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13/02/2007 - 16h22

"Bairro da moda" de Nova York luta para sobreviver

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CATHERINE HOURS
da France Presse, em Nova York

Atrás do brilho de néon que ilumina a Times Square, existe um universo que luta intensamente para sobreviver: é o bairro das confecções, último reduto industrial de Manhattan e coração da moda americana.

Nas ruas engarrafadas de caminhões do correio privado, mercearias, lojas de tecidos, especialistas em fitas ou botões se sucedem aos pés de enormes edifícios de tijolos onde se instalam de ateliês de design a salas de exposições. A dois passos dali, acaba de terminar a Semana da Moda de Nova York.

Claro Cortes IV/Reuters
Mulher vende bolsas falsificadas em Shangai; uma indústria que movimenta US$ 500 bilhões
Mulher vende bolsas falsificadas em Shangai; uma indústria que movimenta US$ 500 bilhões
Embora os desalojamentos tenham esvaziado boa parte do "bairro da moda", 3.500 empresas continuam ali --dedicadas a uma atividade efervescente. Uma das quais, instalada em 1955, acaba de iniciar o movimento inverso à tendência: voltar sua produção à "Big Apple", mesmo sendo uma das primeiras a se instalar na Ásia.

"Queremos voltar a Nova York. É possível conseguir os produtos em 10 dias, algo que na China pode levar meses", explicou o presidente da Victoria Royal, Alan Sealove, na sede da empresa. "Vendemos muito por catálogo. Se nos pedem 500 peças suplementares de um vestido, daqui, temos como responder --embora seja um pouco mais caro."

A decisão será aplicada, por enquanto, a 20% de sua marca "Mary Bays", de peças simples que requerem menos mão-de-obra. Sealove também mostra um longo vestido de tule preto, bordado com pérolas. "Este tipo de modelo já não pode ser feito aqui", disse o empresário, que confecciona a maior parte para a China.

História

Nos anos 1920, quando o bairro foi concebido para ser totalmente dedicado à confecção, contava com 500 mil máquinas de costura (e outros tantos empregos). Após trinta anos de perdas de trabalho, a moda permite que 25 mil pessoas vivam ali (são 68 mil em toda a Nova York).

Stuart Ramson/AP
Modelo usa coleção de Donna Karan na Semana de Moda em NY
Modelo usa coleção de Donna Karan na Semana de Moda em NY
Desde 2001, sob o peso da concorrência asiática e da pressão imobiliária sobre Manhattan, a moda representa menos de 50% da atividade do bairro, sustentando, sobretudo, salas de exposição. Calvin Klein, Ralph Lauren, Donna Karan, Oscar de la Renta e Liz Claiborne; sete dos dez maiores nomes do setor estão aqui.

Para a jovem estilista Alice Ritter, o "bairro da moda" é insubstituível. "Todo mundo está lá: empresários, fornecedores de tecido e intermediários. Mas minha produção é reduzida, eu não posso trabalhar com a China, não é interessante, é complicado, há pouca informação e, além disso, não se interessam por mim".

"Anunciaram tanto o fim do bairro da moda, mas as pessoas continuam trabalhando aqui", continuou, mencionando o projeto de um jovem estilista de abrir ali um ateliê de alta-costura.

O acabamento e os trabalhos da alta-costura, que exigem uma supervisão rigorosa, também são fatores que exigem a produção local. É o caso de Donna Karan, Marc Jacobs e Nanette Lepore.

Moda informal

Seth Wenig/AP
Calvin Klein apresenta informalidade na Semana de Moda de NY
Calvin Klein apresenta informalidade na Semana de Moda de NY
O Centro de Apoio Econômico (BID) do bairro da moda, cujo sucesso é garantido pelos estilistas americanos, está voltado principalmente à exportação. "A força dos Estados Unidos é a invenção da indumentária informal: o mundo inteiro veste roupa informal".

"As grandes indústrias terminaram, mas sempre haverá necessidade de se produzir algo aqui", afirmou Gerald Scupp, co-diretor do BID. "Depois dos anos de crise, quando as pessoas não sabiam o que fazer, aprenderam a se adaptar. Veja, por exemplo, as empresas de impressão em tecido: poderiam considerá-las obsoletas, mas há algumas que continuam aí", acrescentou.

Sealove espera os resultados de sua primeira temporada "made in USA". "Resta saber até que ponto é rentável", resumiu.

Especial
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