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28/11/2005 - 11h51

"Pedro Páramo" ganha edição aos 50 anos

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da France Presse, em Cidade do México

Uma nova edição do romance "Pedro Páramo", do mexicano Juan Rulfo, revela ao público a versão do livro corrigida pelo autor, pondo um ponto final em 50 anos de erratas e más interpretações dos editores.

"Meu pai ficou descontente com a edição do Fundo da Cultura Econômica [FCE], e em algumas ocasiões ele marcou alguns parágrafos que queria eliminar, mas a editora não aceitava", disse à France Presse Juan Francisco Rulfo, filho do escritor.

A nova edição de "Pedro Páramo", lançada pela casa RM e que será apresentada na 19ª Feira Internacional do Livro de Guadalajara, pretende ser a versão definitiva do romance a partir das correções feitas pelo próprio Juan Rulfo (1917-1986) sobre o original datilografado.

Cinco décadas após sua primeira edição, as luzes de Comala não se apagaram para "Pedro Páramo" e tampouco para "O Planalto em Chamas", a coleção de contos da curta obra de Rulfo que também foi editada com as modificações desejadas em vida pelo autor.

No caso dos dois livros, as novas edições são os retoques finais de um escritor tão exigente que preferiu abandonar a literatura a trair seus leitores com obras que pudessem ser consideradas menores, segundo o filho de Juan Rulfo.

"Também houve um diretor do Fundo da Cultura que, sendo de Jalisco (oeste), decidiu mudar a linguagem de 'Pedro Páramo', pensando que o tornava mais adequado, o que incomodou muitíssimo Rulfo", lembrou, por sua vez, Víctor Jiménez, diretor da Fundação Juan Rulfo.

Com essa nova edição, os herdeiros do autor querem emendar "a história cheia de descuidos muito graves" que por décadas "Pedro Páramo" sofreu, acrescentou Jiménez.

Na sede da fundação que leva o nome do escritor é possível sentir a magia das veredas empoeiradas descritas nas obras de Rulfo: as paredes estão cobertas com as imagens registradas pelo artista em dezenas de povoados do México, mostrando a paixão que ele nutria pela fotografia.

A Fundação Juan Rulfo conserva pelo menos 6.000 negativos, dos quais um bom número já foi digitalizado para facilitar reimpressões exibidas em todo o mundo.

Em frente ao corredor de entrada se conserva intacta a máquina de escrever preta Remington Rand que Rulfo comprou por 1.000 pesos em 10 de novembro de 1953, e na qual escreveu em tardes intermináveis a obra que o levou a ser uma das personalidades mais representativas da literatura latino-americana.

"Alguns dizem que não escreveu mais porque ia se repetir, porque já havia dito tudo", explicou Juan Francisco Rulfo, de 54 anos.

O criador do enigmático personagem de Susana San Juan "respeitava muito a quem era um leitor de verdade e não queria que ele desperdiçasse seu tempo com uma obra que tampouco para ele fosse satisfatória" e por isso Rulfo deixou de escrever, argumentou seu filho.

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