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18/01/2006 - 10h18

Meirelles diz que perder foi "alívio" e dispensa Gisele

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SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

O cineasta brasileiro Fernando Meirelles perdeu anteontem o Globo de Ouro. Pela segunda vez. Meirelles afirma que a sensação da derrota é de "alívio", porque ela o poupa da obrigação de fazer discursos, experiência que caracteriza como "dolorosa".

A derrota de Meirelles não é exatamente um fracasso. Ele competiu com os pesos-pesados de Hollywood Steven Spielberg ("Munique"), Peter Jackson ("King Kong"), Woody Allen ("Ponto Final") e George Clooney ("Boa Noite e Boa Sorte").

Na primeira vez em que o brasileiro sentou-se na platéia do Globo de Ouro, competia ao título de melhor filme estrangeiro, com "Cidade de Deus". Era 2003.

Meirelles dividiu a mesa com o espanhol Pedro Almodóvar, que venceu e não cumprimentou o brasileiro. Desta vez, o conviva ao lado do cineasta era o ator norte-americano Tim Robbins, que fez a apresentação do filme na disputa.

Robbins, que com a atriz Susan Sarandon forma um casal notório em Hollywood pela adesão a idéias e causas identificados com a esquerda norte-americana, chamou "O Jardineiro Fiel" de "um filme impecável".

Na entrevista a seguir, Meirelles comenta o resultado do Globo de Ouro, fala de suas chances no Oscar e dispensa, delicadamente, a top Gisele Bündchen de seu próximo elenco. A modelo declarou que adoraria filmar com o diretor.

Folha - Quando o sr. ouviu Clint Eastwood dizer o nome de Ang Lee teve a mesma sensação de 2003, em que também competiu e não venceu? Que sensação é, aliás?

Fernando Meirelles - A primeira sensação é de alívio por não ter que subir lá e fazer um discurso. Ganhar um prêmio é ótimo, mas ir recebê-lo é doloroso para mim.

Todo mundo estava esperando que Ang Lee vencesse. Ele estava em primeiro em todas as bolsas de apostas que a imprensa norte-americana adora fazer. Vi um site em que as chances dele eram de 2 em 3; as do George Clooney, 1 em 2; a minha, 1 em 15 e a dos outros três diretores, 1 em 40.

Não havia muita dúvida de quem ganharia, por isso não houve sofrimento. Quando fui com "Cidade de Deus", em 2003, sofri bem mais, enquanto Zhang Yimou ["Herói"] dormia ao meu lado. [O espanhol Pedro] Almodóvar levou [com "Fale com Ela"].

Folha - A quem o Globo de Ouro fez justiça e com quem foi injusto?

Meirelles - Adorei ver Hani Abu-Assad ganhar melhor filme estrangeiro com [o título palestino] "Paradise Now". Ele me contou essa história que estava escrevendo em 2002. De cara achei que seria um filme vencedor. Injustiça foi ficar tanto tempo na cadeira, vendo gente de TV sendo premiada. É meio tedioso quando não se conhece ninguém.

Folha - Quem estava na sua mesa? Ouviu algo interessante? Combinou novos projetos?

Meirelles - Na mesa estava minha mulher Ciça Meirelles, o produtor do filme, Simon C. Willians, e sua mulher, um executivo da Fox, a Rachel Weisz com seu marido, Daren Aronofsky, e o Tim Robbins.

Rolou pouca comida e os papos de sempre. A bebida era boa, mas peguei leve. Durante os comerciais, todo mundo levanta e vai para as mesas vizinhas.

Folha - O Globo de Ouro é considerado prévia do Oscar. Acha que esse resultado antecipa o do Oscar? Aumentam as chances de Rachel Weisz? Que indicações você espera obter para "O Jardineiro Fiel"?

Meirelles - No Oscar, as maiores chances são para Rachel Weisz, a montadora Claire Simpson e o roteirista Jeffrey Caine. Torço pelo Ralph Fiennes, mas sabemos que é um ano dificílimo para atores.

Cesar Charlone merecia uma nomeação pela fotografia, mas não o nomearam no sindicato de sua categoria, o que não é bom sinal. Não estou contando com nomeação para mim pela mesma razão. Não fui incluído na lista do Directors Guild.

Folha - O crescimento de "O Segredo de Brokeback Mountain" nas bilheterias dos EUA, sendo um filme da Focus, assim como "O Jardineiro Fiel", pode enfraquecer a campanha de seu filme ao Oscar?

Meirelles - Acho que não. Para a Focus, quanto mais frentes e mais nomeações, melhor. Cada negócio é um negócio.

Folha - Na próxima vez que o sr. disputar um prêmio em Los Angeles, o diretor de "2 Filhos de Francisco", Breno Silveira, também estará na platéia?

Meirelles - Seria lindo.

Folha - A top Gisele Bündchen disse à Folha que adoraria filmar com o sr. Já a dirigiu em comerciais? Há lugar para ela num filme seu?

Meirelles - Fizemos dois comerciais juntos. Ela é uma pessoa adorável, mas no filme que estou escrevendo não há nenhum personagem com seu perfil, de semideusa.

Folha - Qual é o próximo filme?

Meirelles - Teoricamente meu próximo projeto seria [a produção brasileira] "Intolerância", mas quero dar uma desacelerada na minha vida. Então vou empurrá-lo com a barriga até cansar de fazer nada.

Folha - Na cerimônia do Oscar 2004, em que o sr. concorreu como melhor diretor, por "Cidade de Deus", o sr. disse que fez sinais para a câmera a pedido de seu filho. Desta vez, o que era?

Meirelles - Acho que era total falta de ter o que fazer com aquele cara apontando a lente a meio metro do meu nariz. Achei que aquela imagem só estivesse nos telões internos...

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