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06/01/2006 - 19h38

Leia "minicrítica" de 20 filmes e decida o que ver

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RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online

Seguem abaixo pequenas críticas de 20 filmes, sendo que 19 já estão em cartaz nos cinemas e um estréia na próxima sexta-feira. Entre os filmes avaliados está "A Marcha dos Pingüins" (estréia dia 13), a comédia nacional "Se eu Fosse Você" e o desenho animado "Valiant". Com exceção desses três, os primeiros da lista, os demais estão apresentados na ordem do "melhor" para o "pior", de acordo com a avaliação da reportagem, que assistiu a todos.

Obviamente, trata-se de um ranking subjetivo, porque a avaliação é pessoal, como toda crítica. De qualquer forma a lista vale como uma dica para você decidir o que vale e o que não vale a pena assistir nos cinemas a partir de hoje.




Pré-estréia...

A Marcha dos Pingüins" ("La Marche de l'empereur") - O filme estréia no Brasil na próxima sexta-feira. Conta a saga do pingüim imperador, espécie que, do nascimento à morte, marcha para procriar, marcha para se alimentar e marcha para morrer. Somente as imagens, realmente impressionantes, já valem cada centavo do ingresso. O único empecilho (se é que pode ser chamado assim) é a fórmula usada pelo diretor Luc Jacquet para contar a história: além de uma narrativa em off (em francês), os personagens principais (um casal de pingüins e posteriormente seu filhote) ganham vozes. Tipo: "Cuide do nosso filhote, vou buscar comida". "Sim, vou cuidar". "Ei, já consigo andar sozinho!" Tais diálogos imaginários não chegam a estragar o documentário, mas de certa forma tiram um pouco de seu brilho. Mas, repetimos, as imagens valem...

Estréias...

Se eu Fosse Você - Comediazinha arroz com feijão --ou água com
açúcar-- feita por Daniel Filho que veio para faturar, mas não soma nada ao cinema. Apesar da irrepreensível atuação de Gloria Pires e Tony Ramos, o texto é fraco e as situações cômicas são rasas. Além disso, o tema "troca de corpos" já está mais do que surrado no cinema. Citamos duas opções mais interessantes e divertidas com o mesmo assunto: "Freak Friday" ("Sexta-Feira Muito Louca"), com Lindsay Lohan e Jamie Lee Curtis (2004, e tem uma trilha sonora pesada e sensacional); e "Hot Chick" ("Garota Veneno"), com Rob Schneider (2002).

Valiant (idem) - Desenho inglês que aborda a Segunda Guerra sob o ponto de vista dos pombos-correio que trabalharam no Exército britânico (aliás, muitos pombos e outros animais foram de fato condecorados como heróis, após a guerra). É um desenho com "moral", que fala de superação de deficiências, de bravura e, também, de covardia. Tem algumas sacadinhas bacanas, como uma referência a Edith Piaf (1915-1963), além do nome da ratinha líder da resistência francesa, Charlie DeGirl. Mas vale observar que "Valiant" não entraria na lista nem dos 200 melhores desenhos da história do cinema. É mediano e olhe lá.

Em cartaz...

Família Rodante - Mais que um filme, é quase um trabalho de humanismo do diretor Pablo Trapero. Ele consegue captar com naturalidade o ser humano, e de forma simples filma uma numerosa e atrapalhada família que passa dias viajando em um caminhão-trailer para ir assistir ao casamento de uma parente. Com a viagem, cada personagem revela seus defeitos e qualidades. Tudo aos poucos, mas de forma intensa. O final é sublime. Um dos melhores filmes exibidos no Brasil em 2005.

Palavras de Amor ("Bee Season") - Richard Gere e Juliette Binoche têm atuação memorável, mas a estrela do filme é a garotinha Flora Cross, que simplesmente carrega o filme embaixo do bracinho o tempo todo. "Palavras de Amor" é um exemplo de cinema sensível e inteligente, e tem um dos mais lindos desfechos de todos os tempos. Como dica, leve para o filme a lembrança que "y", em inglês, se pronuncia "why" (por quê?). Lembre-se disso.

Apenas um Beijo ("Ae Fond Kiss...") - Embora o pano de fundo seja a intolerância religiosa (um DJ muçulmano, uma professora católica), o tema central aqui é o amor. Mas não aquele amor cinematográfico, impossível, épico. "Apenas um Beijo" fala sobre o amor e a carência das pessoas comuns e atormentadas. Essa é a maior qualidade do filme de Ken Loach: simplicidade.

Marcas da Violência ("A History of Violence") - Aqui não tem simplicidade e a história é outra. Um suposto pacato cidadão, de uma bucólica cidadezinha do interior norte-americano, se torna celebridade nacional do dia para a noite após desarmar e matar dois ladrões em seu restaurante. Com a fama, ele atrai também o nebuloso passado. Tão nebuloso quanto o roteiro, que consegue manter o suspense do filme e de seu personagem central (Viggo Mortensen) até o fim de seus 96 minutos.

O Jardineiro Fiel ("The Constant Gardener") - Grande filme que mescla suspense, drama, ação e teoria conspiratória sob a direção do brasileiro Fernando Meirelles e que, provavelmente, vai abocanhar alguma estatueta do Oscar --seja como filme ou direção ou montagem ou fotografia ou etc. Um grande trabalho de Ralph Fiennes também.

Maria Bethânia - Música é Perfume - Excelente documentário sobre a estrela da MPB. Esmiuça sua personalidade, seu carisma e seu processo de interpretação e criação. Há depoimentos divertidos e emocionantes sobre Bethânia. É uma imperdível incursão na vida dessa grande artista. Para quem gosta de Bethânia. Ou de música, simplesmente.

Vinícius - Documentário sobre esse gênio eclético chamado Vinícius de Moraes (1913 - 1980). Um ser humano tão talentoso quanto desprendido, tão apaixonado quanto engraçado. A obra vem recheada de imagens raras (com destaque para uma cena hilária em que ele e Jobim estão absolutamente "trêbados") e depoimentos ora hilários, ora emocionantes. O diretor Miguel Faria Jr. disseca a vida e a obra do artista, mas conta também um pouco da história musical do Brasil, principalmente após 1950.

Uma Vida Iluminada ("Everything is Illuminated") - Em busca do passado de sua família, um jovem judeu (Elijah Wood) que mora nos EUA retorna à Ucrânia, acompanhado de dois guias locais. A viagem repercute no interior dos três personagens e levará todos a um resultado surpreendente. O filme mostra ainda como as atrocidades cometidas contra judeus não foram obra apenas de alemães. Muitas pessoas, em vários países do mundo, aproveitaram a "onda" de Hitler e, como ele, se tornaram assassinas.

Manderlay (idem) - O segundo filme da trilogia de Lars von Triers agora aborda o racismo. Tem muito mais qualidades que defeitos. E um desses defeitos nem foi culpa do diretor: ele simplesmente perdeu Nicole Kidman, a grande estrela do (justamente) aclamado "Dogville", no papel de Grace. Sua substituta em "Manderlay" é Bryce Dallas Howard, que, apesar de ótima atriz, não tem de forma alguma o mesmo carisma que Kidman. Mesmo assim, vale muito a pena.

King Kong (idem) - O filme vale pela direção de Peter Jackson, pela espantosa animação do gorilão, pelos demais efeitos especiais, e também pela bizarra história em si, a qual todos já sabem o final. O único defeito visível é a prolixidade. Porque, convenhamos, três horas e sete minutos é tempo demais para contar qualquer história. Isso decididamente torna "King Kong" cansativo. Após assistir (ou se já assistiu), pode apostar que você vai concordar: algumas seqüências (como "a dos insetos") são absolutamente exageradas e outras são prolongadas demais (como o enfrentamento Gorila x Dinos). Mas isso não desmerece em absoluto essa diversão cinematográfica de altíssimo nível.

E Se Fosse Verdade... ("Just Like Heaven") - Se você torce o nariz para esse filme mesmo sem vê-lo, provavelmente é porque pensa que é "mais uma comediazinha idiota". Não é, não. Claro, como toda comédia romântica, aqui tem algo de tolinho, mas a verdade é que se trata de uma comédia de nível superior, com um ótimo roteiro e uma doce química entre Reese Whiterspoon e Mark Ruffalo. Se você quer assistir a um filme despretensioso e agradável com sua(eu) namorada(o), e não quer se desapontar, é este.

As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa ("The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe") - Assim como em "Palavras de Amor", uma menininha também rouba todas as atenções nesse épico infanto-juvenil, baseado em obra homônima de Clive Staples Lewis (1898 - 1963): seu nome é Georgie Henley. Sua doçura encanta. As locações, também.

A Passagem ("Stay") - É um filme de suspense com pitadas de misticismo, e que parece provocar reações sem meio-termo: ou você gosta ou detesta. Seja qual for sua reação, certamente sairá do cinema atordoado, pois o roteiro deixa (aparentemente, de propósito) lacunas para o público preencher de acordo com seu entendimento. Uma coisa é inegável: a montagem/edição é primorosa. Ewan McGregor e Naomi Watts têm grande performance. Já Ryan Gosling ("Tolerância Zero" e "Diário de Uma Paixão", entre outros) está simplesmente fabuloso.

Flores Partidas ("Broken Flowers") - Uma comédia agradável, que deixa ao espectador um monte de interrogações. De fato essa é a intenção do diretor Jim Jarmusch (o mesmo de "Café e Cigarros"). Bill Murray mantém o mesmo nível de interpretação (porém, um pouco mais insípido) de filmes como "A vida marinha com Steve Zissou" ("The Life aquatic with Steve Zissou") e "Encontros e Desencontros" ("Lost in Translation"). Aquela mesma expressão "tédio-blasé" de sempre.

Sou Feia Mas Tô Na Moda - Documentário bacana e bem montadinho, que remexe as origens do mundo funkeiro fluminense, a partir do trabalho dos pioneiros na Cidade de Deus. Mesmo quem não gosta do estilo, pode aprender um pouco mais sobre cultura musical popular com o filme.

Brothers ("Brodre") - Filme que conta duas histórias: a de um soldado responsável, pai de família (e que tem uma bela mulher), e a de seu irmão --um arruaceiro preguiçoso que só causa desgosto à família. O panorama muda quando o primeiro é enviado para integrar as tropas dinamarquesas no Afeganistão (sob liderança dos EUA), e o segundo percebe que não é querido pelo pai. Um drama familiar interessante, que em certos momentos chega a ser pungente.

Quem Somos Nós? ("What the Bleep Do We Know?") - Evidentemente trata-se de propaganda de alguma seita disfarçada de filme sobre ciência. Alguns efeitos especiais e sonoros são tão repetitivos que irritam o espectador. Parte da "ideologia" apresentada não passa de suposto plágio dos conceitos sobre percepção humana de acordo com os feiticeiros toltecas (povo que viveu no México pré-colombiano), e que já foram esmiuçados na inestimável obra do antropólogo Carlos Castaneda. Certamente a seita "chupinhou" de lá seus conceitos. Ou seja, em vez de assistir ao filme é melhor ir direto à fonte.

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