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02/02/2001 - 09h19

"Os Reis do iê-iê-iê": O mundo de uma "boys band" que usa playback

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LÚCIO RIBEIRO
da Folha de S. Paulo

Quer ver uma "boys band" fazendo playback e ainda assim achar o máximo? Então acompanhe a multidão e saia correndo e gritando atrás de John, Paul, George e Ringo, que voltam ao cinema hoje na cópia restaurada e remasterizada no espetacular "Beatles - Os Reis do Iê-Iê-Iê", que estréia em São Paulo e no Rio.

Documental sem ser documentário e se valendo do fato de a banda de Liverpool ser para sempre acima do bem e do mal, o filme vai muito além de seu título brasileiro datado e do introdutório "Beatles" de seu começo.

Realizado em 1964, quando o grupo era "apenas" mundialmente famoso, mas ainda não havia alcançado a divindade, esse novo "Os Reis do Iê-Iê-Iê" que atravessa o século não chega embrulhado em cenas inéditas ou músicas adicionais ou efeitos computadorizados. Seria desnecessário.

O filme mostra um duro dia na vida dos quatro fabulosos integrantes da banda, quando duro no caso deles era fugir de fãs malucas, responder cartas, gravar programas de TV, dar entrevistas, fazer shows.

Na primeira incursão no cinema dos Beatles, seus rapazes resolvem, em clima de improviso e pastelão, dar um bico na fama e exercitar a rebeldia juvenil. John, Paul, George e Ringo caçoam de tudo (à inglesa), aprontam com jornalistas, brincam de enganar os fãs, enlouquecem seus agentes, dão trabalho nas gravações. Eram os anos 60 e os músicos estavam nos 20 e poucos anos.

Toda essa inocência rock'n'roll foi comandada com maestria pelo então novato cineasta americano Richard Lester, convocado, veja você, para levar o fenômeno Beatles ao cinema antes que a moda passasse.

Lester então armou um enredo bobinho e cheio de sequências fraturadas para o quarteto de não-atores, deixou o grupo bem à vontade e fez esse histórico retrato de época que ainda hoje apresenta um delicioso frescor. Era o princípio da beatlemania transformado em uma espécie de cinema-verdade dirigido pelos irmãos Marx.

Não foi difícil fazer funcionar. Afinal, em meio a todo esse clima anárquico, apareciam os Beatles para cantar "A Hard Day's Night", "Can't Buy Me Love", "I Should've Known Better" e "If I Fell", entre outras.

Com Lester no comando e os Beatles em ação, "Os Reis do Iê-Iê-Iê" foi a primeira grande transposição do rock para as telas. Com seus cortes de cenas inovadores, seus diálogos e ação misturados com números musicais, é considerado a pré-história do videoclipe.

Não é bobagem dizer, dificilmente a MTV existiria ou ao menos seria como ela é se não fosse esse "Os Reis do Iê-Iê-Iê".

Bastidor

Como se não bastasse, o filme tem várias ótimas histórias de bastidor.
Uma delas é a presença de um adolescente Phil Collins (ex-Genesis e hoje consagrado cantor solo) na platéia do programa de TV, gritando histérico junto com as meninas enquanto os Beatles tocavam.

Outra se passou no primeiro dia das filmagens, no trem que é visto no começo do filme. No final dos trabalhos iniciais, os Beatles, estrategicamente, foram deixados fora de Londres. Quando o trem chegou à capital inglesa, uma multidão apareceu do nada gritando pelos rapazes, que não estavam. Um garoto que tinha uns 20 anos e imitava o corte tigela dos Beatles no cabelo, desceu do trem carregando negativos do filme. As fãs, pensando que o carregador era um beatle, voou atrás do jovem e o agarrou na corrida, deixando cair as latas de filme e estragando metade do material gravado no dia.

Então fica assim. Os 200 mil jovens que compareceram à noite teen do Rock in Rio 3 estão intimados a ver "Os Reis do Iê-Iê-Iê". E os milhões que não estiveram na Cidade do Rock também.

Beatles - Os Reis do Iê-Iê-Iê (A Hard Day's Night)
Direção: Richard Lester
Produção: Inglaterra, 1964
Com: Ringo Starr, George Harrison, Paul McCartney, John Lennon
Quando: a partir de hoje nos cines Unibanco, Iguatemi, Jardim Sul, Cinemark Market Place, Pátio Higienópolis e Paulista
 

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