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14/08/2004 - 07h21

Outro brasileiro acusa Peter Robb de plágio

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo

Dois meses depois, a briga ganha seu segundo round.

O australiano Peter Robb, autor do festejado "A Death in Brazil", que em junho sofreu acusação de plágio do brasileiro Mario Sergio Conti ("Notícias do Planalto"), especialmente nos trechos em que trata do ex-presidente Fernando Collor de Mello e de seu ex-tesoureiro, PC Farias, acaba de receber mais um golpe.

Segundo o jornalista Lucas Figueiredo, autor do sucesso "Morcegos Negros" (Record, 2000), sobre aquele período, também seu livro foi plagiado pela obra do australiano lançada em maio nos EUA, Reino Unido e Austrália.

"O título de Peter Robb faz referência, sobretudo, às mortes de PC Farias e Suzana Marcolino", disse o mineiro de 35 anos que trabalhou na Folha de 1994 a 2001 e hoje é repórter especial do "Estado de Minas". "Pois foram justamente os trechos de meu livro referentes às mortes de PC e Suzana os mais plagiados."

Segundo cálculos de Figueiredo, "Morcegos" teve partes copiadas de praticamente toda a sua extensão, da página 61 à página 368. "Mas Peter Robb concentrou as informações que chupou em apenas 20 páginas de seu livro, da página 251 à página 271".

Em entrevista por e-mail ontem, Robb "reafirma tudo o que tinha dito no último contato", em julho. Naquela ocasião, ele admitiu ter usado tanto o livro de Conti quanto o do Figueiredo como "fonte de informações factuais sobre o governo Collor".

A Folha apurou, no entanto, que sua editora entrou em contato com a Companhia das Letras, que publicou o livro de Mario Sergio Conti em 1999, para fazer uma proposta de acordo, cujos detalhes ainda não foram acertados.

"Estudamos a possibilidade de fazer um processo junto com Lucas Figueiredo", disse Conti, por e-mail, de Paris. "Com a comprovação do plágio de "Morcegos Negros", fica claro qual é o método de trabalho do Robb: o roubo."

Em julho último, Robb havia repetido a opinião de seu editor na Austrália, Michel Duffy, e atribuído as acusações a um suposto interesse da Rede Globo em desacreditar sua obra.

"O império contra-ataca", diz Robb, por e-mail. "Uma parte de meu livro diz respeito à conhecida interferência de Roberto Marinho nas eleições de 1989, para prejudicar Lula e eleger Collor. Também descrevo o enorme crescimento da Globo nos anos 60 como um dos subprodutos da ditadura militar, sua implantação da mentalidade de telenovela no Brasil e o fato de que a família Collor em Alagoas e Antonio Carlos Magalhães na Bahia eram donos de retransmissoras da empresa."

É Conti quem contra-ataca: "Além de ladrão de trabalho, textos e idéias alheias, Robb é mentiroso. A grande reportagem sobre seu plágio foi publicada pela Folha, que não tem nada a ver com as Organizações Globo. Quanto a mim, nunca trabalhei em nenhum dos jornais, revistas e emissoras de rádio e TV da Globo".

Desde a publicação da reportagem da Folha, em 21 de junho último, Conti deu entrevistas sobre o assunto para a Radio France International e para o Special Broadcasting Service, a rádio pública australiana, e o suposto plágio mereceu reportagem no "Sydney Morning Herald", jornal da cidade-natal do autor.

Mas as resenhas positivas que o livro vem recebendo da imprensa britânica e americana não citam a polêmica. A última saiu no "Guardian" no dia 25 de julho, com o título "Rio com Brio". O resenhista diz que Robb narra "magistralmente" as circunstâncias da morte de PC Farias.

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