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13/07/2005 - 10h08

Público de cinema no Brasil cai 43% em junho

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SILVANA ARANTES
da Folha de S. Paulo

Confirmado: o público das salas de cinema no Brasil caiu 43% em junho, em comparação com o mesmo período de 2004. O índice (em torno de 40%) havia sido previsto por Valmir Fernandes, presidente da Cinemark, maior rede de salas do país (304), em entrevista à Folha, no mês passado.

Apurado ontem pela agência de estatísticas cinematográficas Filme B, o resultado de junho confirma um semestre de declínio de espectadores e renda dos filmes no Brasil. A tendência negativa é observada no mundo todo e reforça as duas principais teses que tentam explicar o fenômeno: a safra de filmes está fraca, por isso o espectador não se anima a ir ao cinema; o DVD está tomando o lugar das salas.

Com apenas seis meses de observação, ninguém na indústria cinematográfica se anima a proferir um diagnóstico categórico sobre o assunto.

Mas, se a segunda suposição estiver correta, o mercado de exibição estará diante de uma mudança estrutural.

O que, sim, já se diz sem rodeios é que a situação não deve melhorar até o final deste ano, ao menos no Brasil e especialmente para o filme nacional.

"Somos a parte mais fraca e, portanto, mais sensível do mercado. É natural que uma crise nos atinja com mais força", diz a produtora Paula Lavigne.

Com o respaldo de um grande sucesso em 2003 --"Lisbela e o Prisioneiro", de Guel Arraes, que obteve 3,1 milhões de espectadores--, Lavigne lançou em janeiro deste ano "Meu Tio Matou um Cara", de Jorge Furtado, e se prepara para estrear no dia 7 de outubro "O Coronel e o Lobisomem", de Maurício Farias, uma comédia que flerta com o fantástico.

O longa de Furtado registrou 573.773 espectadores (até junho). Com "O Coronel e o Lobisomem", Lavigne não tem a expectativa de repetir a performance de "Lisbela e o Prisioneiro".

O filme de Farias será lançado com 150 cópias no país. Esse número, calcula Lavigne, determina um teto de espectadores para o título abaixo dos 2 milhões.

É que, para superar essa marca, o filme teria de registrar um número de espectadores por cópia e permanecer em cartaz por um tempo muito além da média do mercado.

"Lisbela e o Prisioneiro" estreou com 250 cópias. Agora, os distribuidores estão mais cautelosos", diz Lavigne, apontando a redução das expectativas do mercado como conseqüência da queda geral de público no semestre e do resultado específico do filme brasileiro neste período.

Até junho, a queda da bilheteria de filmes nacionais foi de 44%, em relação ao primeiro semestre do ano passado. Dos 17 títulos lançados neste ano, nenhum até agora se aproximou da marca dos 3 milhões de espectadores.

Esta barreira --que no Brasil significa o limiar de um grande sucesso-- havia sido ultrapassada desde 2002 por sucessos como "Cidade de Deus", "Carandiru" e "Cazuza - O Tempo Não Pára". Ou seja, o cinema brasileiro, que vinha em curva ascendente, inverteu o sinal de crescimento.

Se "O Coronel e o Lobisomem" estima seu público aquém dos 2 milhões, "Quem tem Medo de Irma Vap?", de Carla Camuratti, que seria outra aposta de sucesso em 2005, corre o risco de nem estrear neste ano.
O novo filme de Camuratti enfrentou dificuldades para reunir o total de seu orçamento e ainda não ficou pronto.

A diretora é considerada pioneira na "retomada" do cinema brasileiro, com "Carlota Joaquina", que em 1995 fez notável 1,2 milhão de espectadores. Era o ano inaugural da curva ascendente agora ameaçada.

Bruno Wainer, diretor da Lumière, que distribuirá "O Mistério de Irma Vap", diz que "o tempo mínimo necessário à preparação do lançamento do filme está se esgotando". A estréia do longa está prevista para 18 de novembro. Mas, sem o filme pronto, Wainer ainda não pôde começar a elaborar seu trailer, peça que considera fundamental na divulgação de "filmes de grande público".

O distribuidor, que lançou "Cidade de Deus" e "Olga" (2004), ambos com mais de 3 milhões de espectadores, cita o exemplo da campanha do último: "Fizemos dois traileres de "Olga", que começaram a ser exibidos em maio e permaneceram nos cinemas até a estréia do filme, em agosto".

Wainer avalia que "a crise do cinema brasileiro está pintando mais dramática do que a do internacional" e atribui esta diferença "aos dois anos que perdemos discutindo a Ancinav [projeto do MinC para a transformação da Agência Nacional do Cinema em Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual]". Para o distribuidor, a situação atual "é a colheita do cinema depois que este governo assumiu".

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