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30/09/2001
-
01h09
JOÃO BATISTA NATALI
da Folha de S.Paulo
A palavra terror entrou na política em 1792, quando, com a Revolução Francesa, em dois anos foram sumariamente guilhotinados, em Paris, 1.300 supostos adversários do novo regime.
É ainda consensual que o terrorismo nasceu entre os anarquistas russos, que em 1881 mataram o czar Alexandre 2º.
Os EUA definem hoje terrorismo como "violência premeditada, motivada politicamente contra civis e cometida por grupos subnacionais ou agentes clandestinos, geralmente com o objetivo de influenciar uma audiência". Mas é uma definição restrita. A "Enciclopédia Britânica", que não precisa se pautar por razão de Estado, acrescenta que terroristas podem ser até os próprios governos.
A ONU não chegou a uma definição de terrorismo, tema bastante complexo. O ato terrorista de maior desdobramento ocorreu em 1914, quando um ativista sérvio matou em Sarajevo o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria. Foi o estopim da 1ª Guerra Mundial.
O fascismo italiano e as tropas de ocupação nazistas na França qualificavam de terroristas os movimentos armados de resistência. Na África do Sul, durante o apartheid, a mesma palavra era reservada a Nelson Mandela, eleito presidente em 1994 e depois Nobel da Paz.
Iasser Arafat também recebeu o mesmo Nobel, mesmo se no passado a OLP, da qual é dirigente inconteste, praticou e assumiu abertamente atentados.
"O terrorismo é um meio de afirmação política", diz Geraldo Cavagnari, coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Só com terrorismo não se ganha uma guerra, diz ele, mas alguns grupos, no combate militar mais amplo, conseguiram chegar ao poder.
Aconteceu com a independência da Argélia, em 1962, e com os vietnamitas, ao derrotarem os franceses (1954) e o regime pró-americano de Saigon (1975).
Sociedades democráticas sofrem os efeitos do terrorismo interno. A Itália foi vítima das Brigadas Vermelhas, responsáveis, em 1978, pelo sequestro e assassinato do ex-premiê Aldo Moro. Na Alemanha, em 1977, o grupo Baader-Meinhof matou o líder do patronato Hans Schleyer.
É correto falar de terrorismo de Estado. Há uma profusão de atentados indiretamente atribuídos, durante à Guerra Fria, às superpotências (EUA e ex-URSS). A mesma receita foi aplicada por países como Irã, Síria, Líbia e Iraque, que por vezes "terceirizaram" suas operações ao financiar grupos clandestinos.
Israel tem sido um dos alvos preferenciais de atentados. Os norte-americanos se tornaram alvo não só em função de sua política pró-Israel no Oriente Médio, mas porque o terrorismo islâmico se opõe à modernização dos costumes estimulada pela globalização, diz Marco Antônio Liberatti, do Núcleo de Políticas Estratégicas da USP.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Terror entrou para a política com a Revolução Francesa
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da Folha de S.Paulo
A palavra terror entrou na política em 1792, quando, com a Revolução Francesa, em dois anos foram sumariamente guilhotinados, em Paris, 1.300 supostos adversários do novo regime.
É ainda consensual que o terrorismo nasceu entre os anarquistas russos, que em 1881 mataram o czar Alexandre 2º.
Os EUA definem hoje terrorismo como "violência premeditada, motivada politicamente contra civis e cometida por grupos subnacionais ou agentes clandestinos, geralmente com o objetivo de influenciar uma audiência". Mas é uma definição restrita. A "Enciclopédia Britânica", que não precisa se pautar por razão de Estado, acrescenta que terroristas podem ser até os próprios governos.
A ONU não chegou a uma definição de terrorismo, tema bastante complexo. O ato terrorista de maior desdobramento ocorreu em 1914, quando um ativista sérvio matou em Sarajevo o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria. Foi o estopim da 1ª Guerra Mundial.
O fascismo italiano e as tropas de ocupação nazistas na França qualificavam de terroristas os movimentos armados de resistência. Na África do Sul, durante o apartheid, a mesma palavra era reservada a Nelson Mandela, eleito presidente em 1994 e depois Nobel da Paz.
Iasser Arafat também recebeu o mesmo Nobel, mesmo se no passado a OLP, da qual é dirigente inconteste, praticou e assumiu abertamente atentados.
"O terrorismo é um meio de afirmação política", diz Geraldo Cavagnari, coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Só com terrorismo não se ganha uma guerra, diz ele, mas alguns grupos, no combate militar mais amplo, conseguiram chegar ao poder.
Aconteceu com a independência da Argélia, em 1962, e com os vietnamitas, ao derrotarem os franceses (1954) e o regime pró-americano de Saigon (1975).
Sociedades democráticas sofrem os efeitos do terrorismo interno. A Itália foi vítima das Brigadas Vermelhas, responsáveis, em 1978, pelo sequestro e assassinato do ex-premiê Aldo Moro. Na Alemanha, em 1977, o grupo Baader-Meinhof matou o líder do patronato Hans Schleyer.
É correto falar de terrorismo de Estado. Há uma profusão de atentados indiretamente atribuídos, durante à Guerra Fria, às superpotências (EUA e ex-URSS). A mesma receita foi aplicada por países como Irã, Síria, Líbia e Iraque, que por vezes "terceirizaram" suas operações ao financiar grupos clandestinos.
Israel tem sido um dos alvos preferenciais de atentados. Os norte-americanos se tornaram alvo não só em função de sua política pró-Israel no Oriente Médio, mas porque o terrorismo islâmico se opõe à modernização dos costumes estimulada pela globalização, diz Marco Antônio Liberatti, do Núcleo de Políticas Estratégicas da USP.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
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