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20/10/2001
-
05h12
IGOR GIELOW
da Agência Folha
Os EUA só terão chance de sucesso no emprego de tropas terrestres no Afeganistão se apoiarem as milícias locais anti-Taleban.
A opinião é de Viacheslav Krasen, um ex-coronel do Exército Vermelho que passou dois anos no Afeganistão como comandante de unidades que combatiam os mujahedins -nome genérico dado aos "guerreiros santos", que hoje estão se matando entre si, com Talebans de um lado e a Aliança do Norte, do outro.
"Muitos desses garotos americanos podem morrer", afirmou Krasen, que não revela a idade nem os postos onde trabalhou no Afeganistão. Sócio de uma indústria de produtos bélicos, ele prefere resguardar parte de seu passado -só conta que lutou, foi ferido e voltou condecorado como herói a Moscou.
A intervenção soviética no Afeganistão começou em 1979, sob o pretexto de instalar um regime pró-Moscou no país. Deu certo por um tempo, mas o preço pago foi grande: morreram mais de 1 milhão de afegãos, entre civis e milicianos, e cerca de 15 mil soldados soviéticos.
Além da reprovação internacional, Moscou enfrentou resistência dos mujahedins -alimentados com armas pelos EUA. Osama bin Laden estava entre eles. Em 1989, já na agonia do comunismo, veio a retirada.
Leia sua entrevista, concedida por telefone ontem da capital russa.
Agência Folha - Há algum termo de comparação entre a crise e a guerra dos anos 80?
Viacheslav Krasen - Sim e não. Sim porque é uma grande potência enfrentando guerrilheiros determinados. Não porque o país está desunido.
Agência Folha - O que o sr. acha do uso de tropas terrestres pelos EUA?
Krasen - Não vai dar certo. Só existe saída para os EUA se eles colaborarem com os rebeldes da Aliança do Norte, como nós colaboramos [os russos vendem material bélico para os anti-Taleban há dez anos].
Se isso não acontecer, muitos garotos americanos vão morrer. Eles não têm o preparo para lutar contra essa gente no solo. Uma coisa é treino, outra é realidade, e nós soviéticos vimos isso de perto. Pelo que vimos no Iraque e na Iugoslávia, os americanos erram em suas táticas de ataque.
Agência Folha - Como assim?
Krasen - Para pegar um guerrilheiro, você tem que atacar simultaneamente em várias vilas. Não adianta fazer como os EUA costumam fazer, que é atacar com tudo um lugar só. Lá no Afeganistão, se você destrói uma vila, tem outras duas em volta te atacando na sequência.
Agência Folha - O sr. acredita em uma solução militar para o conflito?
Krasen - Não. Após apoiar os rebeldes, é preciso que a comunidade internacional ajude a formar um novo governo com um presidente que unifique todas as facções, inclusive os que hoje apóiam o Taleban. Só com a força, e nós da Rússia sabemos, não se ganha nada lá.
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Os EUA só terão chance de sucesso no emprego de tropas terrestres no Afeganistão se apoiarem as milícias locais anti-Taleban.
A opinião é de Viacheslav Krasen, um ex-coronel do Exército Vermelho que passou dois anos no Afeganistão como comandante de unidades que combatiam os mujahedins -nome genérico dado aos "guerreiros santos", que hoje estão se matando entre si, com Talebans de um lado e a Aliança do Norte, do outro.
"Muitos desses garotos americanos podem morrer", afirmou Krasen, que não revela a idade nem os postos onde trabalhou no Afeganistão. Sócio de uma indústria de produtos bélicos, ele prefere resguardar parte de seu passado -só conta que lutou, foi ferido e voltou condecorado como herói a Moscou.
A intervenção soviética no Afeganistão começou em 1979, sob o pretexto de instalar um regime pró-Moscou no país. Deu certo por um tempo, mas o preço pago foi grande: morreram mais de 1 milhão de afegãos, entre civis e milicianos, e cerca de 15 mil soldados soviéticos.
Além da reprovação internacional, Moscou enfrentou resistência dos mujahedins -alimentados com armas pelos EUA. Osama bin Laden estava entre eles. Em 1989, já na agonia do comunismo, veio a retirada.
Leia sua entrevista, concedida por telefone ontem da capital russa.
Agência Folha - Há algum termo de comparação entre a crise e a guerra dos anos 80?
Viacheslav Krasen - Sim e não. Sim porque é uma grande potência enfrentando guerrilheiros determinados. Não porque o país está desunido.
Agência Folha - O que o sr. acha do uso de tropas terrestres pelos EUA?
Krasen - Não vai dar certo. Só existe saída para os EUA se eles colaborarem com os rebeldes da Aliança do Norte, como nós colaboramos [os russos vendem material bélico para os anti-Taleban há dez anos].
Se isso não acontecer, muitos garotos americanos vão morrer. Eles não têm o preparo para lutar contra essa gente no solo. Uma coisa é treino, outra é realidade, e nós soviéticos vimos isso de perto. Pelo que vimos no Iraque e na Iugoslávia, os americanos erram em suas táticas de ataque.
Agência Folha - Como assim?
Krasen - Para pegar um guerrilheiro, você tem que atacar simultaneamente em várias vilas. Não adianta fazer como os EUA costumam fazer, que é atacar com tudo um lugar só. Lá no Afeganistão, se você destrói uma vila, tem outras duas em volta te atacando na sequência.
Agência Folha - O sr. acredita em uma solução militar para o conflito?
Krasen - Não. Após apoiar os rebeldes, é preciso que a comunidade internacional ajude a formar um novo governo com um presidente que unifique todas as facções, inclusive os que hoje apóiam o Taleban. Só com a força, e nós da Rússia sabemos, não se ganha nada lá.
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