado em aramaico e latim, línguas da Palestina naquela época, o filme começa com a prisão de Jesus, no jardim Getsêmani, no monte das Oliveiras, e mostra seu julgamento, martírio e crucificação de forma crua.
Majella evitou posicionar-se claramente sobre o filme, respondendo com evasivas quando questionado se havia gostado de "A Paixão de Cristo", se ele era fiel à história ou ainda se era apelativo. Por exemplo: questionado se havia gostado do filme, respondeu com uma pergunta: "Gostar em que sentido?".
O bispo repetiu diversas vezes que estava chocado e que o filme é cruel. Quanto a ser anti-semita, discorda: "Não se pode tirar essa conclusão, de modo nenhum". Segundo ele, o filme não responsabiliza diretamente os judeus pela morte de Jesus, como vêm argumentando representantes da religião judaica nos EUA.
Majella afirmou também que padres e bispos não vão fazer propaganda do filme aos fiéis da Igreja Católica. Não vão recomendar que o vejam nem deixar de recomendar, disse. Ele assistiu ao filme acompanhado de toda a direção da CNBB, formada por 41 bispos, que está em Brasília para a reunião anual do conselho.
"Fiquei repugnado com a falta de fundamentação histórica do filme, a subjetividade e a violência do início ao fim", disse o rabino Sobel. Segundo ele, os últimos papas, especialmente o atual, João Paulo 2º, isentaram os judeus pela morte de Cristo, e não é um filme de duas horas que vai prejudicar o relacionamento harmonioso entre cristãos e judeus.
Sobel culpa os romanos pela morte de Cristo. Quanto ao relato dos evangelhos que compõem o Novo Testamento (Mateus, Marcos, Lucas e João), que acusam tanto as autoridades judaicas quanto o povo judeu, o rabino afirmou que não são confiáveis.
"Os evangelhos não são documentos históricos. Os evangelistas não testemunharam pessoalmente os acontecimentos descritos. São narrativas que podem ter sido facilmente distorcidas."
O filme foi liberado pelo Ministério da Justiça para maiores de 14 anos. O ministério informou que qualquer alteração nessa decisão só será feita se houver decisão judicial nesse sentido. Nenhum cidadão, segundo o ministério, tem a prerrogativa de pedir a proibição de um filme ou sua reclassificação, como fez o advogado e psicólogo Jacob Goldberg.
Ingressos
Até a manhã de ontem, a rede UCI havia vendido cerca de 5.000 ingressos antecipados para o filme. A compra pode ser feita nas bilheterias dos cinemas ou pelo site www.ucicinemas.com.br.
Colaborou a Redação
D. Geraldo Majella e Sobel divergem sobre "A Paixão de Cristo"
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Geraldo Majella Agnello, afirmou que o filme "A Paixão de Cristo", sobre as últimas 12 horas de Jesus, não é anti-semita nem justifica a revolta de judeus, embora seja "terrivelmente cruel" e "chocante".
Já o rabino Henry Sobel, presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, teve opinião contrária: "O filme é nitidamente anti-semita. Minha preocupação é que anti-semitas possam tentar usá-lo para recriar a ficção que justifique o preconceito contra judeus", afirmou.
Majella e Sobel assistiram ao filme na noite de anteontem, em Brasília, em sessão especial promovida pela Fox Filmes do Brasil, à qual a imprensa não teve acesso. Produzido e dirigido por Mel Gibson, o filme entra em cartaz no Brasil no próximo dia 19.
Principais representantes das religiões católica e judaica no Brasil, os dois concordam em um aspecto: o filme é violento do início ao fim. Falado em aramaico e latim, línguas da Palestina naquela época, o filme começa com a prisão de Jesus, no jardim Getsêmani, no monte das Oliveiras, e mostra seu julgamento, martírio e crucificação de forma crua.
Majella evitou posicionar-se claramente sobre o filme, respondendo com evasivas quando questionado se havia gostado de "A Paixão de Cristo", se ele era fiel à história ou ainda se era apelativo. Por exemplo: questionado se havia gostado do filme, respondeu com uma pergunta: "Gostar em que sentido?".
O bispo repetiu diversas vezes que estava chocado e que o filme é cruel. Quanto a ser anti-semita, discorda: "Não se pode tirar essa conclusão, de modo nenhum". Segundo ele, o filme não responsabiliza diretamente os judeus pela morte de Jesus, como vêm argumentando representantes da religião judaica nos EUA.
Majella afirmou também que padres e bispos não vão fazer propaganda do filme aos fiéis da Igreja Católica. Não vão recomendar que o vejam nem deixar de recomendar, disse. Ele assistiu ao filme acompanhado de toda a direção da CNBB, formada por 41 bispos, que está em Brasília para a reunião anual do conselho.
"Fiquei repugnado com a falta de fundamentação histórica do filme, a subjetividade e a violência do início ao fim", disse o rabino Sobel. Segundo ele, os últimos papas, especialmente o atual, João Paulo 2º, isentaram os judeus pela morte de Cristo, e não é um filme de duas horas que vai prejudicar o relacionamento harmonioso entre cristãos e judeus.
Sobel culpa os romanos pela morte de Cristo. Quanto ao relato dos evangelhos que compõem o Novo Testamento (Mateus, Marcos, Lucas e João), que acusam tanto as autoridades judaicas quanto o povo judeu, o rabino afirmou que não são confiáveis.
"Os evangelhos não são documentos históricos. Os evangelistas não testemunharam pessoalmente os acontecimentos descritos. São narrativas que podem ter sido facilmente distorcidas."
O filme foi liberado pelo Ministério da Justiça para maiores de 14 anos. O ministério informou que qualquer alteração nessa decisão só será feita se houver decisão judicial nesse sentido. Nenhum cidadão, segundo o ministério, tem a prerrogativa de pedir a proibição de um filme ou sua reclassificação, como fez o advogado e psicólogo Jacob Goldberg.
Ingressos
Até a manhã de ontem, a rede UCI havia vendido cerca de 5.000 ingressos antecipados para o filme. A compra pode ser feita nas bilheterias dos cinemas ou pelo site www.ucicinemas.com.br.
Colaborou a Redação
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