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21/05/2006 - 14h00

Pequim castigará diretor que foi a Cannes sem permissão

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da Efe, em Pequim

Lou Ye, o único diretor chinês cujo filme, "Summer Palace", concorre à Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes, poderá ser penalizado por assistir ao evento sem a permissão do Governo chinês, informa hoje a imprensa local.

Zhou Jiandong, diretor da Administração Estatal de Rádio, Cinema e Televisão (SARFT, na sigla em inglês), explicou ao jornal "Shenzhen Evening News" que a equipe do filme "poderia ser definitivamente" penalizada.

O filme chamou a atenção por seu conteúdo, que se desenvolve com o cenário de fundo dos protestos estudantis de 1989 (que acabaram em massacre) e por suas seqüências sexuais, dois tabus para o governo comunista, explica o South China Morning Post (SCMP).

Além disso, Lou (a quem Pequim já proibiu de trabalhar durante dois anos pelo controvertido "Suzhou River") foi muito explícito em Cannes em relação à censura durante a entrevista coletiva de apresentação do filme, e disse estar disposto a cortar o que fosse necessário para que a obra pudesse ser exibida na China.

Segundo os regulamentos introduzidos em 2002 pelo governo chinês, os candidatos que vão a festivais internacionais de cinema sem a permissão de Pequim "não poderão participar de nenhuma atividade cinematográfica durante cinco anos".

Um dos produtores de "Summer Palace", Fang Li, mostrou-se resignado com esta possibilidade: "espero que não tenhamos que passar por isto. Mas ainda não recebemos nenhuma notificação oficial, por isso não sabemos o que vai acontecer".

Os jornalistas chineses deslocados para Cannes assinalaram que seus meios receberam uma ordem do Departamento de Propaganda do Partido Comunista da China (que habitualmente controla os conteúdos na imprensa) para que não informassem sobre a apresentação do filme, informou o SCMP.

"É muito frustrante, mas não estou surpreso. É uma pena porque a audiência do filme é chinesa. Tudo o que escrevi não poderá ser utilizado. Inclusive a passagem pelo tapete vermelho e a entrevista coletiva (de Lou Ye) não serão retransmitidos", disse um destes jornalistas.

O filme é o único asiático que concorre ao prêmio principal de Cannes nesta edição. Apesar do privilégio e da polêmica, a crítica classificou o filme de "soporífero", devido à longa duração e a diversas seqüências filmadas quase em tempo real.

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