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14/04/2001
-
08h32
da Folha de S.Paulo
Os Estados Unidos vão pressionar a China para que o país devolva o avião de espionagem que colidiu com um caça chinês no dia 1º de abril, próximo à costa chinesa.
Além disso, os americanos pedirão explicações pelo comportamento da China, que manteve os 24 tripulantes do avião de espionagem detidos por 11 dias após a colisão.
"Creio que a China nos deve uma explicação e tem o dever de nos devolver o EP-3E. O equipamento vale US$ 80 milhões e é nosso", disse Richard Armitage, subsecretário de Estado.
Em Havana (capital cubana), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhu Bangzao, disse que o destino do avião só será decidido quando os chineses concluírem as investigações sobre o acidente.
"Nesse episódio, como vocês sabem, a China é a vítima e nos vamos conduzir uma investigação no avião americano", disse Zhu.
A declaração de Armitage segue a tendência dos Estados Unidos de endurecer o discurso com os chineses após a libertação dos militares, na última quarta-feira.
Anteontem, o presidente dos EUA, George W. Bush, já havia declarado que o comportamento de Pequim no episódio não contribuiu para a consolidação de "uma relação construtiva" entre os dois países.
Na próxima quarta-feira, dia 18, americanos e chineses vão se reunir para tentar finalmente pôr fim ao impasse e negociar a devolução da aeronave. Bush pediu a seus funcionários que sejam duros com os interlocutores.
A reunião deverá transcorrer em clima tenso, já que americanos e chineses discordam em muitos pontos sobre o prosseguimento das missões de reconhecimento realizadas pelos EUA na região onde ocorreu o acidente.
Os EUA já afirmaram que não abrem mão de continuar com os vôos, fundamentais para seus interesses e de seus aliados na Ásia.
A elevação do tom por parte dos Estados Unidos prosseguiu ontem em entrevista do secretário da Defesa, Donald Rumsfeld.
Segundo ele, há evidências de que o piloto do caça chinês que colidiu no ar com o EP-3E tentava intimidar os militares americanos durante o vôo, aproximando excessivamente os aviões.
"O piloto do caça chinês pôs em risco a vida de 24 americanos. Obviamente sua intenção era intimidar a tripulação", afirmou. Um funcionário do Departamento de Estado, que não quis se identificar, disse que os EUA também vão pressionar a China para que diminua suas operações de interceptação dos aviões de espionagem americanos.
Segundo ele, os caças chineses chegam a ficar a cerca de um metro das aeronaves americanas durante essas manobras. Apesar de ter qualificado o episódio como um acidente, Rumsfeld culpou o piloto chinês pela colisão, citando outros 44 casos em que a atitude dos caças chineses teria sido "agressiva".
Os EUA sustentam a tese de que seu avião operava no piloto automático e não poderia ter feito uma manobra brusca, razão apontada pelos chineses como a causa da colisão.
Pouso forçado
De acordo com os americanos, após a batida, o caça chinês teria se partido em dois e caído. O EP-3E girou no ar e caiu cerca de 1.500 metros até ser controlado.
O piloto americano teria então enviado 25 chamadas de auxílio e pedido por diversas vezes autorização para pousar em solo chinês, mas não conseguiu ouvir respostas porque a cabine estava avariada e o ruído do ar que entrava dificultava a comunicação.
A informação contradiz a versão chinesa de que o avião americano pousou em seu território sem pedir autorização.
O EP-3E aterrissou na ilha de Hainan (sul da China) e logo foi cercado por militares chineses, que exigiam o desembarque imediato de seus tripulantes, de acordo com um diplomata americano, que pediu anonimato.
Segundo ele, os militares americanos conseguiram destruir arquivos e informações confidenciais reunidas por eles, enquanto os chineses gritavam e apontavam suas armas para o avião.
"Eles (os chineses) deixaram claro que nos queriam fora do avião", teria dito o piloto americano, Shane Osborn, a diplomatas.
Bush elogiou a ação e felicitou o piloto por sua perícia em efetuar o pouso em condições adversas. Os tripulantes foram recebidos como heróis ao chegar a seu país.
A mulher de Wang Wei, o piloto chinês desaparecido desde o acidente, se disse feliz com a liberação dos tripulantes americanos.
"A China precisa de paz, assim como o mundo inteiro", afirmou Ruan Guoqin. Para ela, a atitude chinesa revela a "generosidade e o humanitarismo" do país. Ela disse que ainda não teve coragem de contar a seu filho, de 6 anos, o que aconteceu com o pai.
EUA vão exigir que avião seja devolvido
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Os Estados Unidos vão pressionar a China para que o país devolva o avião de espionagem que colidiu com um caça chinês no dia 1º de abril, próximo à costa chinesa.
Além disso, os americanos pedirão explicações pelo comportamento da China, que manteve os 24 tripulantes do avião de espionagem detidos por 11 dias após a colisão.
"Creio que a China nos deve uma explicação e tem o dever de nos devolver o EP-3E. O equipamento vale US$ 80 milhões e é nosso", disse Richard Armitage, subsecretário de Estado.
Em Havana (capital cubana), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhu Bangzao, disse que o destino do avião só será decidido quando os chineses concluírem as investigações sobre o acidente.
"Nesse episódio, como vocês sabem, a China é a vítima e nos vamos conduzir uma investigação no avião americano", disse Zhu.
A declaração de Armitage segue a tendência dos Estados Unidos de endurecer o discurso com os chineses após a libertação dos militares, na última quarta-feira.
Anteontem, o presidente dos EUA, George W. Bush, já havia declarado que o comportamento de Pequim no episódio não contribuiu para a consolidação de "uma relação construtiva" entre os dois países.
Na próxima quarta-feira, dia 18, americanos e chineses vão se reunir para tentar finalmente pôr fim ao impasse e negociar a devolução da aeronave. Bush pediu a seus funcionários que sejam duros com os interlocutores.
A reunião deverá transcorrer em clima tenso, já que americanos e chineses discordam em muitos pontos sobre o prosseguimento das missões de reconhecimento realizadas pelos EUA na região onde ocorreu o acidente.
Os EUA já afirmaram que não abrem mão de continuar com os vôos, fundamentais para seus interesses e de seus aliados na Ásia.
A elevação do tom por parte dos Estados Unidos prosseguiu ontem em entrevista do secretário da Defesa, Donald Rumsfeld.
Segundo ele, há evidências de que o piloto do caça chinês que colidiu no ar com o EP-3E tentava intimidar os militares americanos durante o vôo, aproximando excessivamente os aviões.
"O piloto do caça chinês pôs em risco a vida de 24 americanos. Obviamente sua intenção era intimidar a tripulação", afirmou. Um funcionário do Departamento de Estado, que não quis se identificar, disse que os EUA também vão pressionar a China para que diminua suas operações de interceptação dos aviões de espionagem americanos.
Segundo ele, os caças chineses chegam a ficar a cerca de um metro das aeronaves americanas durante essas manobras. Apesar de ter qualificado o episódio como um acidente, Rumsfeld culpou o piloto chinês pela colisão, citando outros 44 casos em que a atitude dos caças chineses teria sido "agressiva".
Os EUA sustentam a tese de que seu avião operava no piloto automático e não poderia ter feito uma manobra brusca, razão apontada pelos chineses como a causa da colisão.
Pouso forçado
De acordo com os americanos, após a batida, o caça chinês teria se partido em dois e caído. O EP-3E girou no ar e caiu cerca de 1.500 metros até ser controlado.
O piloto americano teria então enviado 25 chamadas de auxílio e pedido por diversas vezes autorização para pousar em solo chinês, mas não conseguiu ouvir respostas porque a cabine estava avariada e o ruído do ar que entrava dificultava a comunicação.
A informação contradiz a versão chinesa de que o avião americano pousou em seu território sem pedir autorização.
O EP-3E aterrissou na ilha de Hainan (sul da China) e logo foi cercado por militares chineses, que exigiam o desembarque imediato de seus tripulantes, de acordo com um diplomata americano, que pediu anonimato.
Segundo ele, os militares americanos conseguiram destruir arquivos e informações confidenciais reunidas por eles, enquanto os chineses gritavam e apontavam suas armas para o avião.
"Eles (os chineses) deixaram claro que nos queriam fora do avião", teria dito o piloto americano, Shane Osborn, a diplomatas.
Bush elogiou a ação e felicitou o piloto por sua perícia em efetuar o pouso em condições adversas. Os tripulantes foram recebidos como heróis ao chegar a seu país.
A mulher de Wang Wei, o piloto chinês desaparecido desde o acidente, se disse feliz com a liberação dos tripulantes americanos.
"A China precisa de paz, assim como o mundo inteiro", afirmou Ruan Guoqin. Para ela, a atitude chinesa revela a "generosidade e o humanitarismo" do país. Ela disse que ainda não teve coragem de contar a seu filho, de 6 anos, o que aconteceu com o pai.
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