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25/12/2000 - 14h24

Ray Conniff lança disco só com arranjos orquestrais de Roberto Carlos

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CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S. Paulo

Ele mora no norte do planeta, tem cabelos e barbas brancas e distribui sorrisos de bom velhinho. Não anda de trenó, mas adora passear de trailer; não fala "ho ho ho", mas não vive sem fazer "pá pá pás" e "lá lá lás". O nome dele é Ray Conniff e ele tem um presente a anunciar: "Este Natal é dedicado a Roberto Carlos".

Aos 84 anos, com mais de 300 discos na praça, o maestro-emblema da música orquestral de ambiente está lançando esta semana seu primeiro disco só com composições do Rei: "Do Ray para o Rei" (Abril Music).

"Gostaria muito de saber o que ele vai pensar das versões, pois não uso suas letras, só arranjos de coral, fazendo "tãtara tãtara tã tãra tãtara ta tãta", como na canção "Amigo'", cantarola em seu estilo típico o orquestrador.

Em sua primeira temporada sem vir ao Brasil desde 1969 ("foi culpa do real, ficou caro"), quando veio ser jurado de um festival, Conniff decidiu "fazer um tributo" ao amigo, "que passava momentos difíceis".

Sentado em uma poltrona do "escritório Ray Conniff", em Los Angeles (EUA), onde vive, o orquestrador conversou, cantarolou e dedilhou seu piano para a Folha.

"Ray Conniff é uma sonoridade. Serei sempre lembrado por isso", cravou ele, que rebateu o rótulo de "músico de elevador" dizendo nunca ter ouvido arranjos seus em nenhum deles.

O dono de uma das franjas mais populares do mundo lembrou o seu primeiro contato com o trombone ("chorei"), falou sobre suas músicas prediletas ("as de Tchaikovski") e as que menos gosta ("rap") e adiantou o presente de Natal que vai dar hoje para sua filha, Tamara, e para a mulher, Vera: "Adoro trabalhar em madeira. Boa parte dos móveis aqui de casa fui eu quem fiz. Este Natal, fiz uma estante para Tamara. Também comprei jóias para as duas. As damas adoram as jóias".

Leia a seguir trechos dessa conversa com o Papai Noel da música orquestral.

Folha - O que lhe atraiu nas canções de Roberto Carlos?
Ray Conniff -
As canções dele são fáceis de adaptar. São muito naturais, melódicas, têm uma boa estrutura. Eu realmente gosto dele. Acho que nunca fiz um show no Brasil sem canções como "Emoções" e "Amigos". Quando anuncio que vou tocar Roberto no show, as damas todas gritam. Sabe do que gosto mais? Do jeito que ele canta. Quando ouço, penso: "Uau, é fantástico".

Folha - O que o sr. mais gosta em seu próprio trabalho?
Conniff -
Sou bom com ritmo e orquestração. Minha orquestração de "Besame Mucho" é um clássico (e começa a cantarolar tararã tarararararára). As pessoas nem pensam em mim como um músico, pensam como um som. O som de um coral sem palavras. O som de um ritmo. Os trombones, os saxofones, os violinos. Ray Conniff é uma sonoridade. Serei lembrado para sempre por isso.

Folha - O sr. também recebe muitas críticas negativas. Como o sr. convive com expressões usadas para definir sua música como, por exemplo, "música de elevador"?
Conniff -
Não sei por que fazem isso. Tenho 84 anos e em minha vida já estive em muitos elevadores. Nunca, nunca, nunca ouvi um de meus arranjos dentro deles. Houve um período, quando eu era jovem e faminto, em que eu fiz algumas composições para uma companhia que vendia músicas para supermercados e outras empresas que não queriam pagar direitos autorais. Aí sim devo ter sido tocado em elevadores e lojas de departamento.

Já ouvi muito que sou um músico de elevador. Sempre que isso acontece, eu penso: "Deus me deu talento para escrever música. Não importa o que dizem dela".

Creio que, se os críticos pelo menos aprenderem a escrever meu nome do modo correto, com dois enes e dois efes, está bom.

Folha - O sr. gosta de ouvir seus arranjos quando está em casa? Conniff - Tenho de lhe confessar que quando faço um álbum não ouço nada que não seja isso. Tenho uma péssima memória, mas quando trabalho em algum disco fico com cada uma das notas dessas canções em minha cabeça. Quando estou no pódio, regendo de 26 a 30 pessoas, sempre tenho a partitura na minha frente, mas nunca preciso olhar para ela. Fico só com minhas canções. Quando sobra tempo, ouço os mestres do passado, como Tchaikovski, ou alguma boa trilha sonora de cinema.

Folha - O sr. escuta algo de músicos jovens?
Conniff -
Quando você constrói uma casa, deve fazer, em primeiro lugar, uma sólida estrutura. No meu tipo de música, assim como no pop, o fundamento é a linha do baixo. Vou mostrar como Tchaikovski fazia (Conniff começa a dedilhar a melodia de "Romeu e Julieta", do compositor russo, em um piano. Depois toca só o baixo. Por fim, junta os dois). Ele coloca melodia e harmonia se entrelaçando, como um casal fazendo amor. É fantástico. Os jovens não entendem disso. Fazem tudo soar como uma coisa só.

Folha - Qual é o estilo de música que o sr. menos gosta?
Conniff -
Não escuto rap. Se estiver em algum lugar e estiver tocando, não direi: "Desliguem essa porcaria". Mas nunca compraria um disco de rap. Música é melodia, ritmo e harmonia. Rap não preenche essas categorias. Tenho uma ligação afetiva com a música.

Folha - Como o sr. se decidiu a ser músico?
Conniff -
A minha primeira lembrança da infância é a de estar andando de triciclo em um gramado enquanto meu pai tocava trombone em uma festa noturna. Estou associado à música desde a minha infância.
A primeira vez que peguei em um trombone, ainda criança, eu chorei. Pedi a meu pai que me ensinasse e achava que aprenderia instantaneamente. Queria fazer bonito para ele. Fiquei embaraçado. Não consegui tocar nada. Mas ele foi muito compreensivo e me deu muito apoio.

Ouça:

Os trechos foram cedidos gentilmente pela Sony
Ouça1. O Grande Amor da Minha Vida
Ouça2. Amor Sem Limite (Roberto Carlos)
Ouça3. O Grude (Um do Outro) (Roberto Carlos)
Ouça6. Tudo (Martinha)


Conheça o novo CD de Roberto Carlos:

1. O Grande Amor Da Minha Vida (Roberto Carlos)
2. Amor Sem Limite (Roberto Carlos)
3. O Grude (Um do Outro) (Roberto Carlos)
4. O Amor É Mais (Roberto Carlos)
5. Eu Te Amo Tanto (Roberto Carlos)
6. Tudo (Martinha)
7. Tu És A Verdade Jesus (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos)
8. Mulher Pequena (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos)
9. Quando Digo Que Te Amo (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos)
10. Momentos Tão Bonitos (Eduardo Lages/ Paulo Sérgio Valle)


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  • dia 6 de janeiro: Natal (RN), no ginásio Machadinho

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