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28/12/2000
-
12h01
da Reuters
no Rio de Janeiro
Em "Cartas de Hannah Arendt e Martin Heidegger - 1925 até 1975", recém-lançado pela editora Relume Dumará, o relacionamento amoroso do filósofo alemão Martin Heidegger com sua colega judia Hannah Arendt é dissecado de uma maneira nada fria e racional.
O relacionamento entre os dois filósofos começou na Universidade de Marburg, na Alemanha. Na época, Heidegger (1899-1976), autor de "Ser e Tempo", era professor de Hannah Arendt (1906-1976), que mais tarde ficaria conhecida por sua teoria sobre a "banalidade do mal", divulgada no livro "Eichmann em Jerusalém".
O casal se separou em 1933, quando Arendt foi obrigada a fugir da Alemanha, enquanto Heidegger entusiasmava-se com a ascensão de Adolf Hitler ao poder.
Separados durante anos, o casal só voltou a se encontrar em 1950, quando ambos já estavam casados. Os dois retomam a troca de cartas.
Uma das partes mais interessantes do livro é a explicação que Heidegger dá sobre o seu apoio ao nazismo, em uma carta de 1932. "A insinuação de que não cumprimento judeus é uma difamação tão baixa que a anotarei aliás para mim futuramente. Como esclarecimento de como me comporto em relação aos judeus, cito apenas os seguintes fatos: quem me enviou há algumas semanas um trabalho extenso para uma leitura urgente é um judeu... quem conseguiu através de mim uma bolsa para Roma é um judeu".
Apesar de momentos de filosofia profunda, o que sobressai nas cartas é o lirismo do filósofo Heidegger, traído em trechos como este: "Por que será que o amor é imensamente mais rico do que qualquer outra possibilidade humana?"
Destaca-se também o texto de Arendt em homenagem ao aniversário de 80 anos de Heidegger, comemorado em 1969, no qual ela diz que o pensamento dele co-determinou decisivamente a fisionomia espiritual do século.
Na morte dela, foi a vez de Heidegger escrever uma emocionada carta aos amigos. "Uma destinação mais elevada se impôs, em contraposição aos planos humanos. Só nos resta a tristeza e a lembrança", escreveu. Heidegger morreu cinco meses depois de Arendt.
Livro reúne correspondência entre Heidegger e Arendt
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Em "Cartas de Hannah Arendt e Martin Heidegger - 1925 até 1975", recém-lançado pela editora Relume Dumará, o relacionamento amoroso do filósofo alemão Martin Heidegger com sua colega judia Hannah Arendt é dissecado de uma maneira nada fria e racional.
O relacionamento entre os dois filósofos começou na Universidade de Marburg, na Alemanha. Na época, Heidegger (1899-1976), autor de "Ser e Tempo", era professor de Hannah Arendt (1906-1976), que mais tarde ficaria conhecida por sua teoria sobre a "banalidade do mal", divulgada no livro "Eichmann em Jerusalém".
O casal se separou em 1933, quando Arendt foi obrigada a fugir da Alemanha, enquanto Heidegger entusiasmava-se com a ascensão de Adolf Hitler ao poder.
Separados durante anos, o casal só voltou a se encontrar em 1950, quando ambos já estavam casados. Os dois retomam a troca de cartas.
Uma das partes mais interessantes do livro é a explicação que Heidegger dá sobre o seu apoio ao nazismo, em uma carta de 1932. "A insinuação de que não cumprimento judeus é uma difamação tão baixa que a anotarei aliás para mim futuramente. Como esclarecimento de como me comporto em relação aos judeus, cito apenas os seguintes fatos: quem me enviou há algumas semanas um trabalho extenso para uma leitura urgente é um judeu... quem conseguiu através de mim uma bolsa para Roma é um judeu".
Apesar de momentos de filosofia profunda, o que sobressai nas cartas é o lirismo do filósofo Heidegger, traído em trechos como este: "Por que será que o amor é imensamente mais rico do que qualquer outra possibilidade humana?"
Destaca-se também o texto de Arendt em homenagem ao aniversário de 80 anos de Heidegger, comemorado em 1969, no qual ela diz que o pensamento dele co-determinou decisivamente a fisionomia espiritual do século.
Na morte dela, foi a vez de Heidegger escrever uma emocionada carta aos amigos. "Uma destinação mais elevada se impôs, em contraposição aos planos humanos. Só nos resta a tristeza e a lembrança", escreveu. Heidegger morreu cinco meses depois de Arendt.
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