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26/09/2006 - 09h00

Turnê do RBD no Brasil rende abaixo do esperado por organização

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CAMILA MARQUES
da Folha Online

A turnê do grupo mexicano RBD no Brasil, fenômeno de venda de CDs e DVDs, foi superestimada. A afirmação é do presidente da Mondo Entretenimento, William Crunfli, responsável por trazer ao país a maior turnê já realizada por aqui em termos de tamanho --são 13 shows em 12 Estados. Apesar da expectativa da passagem da banda por terras nacionais ter sido maior do que os números realmente alcançados até agora, tanto em termos de público como de bilheteria, a empreitada está longe de ser classificada como fracasso.

Em entrevista exclusiva à Folha Online, Crunfli explicou que, quando o contrato com a Roptus (empresa que representa o RBD e a emissora Televisa, detentora dos direitos da novela "Rebelde" e da banda) foi fechado, esperava-se um público total de 450 mil pessoas e arrecadação de bilheterias em torno dos R$ 65 milhões. Após a realização dos cinco primeiros espetáculos, porém, o panorama que se desenha é bem diferente.

Divulgação
Primeiro show do RBD no Brasil reuniu 20.000 em Manaus; na foto, a cantora Anahí
Primeiro show do RBD no Brasil reuniu 20.000 em Manaus; na foto, a cantora Anahí
O valor de R$ 65 milhões, apresentado pela Folha Online e endossado pela Mondo, foi calculado ao somar-se metade (por conta da meia-entrada para estudantes) do preço do ingresso mais caro e metade do mais barato de cada apresentação; em seguida, o número foi multiplicado pela quantidades de entradas colocadas à venda. O cálculo foi feito por região porque as diferenças de valores são grandes: em Recife, por exemplo, o ingresso mais barato custa R$ 40 e, em São Paulo, o mais caro sai por R$ 400 (inteira).

Até agora, o RBD realizou cinco shows: Manaus (sambódromo), Belém (Arena Yamada), Fortaleza (Marina Hotel), Goiânia (Estádio Serra Dourada) e Brasília (Estádio Mané Garrincha). Nas contas iniciais, as cinco cidades juntas deveriam ter rendido cerca de R$ 21,8 milhões. O rendimento, porém, foi de R$ 4,1 milhões. "Tivemos público de 12 mil pagantes [20 mil, no total] em Manaus. A nossa receita foi de R$ 650.000 [quando o esperado seria de R$ 3 milhões]. É muita gente, claro, mas inicialmente esperávamos entre 35 e 40 mil. É uma diferença alta", diz Crunfli.

A expectativa era três vezes maior do que a encontrada, resume ele. "Claro que [o RBD] é um grupo muito popular. Mas percebemos que o fenômeno existe com relação à histeria, à loucura dos fãs, mas não se reflete em números [nos shows]. A procura é muito grande, mas está abaixo do que esperávamos", explica. O produtor adiantou que o show de Belo Horizonte, previsto para ocorrer no Mineirão, deve ser transferido para o Mineirinho justamente por causa da baixa procura.

Divulgação
Grupo mexicano RBD surgiu da novela "Rebelde"; confira perfil dos cantores da banda
Grupo mexicano RBD surgiu da novela "Rebelde"; confira perfil dos cantores da banda
"Esperávamos fazer dois shows em São Paulo e ter uma média de 25 mil a 35 mil pessoas em todas as praças, mas a realidade está muito aquém disso. Em alguns locais não chegamos nem a 20 mil", diz. A "compensação" do prejuízo em determinados locais deve vir dos shows em São Paulo, Rio e Porto Alegre, que tiveram as melhores vendas e possuem as maiores estruturas.

Frustração

Sobre os possíveis motivos da "frustração" com a turnê brasileira, Crunfli lista três hipóteses. A primeira seria o alto valor dos ingressos, apesar de 90% das entradas vendidas ser meia-entrada (estudantes). "Mesmo sendo um produto muito popular, cobramos um preço relativamente alto para o que o brasileiro pode pagar", afirma.

Segundo ele, as "alternativas possíveis" acabariam por prejudicar algum lado. "Se cobrássemos R$ 10, lotaríamos três Morumbis, mas algumas pessoas deixariam de aparecer. Se cobrássemos R$ 1.000, lotaríamos vários Funchais [em alusão à casa de shows paulista Via Funchal], mas novamente estaríamos excluindo muita gente. Pensamos num meio termo", diz.

Rivaldo Gomes/Folha Imagem
Fila para ver RBD em São Paulo reuniu pais, grupo cover e até banheiro ao ar livre
Fila para ver RBD em São Paulo reuniu pais, grupo cover e até banheiro ao ar livre
A segunda justificativa seria o acidente ocorrido em fevereiro, quando três pessoas --duas delas menores-- morreram pisoteadas em um evento do RBD no estacionamento de um supermercado em São Paulo. Em terceiro lugar, há o fato de a maioria do público ser formado por crianças e adolescentes até 15 anos, que não podem ir aos shows sozinhos, e isso encarece o programa musical. Além disso, não há disposição em levar uma criança em um show tão grande, sem o conforto da cadeira.

Esse último terceiro fator, aliás, remete ao registro de áreas vips e camarotes, mesmo com ingressos mais caros, serem as primeiras a lotar. Em Belém, segundo a organização local do show, sobraram 5.000 ingressos, todos de pista (R$ 80) --os lugares de camarotes (R$ 250) e cadeiras (R$ 150) foram vendidos. Já em São Paulo, os ingressos vip terminaram no primeiro dia de vendas.

Bilheteria

Os lucros de bilheterias dos shows do RBD são divididos entre a Mondo e os organizadores locais --fora a parcela usada para custear itens como aluguel e montagem de infra-estrutura, entre outras coisas. Para cada apresentação ocorrida, a Roptus (que representa a banda e a Televisa) tem uma participação fixa, que sobe dependendo do que as bilheterias atingirem. Até agora, segundo a Mondo, nenhuma das apresentações chegou ao patamar de "dividendos".

Quem também tem direito a fatia do bolo é o SBT, emissora que detém os direitos de exibição da novela "Rebelde" do Brasil. "Fizemos uma permuta. Trocamos uma parte das bilheterias por divulgação em comerciais e nos programas do canal', explica William Crunfli.

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